terça-feira, 29 de julho de 2014

Império, de Aguinaldo Silva


Minha relação com as novelas é assim: Assisto o início para poder espicaçar ou elogiar assisto o meio pra ver se desandou ou continua no prumo e assisto os capítulos finais para constatar que todas são, no fundo iguais.

Algumas poucas no entanto assisto de forma completa. E Império, de Aguinaldo Silva, parece que vai conseguir prender minha atenção. A julgar pela agilidade da edição dos capítulos iniciais, pelo apuro da produção, pelas boas interpretações (tirando é claro o poste chamado Adriana Biroli, e a inutilidade em cena de Marjorie Estiano) e também e sobretudo pelos diálogos afiados e muito bem escritos.

É preciso ainda entender se o personagem de Paulo Betti é mesmo uma caricatura ou se o ator passou do tom nas cenas iniciais. É preciso também constatar que o personagem de Ailton Graça, (um ator correto), não funcionou por conta da falta de jeito de seu interprete em se posicionar como gay. Tende é claro a mencionar pela competência aqui citada do cidadão. José Mayer, continua sendo apenas José Mayer, agora numa versão YMCA.

O visual é esplendoroso, a fotografia padrão "Globo" e a direção de arte um capitulo a parte. Muito bem executada. O par central achou o tom desde o início, sente-se a tensão entre Alexandre Nero e Lília Cabral de forma palpável e Lília consegue ser especialmente crível como a mãe que gosta mais de um filho que de outro. Alexandre Nero é também um ator promissor que está muito bem no papel do 'imperador".

Aguinaldo Silva é um autor de quem sempre se pode esperar textos interessantes. Teve poucas derrapagens na carreira, mas é claramente panfletário, por motivos óbvios quando a questão é o homossexualismo. Este pode ser, a julgar pelo número de personagens gays ( três até agora) o ponto fraco de "Império". A novela pode virar um panfleto e quando obras de arte viram panfletos dedicados a seja que causa for, perder a força e deixam de servir ao público para servir ao desejo de seus autores. É  assim na TV, Teatro e Cinema. Panfletos são horríveis na medida em que deixam  de divertir o público para tentar "educa-los". Espero que calejado que é Aguinaldo não caia nesta cilada, como caiu bobamente Walcyr Carrasco.

Se mantiver a força dos diálogos e as atuações em nível elevado "Império" tem tudo para ser uma das melhores novelas dos últimos tempos.

É isso.

Ouvindo: Clash



Nenhum comentário: