quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Entre eu e você (ou entre Deus e eu)


As vezes eu fico bem bravo com você sabia? De verdade. Desculpe o mau jeito a falta de cerimônia, mas eu tenho pra mim que este lance de excesso de cerimônia é algo que a galera daqui de baixo criou pra tornar nossa comunicação se não mais difícil, certamente mais obtusa. Eu fico, enfim, bem bravo as vezes.

Fico bravo por vários motivos. Eu queria ter mais grana é o primeiro deles. Mas não considero um motivo egoísta porque você que me criou sabe muito bem que minha relação com o dinheiro é de total desapego. Mas eu fico chateado porque não posso ajudar as pessoas que amo, não posso prover o que gostaria a elas e claro, não posso ter algumas coisas que eu mesmo admiro, todas bobagens sem importância, mas que eu gosto.

Sei que não tenho grana na medida que gostaria por culpa minha, não sua, mas eu não posso também ficar bravo o tempo todo comigo né? Então, direciono a você e a minha demasiada crença em sua existência que racionalmente pode limitar algumas de minhas atitudes em termos de me colocar escrúpulos demais, pensar nos outros demais e por ai vai. Se eu não acreditasse em você, seria mais fácil, bem mais fácil.

E sabe, vou te contar uma coisa ( não que você não saiba), mas já questionei severamente a sua existência. Em momentos de extrema dor, chateação e tals, eu me perguntei onde você estava que não me via naquele estado mas dai eu eu sempre acabo vendo que se alguém está longe, este alguém sou eu. Eu estou longe, eu faço cagadinhas atrás de cagadonas e me distancio de ti. Triste né? Eu querer te culpar por meus infortúnios. Mas eu faço isso. QUE FEIO!!!

Mas assim, grana é o menor dos meus problemas. Eu não sei me relacionar muito bem com as pessoas. Sou hostil, beligerante, ignóbil demais para conversar mai que 15 minutos com quem quer que seja. Eu me entedio com as pessoas sabe? Acho que elas não gostam de mim e não faço por onde elas gostarem também, dai aos 41 anos fico aqui nessas lamentações meio adolescentes. Mas enfim, é assim que sou. Mas quer saber, a raiva que sinto nessas horas é muito mais de mim mesmo que de você. Afinal, a forma com que me relaciono com as pessoas, essa forma meio esquisita e rude, além de claramente pueril, deriva do fato de me relacionar mal com você. Se eu tivesse um relacionamento baseado no amor, respeito e cumplicidade contigo, meu relacionamento com as pessoas seria diferente.

Sabe, você me dotou de algo que me orgulho muito que é meu senso de justiça. Na verdade, nunca te agradeci por este motivo, mas também que novidade né? Quase nunca te agradeço de nada mesmo, mas este senso me faz ver as coisas, os acontecimentos da vida e imediatamente pesa-los e internamente me posicionar. Acontece que nem sempre me guio pelos meus reais posicionamentos e princípios. Me deixo levar pelas conveniências, pela forma mais fácil de fazer as coisas, enfim, deixo de lado algo que você me deu e eu deveria prezar:um caráter reto, ou melhor as ferramentas para formar este caráter, pois caráter é algo que construímos e quando formos para a sua casa um dia se é que eu vou, será a única coisa que nos será permitida levar daqui. Dai fico bravo com você por eu não ser o mais reto dos seres humanos quando deveria ficar bravo comigo mesmo.

Outra coisa que me irrita um pouco ou muito, sei lá. É este seu "parceiro" aqui na Terra sabe? Saca o Espirito Santo? EU CREIO NELE. Eu sei que ele tudo vê. Eu sei que ele desaprova a maioria, a imensa maioria, quase tudo vai, do que eu faço aqui por errado que é. Eu sei que você o deixou para interceder exatamente por meus erros e sei que o desagrado dele não culpa dele e sim minha, afinal quem faz as cagadas??? Mas sabe, ser uma pessoa melhor, apesar de sempre estar em meus propósitos, nunca é prioridade minha. Eu erro, erro de nov, erro mais um pouco e quando parece suficiente, erro mais ainda. Eu bem sei que seu parceiro está aqui para me direcionar, mas quem disse que eu quero direcionamento? Ou melhor, querer eu quero, mas quem disse que eu faço o que eu realmente quero? Que contraditório não?

Olha, eu queria muito poder te amar mais que eu amo as coisas terrenas. Queria mesmo. Seria a única forma de eu ser uma pessoa diferente. O que eu acho mais incrível e constrangedor para mim é que mesmo eu te dizendo isso, você me tem apenas amor e mais amor. Sei que você me olha e me desnuda como ninguém jamais poderia e fica pasmo com as minhas contradições, com minhas palavras pouco inteligentes, mas sabe, Deus, eu queria mesmo que entre eu e você as coisas fossem diferentes. Quem sabe, em um futuro próximo eu consiga né? Mas quero deixar claro aqui que se minha vida virar perdição, a culpa jamais será sua. é minha. Toda minha!

E queria apenas dizer algo para finalizar: Obrigado por tudo! Por me amar, por tentar me  fazer enxergar as coisas como elas realmente são, não através dos meus delírios e obrigado sobretudo por mesmo sem eu merecer, me proteger de mim mesmo! Obrigado, obrigado e obrigado!

É isso.

Ouvindo: Bruna Karla


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