domingo, 14 de setembro de 2014

A bunda da Priscila Fantin.

http://revistaquem.globo.com/QUEM-News/noticia/2014/09/priscila-fantin-curte-piscina-com-o-marido.html

Se não clicou no link com a noticia, faça isso antes de ler ou de nada vai adiantar a leitura. e já clicou te convido a refletir em algo que eu nao entendo muito bem e acho que jamais entenderei.

Por que, em nome de Deus o fato de Priscila Fantin ter dado uma "ajeitadinha" no biquini se trnasforma em "noticia"??? Que tipo de sociedade somos? E detalhe: Segue-se a noticia um festival de fotos do corpo da atriz, algumas focando especificamente em sua bunda (muito bonita por sinal), que ficariam melhor na Playboy do que em um site que qualquer criança pode acessar.

Priscila Fantin não é o que se pode chamar de atriz. é uma daquelas belas mulheres que ganharam uma chance na tv mais por seus dotes do que por sua capacidade dramática, mas isso nem vem ao caso. O que vem ao caso é esta ânsia que temos em saber até se uma atriz do segundo escalão ajeitou seu biquini e onde e porque. E se estava com o marido. E se mais pessoas viram. E se estava chovendo ou fazendo Sol. Patético demais!

Estamos  a cada dia que passa abrindo mão de certos pudores, de certos limites que não deveriam ser ultrapassados. Privacidade  é algo que não cabe mais nos dias de hoje. A qualquer argumento minimamente razoável se interpõe o frágil e vazio argumento de que pessoas "públicas" não podem querer ter privacidade. Como assim? Pergunto como se sentiria a repórter que escreveu esta nota para a revista "Quem" se a personagem da foto fosse ela. Ou a editora que aprovou a publicão da mesma, como se sentira se fosse ela o alvo dos clicks? E se fossem seus respectivos filhos ou filhas? Iriam dizer o que? Que fotografar anonimos não pode por não serem eles mesmo famosos? Quer dizer que famosos não podem ter sossego e ir a uma piscina, mas anonimos podem?

Muitas vezes tendo a compreender porque artistas são por vezes grosseiros com estes ditos "paparazzis". Como reagir ao ter sua bunda exposta desta maneira? Priscila Fantin pode não ser alguém que faria "Lady Macbeth" por pura falta de competência, mas não precisa deste tipo de foto para consolidar sua carreiracomo atriz de produções" Globais", então creio eu, não se explica esta foto como promoção da mesma.

O texto cita que ela estava no ES para sessões da peça teatral que está encenando " A Besta", mas não diz qual o teatro e muito menos os horários das sessões, ou seja, se era para divulgar a peça o resultado não vai ser dos mais positivos. Por outro lado, Fantin já foi capa desta famigerada revista, o que mostra que de certa forma estes artistas se alimentam destas publicações para o seu próprio bem e a simbiose esta formada.

Mas o ponto central é que estas revistas só existem porque existem obviamente pessoas ávidas por compra-las para saber detalhes inuteis e imbecis como este. Se Fantin deu uma ajeitada no seu biquini o que tem demais? Mudará a ordem dos acontecimentos mundiais? Ajudará na descoberta de uma vacina contra o HIV? Não, não fará nada disso e um leitor mais desencanado poderá argumentar que isso traz distração, que em um mundo tão violento e blá,blá,blá é um refrigério ver Fantin ajeitando seu biquini. Bom, se alinha de raciocínio de alguém for realmente esta, eu prefiro não ter o desprazer de conhecer tal sujeito.

Vivemos em um mundo em que a privacidade (dos outros)é cada vez mais deixada de lado como conceito e vira uma abstração. Um mundo em que saber quem fez o que com quem quando e porque é considerado fundamental em detrimento ao que importa que são ao meu ver as reais necessidades de uma pessoa ou mesmo de uma comunidade. O glamour, o sex appeal, afutilidade estão ganhando terreno e uma velocidade nunca antes vista e fazendo com que deixemos de lado tudo o que nos foi ensinado como fundamental.

O culto a futilidade, a superficialidade é hoje introjetado em  nossa sociedade de uma forma a deixar poquissímas escolhas a quem dele quer fugir. Nossos valores estão sendo substituidos por outros bem diferentes, que encolhem nossos limites e tolhem nossa capacidade de absorver informações de uma forma a entender e separar o certo do errado, o válido do inaceitável o bem do mal.

Aceitamos este novo estilo de vida e nos congratulamos de viver desta forma porque não queremos saber de limites, queremos apenas viver da forma mais intensa, louca e rápida possível, ainda que isso nos traga uma falsa felicidade e demande uma dose cada vez maior de exposição a um material altamente vazio a cada dia.

Fomos apresentados ao lixo e, ao que parece, gostamos dele.

É isso.

Ouvindo: The Strokes


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