sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Lembranças...


Quando você toma consciência da sua própria finitude, tudo ganha uma outra dimensão. Lembranças que até então estavam esquecidas,  voltam a tona, aqueles pensamentos do tipo "e se eu tivesse feito diferente?" tendem a ganhar força e a vida como um toda ganha uma perspectiva diferente.

Hoje, ou melhor, agora, acabei de ver uma foto com minha eterna turma. Estavam quase todos lá, em Itanhaém, praia de Cibratel 2, casa da Paula, onde iamos de tempos em tempos, em um tempo que a vida era outra, as preocupações idem e ser feliz era mais fácil.Era um dia nublado, frio na verdade como se pode ver na foto, mas estavamos lá, pós almoço de Sábado, pós ida a Igreja pela manhã, celebrando apenas o fato de estarmos juntos.

E sim, estavamos juntos. Eramos unidos, quase irmãos, tinhamos um grupo musical, partilhavamos afinidades, partilhavamos amor em doses praticamente sem medida, pois não nos interessava sermos naquele momento aenas meio amigos, ou gostar mais ou menos de alguém. Eramos jovens, intensos e gostavamos de todos a nossa volta.

Eu estou ficando velho, careca e definitavmente já fiquei gordo. Na foto, eu era jovem (16) anos, cabeludo e arrisco dizer, bonito. Já maluquinho, mas não conhecia ainda o cinismo do mundo. Acho que nenhum de nós ali ainda o conhecia de fato. Pecavamos pela sem cerimônia de nos tratarmos de forma sincera. Mas o fato é que seguimos os nossos caminhos, muitas e muitas outras tardes se passaram, muitos invernos, acho que a casa ainda existe, acho que ainda existem traços de felicidade em todos nós e mesmo a felicidade plena em alguns.

Acho que nos tornamos menos tolerantes com tudo (todos), acho que alguns envelheceram com sabedoria, alguns permanecem ainda  carecendo dela, e outros infelizmente devem estar se perguntando o que foi feito de suas vidas. Normal.  Em uma foto com esta quantidade de pessoas, os destinos de cada uma delas já mais serão lineares e jamais serão vividas histórias que foram imaginadas nas cabecinhas ainda cheias de sonhos e ilusões que foram flagradas naquela tarde fria.

Eu lembro que depois daquela foto, choveu. Eu lembro que ficamos todos dentro de casa, conversando,interagindo. Não existia whats, face, nada disso. Não tinhamos outra saída além de conversarmos entre nós e nós conversavamos. O Paulão, pai da Paula, o dono da casa, tinha um Jipe. Não lembro se foi desta vez, acho que sim, mas nos divertiamos a bessa com ele e o Jipe. O Daniel, o que era meu melhor amigo e agora por algum motivo que não consigo compreender depois de tantos anos me ignora, estava namorando a Paula e confesso, nada me deixava mais feliz do que ver a felicidade deste meu amigo. Ele era pleno. Eu, sempre as voltas com minhas eternas meninas que eu queria namorar e não namorava. Não importa. Aquela tarde ficou gravada em minha existência.

Eu creio que cada um de nós que estavamos lá, tenhamos memórias muito particulares deste fim de semana, o que pode levar a uma divergência de informações. Mas o fato é que foi sim, um final de semana como poucos, um final de semana para ficar na memória. Ao menos naminha ficou.




É isso

Ouvindo: Commissioned

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