sexta-feira, 17 de abril de 2015

Um mundo de gente bacana


É fácil ser bacana quando se pode ou quando isso da ibope. Facílimo. Emprestar 50 dinheiros a alguém quando se tem 5.000 dinheiros na conta não é dificuldade alguma. Dar informações para algéum bem vestido, cheiroso, barbeado, qual a dificuldade não é mesmo? Realizar pequenos favores a quem pode prestar favores maiores, quem não faz isso? Com um sorriso no rosto de comercial de creme dental. Ser bacana, está na moda. Ser legal, é essêncial para a construção das relações, ainda que superficiais. Quem não é legal, bacana, quem, não ajuda, não esta com nada. E esta com menos ainda quem não propaga seus feitos.

Só que a cultura de ser bacana para consumo externo está, ao meu ver, exterminando as reais relações. Calculamos cada palavras que dizemos para cada pessoas com que nos relacionamos. a, um existe hoje, via de regra, pessoas que tenham sobre determinado assunto o  mesmo ponto de vista independente se se esta falando com fulano, beltrano ou ciclano. Opiniões hoje são plásticas, se moldam dependendo de quem é o interlocutor a ouvi-las e de como ele pensa. Na cultura do ser bacana, se fala o que a pessoa quer ouvir, não o que se pensa e a chance de se deteriorar a personalidade por conta deste tipo de comportamento é enorme.

Claro que não penso que uma sociedade ideal é uma sociedade onde todos são egoístas, individualistas e não tem gestos de altruismo. Isso seria ridículo. Mas penso que em uma sociedade onde as pessoas se esforçam para serem bacanas  com os demais e obter  distinção por conta de seus atos, a sinceridade e a autenticidade não fluem de forma a permear os relacionamentos e acaba que ninguém é tão legal quanto imagina ser. Um mundo de ilusões é o que estamos criando, onde ser sincero é descartável e logo logo ninguém nem mais se lembrará como é e ser bacana de verdade, que em minha visão é antes de mais nada se importar com o próximo, vai ser algo mais raro ainda.

Importar-se com alguém vai muito além do que os cinco minutos regulamentares que destinamos  para ouvir alguém que nos procura. Importar-se com alguém é emprestar 50 dinheiros quando só se tem 75. É fazer isso sem que ninguém saiba porque ninguém tem que saber no final das contas. Mas perai... Niguém saber? Como você se torna bacana se ninguém sabe dos seus bem feitos? Não dá né? Ou da, desde que se entenda que ser legal e se importar com o outro é algo que  simplesmente se faz. Não traz votos, não rende loas em homenagem a pessoa que age desta forma e nem ela espera por isto se for uma pessoa coração sincero. Fazer o bem é isso. Fazer o bem. Nada além, nada que mereça qualquer tipo de glória. Nada.

Mas em um mundo de gente bacana, gente que se, que luta para ser bacana com todas as forças, atos genuínos, descompromissados, tudo isso é visto como excentricidade. Uma excentricidade tão grande quanto falar o que se pensa. Lamentável.

É isso

Ouvindo:Frank Sinatra


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