quinta-feira, 7 de maio de 2015

Um dia típico


Eu acordei, tomei café... Aff!!! Vamos pular esta parte sem sentido. São aproximadamente 18:30 e eu estou aqui no escritório da empresa em Alphaville, ligando para pessoas que nunca conversei perguntando se elas querem comprar imóvel. Parece doido isso? Sim, é doido, mas é assim que se vende imóvel hoje em dia, ligando para as pessoas e criando uma necessidade que talvez elas nem tivessem ou se aproveitando do fato de elas terem a necessidade e não saberem operacionalizar a compra.

O grande problema é que para falar com 2, 3 interessados, tomos umas 530 respostas negativas e mal educadas. Faz parte, eu mesmo não primo por uma educação digamos das mais refinadas então entendo as pessoas quando elas são virulentas comigo. Tudo bem, é uma forma de purgar meus erros também. Hoje a tarde tive também duas ações de endomarketing.  Os encorporadores  vem ao escritório falar de metas, premiação e vendas. Quem escuta e não é do ramo pensa que eles são os caras mais legais do mundo. Balela. Só dão prêmios substânciais quando a água esta batendo no nariz deles. Dai querem acelerar os corretores a base de dinheiro, carros, só falta oferecem mulheres e homens de programa. Parece prostituição? Não, não é mas o conceito, a mecânica da coisa é mais ou menos a mesma.

Eu fico aqui ligando, pensando, observando as pessoas que entram e saem  e minha mente viaja. Essas pessoas não são de forma alguma minhas amigas, não tenho amigos na corretagem, tenho isso sim, vários desafetos. Porque sou um ótimo corretor, porque sou explosivo, porque dou a impressão que posso bater a cabeça na parede até desmaiar e isso faz as pessoas terem medo de mim. Foda-se. Que tenham.

Em um dia típico no escritório você pessoas sorrindo para outras pessoas a quem acabaram de falar mal. Sim, isso é falsidade pura e simples, mas é a falsidade que permeia em grande medida as relações dentro não apenas deste escritório que estou mas o de todos os escritórios de grandes imobiliarias. Todos querendo posar de amiguinhos uns dos outros mas são todos adversários ferrenhos um dos outros e não medem esforços para se dar bem nesta louca briga pelos clientes.

O mundo da corretagem visto sem máscaras não é glamuroso é patético. Sim patético. Pessoas sem caráter tentando demonstrar que o tem , pessoas vendendo sua integridade por alguns dinheiros contidos em uma comissão, pessoas querendo demonstrar uma falsa intimidade com diretores de imobiliárias ou incorporadores como se ser íntimo dessas pessoas mudasse  de alguma forma a vida de quem quer que seja. Não muda. Só as faz mais bobas.

Hoje estou sentado aqui em um canto chamando nenhuma atenção, invisível, basicamente porque não estou em uma maré muito boa em relação as vendas. Quando vendo chamo a atenção, quando não, sou um qualquer. A vida é assim, mas nas imobiliárias esta máxima se acentua de forma imensa.

Quer saber como é a corretagem? Procure na internet um filme chamado "Glengarry Glen Ross" que no Brasil tem o estúpido título de  "O sucesso a qualquer preço" coisa de imbecil, era só deixar o título original e pronto. A imobiliária do título é pequena mas é um painel de como funciona uma imobiliaria grande. Corretores que são fracassados não por serem corretores, mas por serem pessoas que não alcançaram o sucesso, imbecis de todos os tipos e um ou outro bem sucedido. Vale a vista o filme ainda mais por ter Al Pacino, Kevin Spacey e o grande Jack Lemmon no elenco. Um filme perfeito com roteiro de David Mamet.

A corretagem, ou um dia típico nela é isso. Pessoas falando demais, contando histórias demais, escondendo quem são de verdade, de terno e gravata, alinhados, as mulheres de salto alto sendo vistas como uma presa a ser abatida e mostrada como um troféu enquanto todos se fingem de bons amigos e falam mal um dos outros. Claro que com raras emoções.

Um dia típicoé um dia de tédio. Um dia bom é quando você vende. Simples assim.

É  isso.

Ouvindo: Patty LaBelle

Nenhum comentário: