sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Consciência Negra feriado inútil ou momento para reflexão?


Somos todos iguais? Sim, somos. Brancos, negros, asiáticos,  homens, mulheres. Todos iguais,  todos humanos que vão ao banheiro  e em última instância é isso que nos iguala. Todos vao ao banheiro cagar. É, todos cagamos e no banheiro, ainda que solitários, nos fazemos um.

Mas e o tratamento? Nos tratamos como iguais?  O feriado não trata de igualdade de genêro, mas de tratamento. Os negros foram sistematicamente escravizados por séculos e alcançaram sua liberdade com muita luta e sangue derramado.  A tal "lei Aurea", não foi um presente, foi algo que os brancos dominantes da época engoliram  sem maionese Gourmet. Engoliram depois de muito sangue rolar de muita vergonha se espalhar, depois de muitos negros, incontáeis deles serem mortos ao fugir dos Capitães do Mato e de outros feitores.

E mesmo hoje sendo livres, onde mora o grosso da população negra? Na periferia das periferias. Vamos falar sobre o acesso a educação?  Qual o percentual dos negros que frequentam o ensino superior em relação a sua população total e sobretudo em relação a população branca?  Dai vamos falar em igualdade? Repito, a de genêro é inconteste mas o feriado não trata disso.

Negros esportistas são inúmeros, bem sucedidos, milionários. A mesma coisa nas artes, sobretudo na música e cinema. Mas isso diz o que sobre a condição dos negros? Que ainda precisam seguir trilhas alternativas para vencer na vida. Melhor seria se houvessem mais engenheiros, médicos, militares de alta patente, enfim, melhor seria se as comunidades negras espalhadas pelo Brasil fossem recheadas de modelos de vencedores em todas as áreas e que o negro que joga futebol no campinho de terra batida aos 8 anos o faça pçor prazer, não aspirando sustentar sua família chutando uma bola.

Politicas públicas para negros? Quais existem além das cotas em faculdades que são geridas de forma totalmente equivocada? Qual a preocupação com a violência desenfreada que a população negra, sobretudo suas mulheres sofrem diariamente? E dai vamos insistir que somos todos iguais? Não somos!!!! Este feriado, da forma como foi constituido é si um erro, pois não traz a população a uma reflexão e nem os negros em específico a mobilização, mas deveria sobretudo servir como um dia de debates. Não debates isolados, mas debates massivos, que tragam luz a questão, que mostrem que sim precisamos equalizar  as oportunidades em todas as áreas entre negros e brancos para promover uma real igualdade. Dizer que somos iguais é simplesmente patético e nos leva a um estado de torpor desnecessário e extremamente nocivo pois ao fechar os olhos para a realidade aceitamos que a fantasia que mais nos agrada, aquela que diz que somos um país micigenado que aceita todos os credos e raças é pe bonito por natureza, quando na verdade não é nada disso que vivemos.

O dia da consciência negra, para além das piadas racistas e preconceituosas deveria ser uma dia para celebrar o nascimento de uma nova geração de negro muito mais conscientes de seu papel na sociedade. Só assim esta situação vergonhosa de precisar de um feriado para lembrar que devemos promover a igualdade entre raças, será desnecessária.

É isso.

Ouvindo; Milton Nascimento

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