terça-feira, 7 de junho de 2016

Nessun Dorma, ou de como a ópera deveria ser radicalmente e urgentemente popularizada.


Que ninguém durma! Que ninguém durma! proclama Calaf, o principe desconhecido que Giacomo Puccini criou para sua ópera "Turandot" e que no último ato, faz tal proclamação, "Nessun, Dorma, Nessun Dorma"

A beleza desta ária é para mim inigualável. A história é sinceramente uma bobagem, até porque se o cara cria uma história de tirar o folego e ainda faz uma música idem, ele pode ser canonizado que até eu apoio a canonização. O povo deveria conhecer o que é a ópera, como um estilo musical pode ser tão completo, tão bonito e tão ao contrário do que muitos acham, contemporâneo. Sim, contemporâneo, pois tudo que é atemporal, contemporâneo é.

É uma rematada bobagem tentar colocar a ópera como um estilo musical feito por e para intelectuais, até porque definir o que é ser um intelectual é um exercício frouxo e sem razão de ser dado o número sem fim de variantes para se falar sobre o tema. Logo,  a ópera é apenas mais um gênero musical e infelizmente um gênero aqui no Brasil e em quase todo mundo relegado ao segundo ou terceiro plano. A música clássica em geral e a ópera em especifico, não são apreciadas nos grotões do país e em suas periferias por um único motivo: Não são levadas até esses lugares. Como apreciar Nessun Dorma, Mio Babbino Caro, La Mamma Morta e tantos outras árias maravilhosas sem conhece-las?

Por que achar que o  dito "povão" vai achar ópera nada além de uma terrível "gritaria"? Por que se acha isso??? Não vou antagonizar de forma alguma aqui com outros estilos ditos populares e nem tecer comentários sobre sua qualidade ou falta de. O fato é que a ópera deveria sim ser introduzida no "cardápio musical" dos brasileiros. Como fazer isso? Começando pelas escolas, antes de mais nada.

Música é sim educação e precisa ser ensinada nas escolas como disciplina de grade curricular de forma obrigatória, não apenas uma ou outra escola quase sempre particular. Uma criança que cresce ouvindo ópera, força suas possibilidades de compreensão seja qual for o assunto proposto e começa a ter um senso estético mais amplo que aceita  diferenças no espectro musical sem maiores problemas e até as deseja, tanto para fins de comparação, quanto para puro deleite, porque afinal de contas, por que gostar só de um estilo se existem tantos a serem apreciados?

Um povo que educa suas crianças ouvindo música de qualidade, cria adultos mais seguros de si, prontos para os desafios da vida, que raciocinam melhor, que tem horizontes mais amplos e não aceitam ser manipulados por qualquer um de qualquer forma.

Meu sonho é ainda poder ver, em vida, a criação de uma geração de apreciadores de música clássica. Sei que é um sonho um tanto quanto utópico, mas e dai? Sonhar pequeno e sonhar grande demanda o mesmo esforço.

É isso.

Ouvindo: Pavarotti 

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