domingo, 17 de julho de 2016

Eu sou Dogbert


Dogbert é o cachorro de Dilbert. Dilbert, caso você não saiba quem é, é um personagem das histórias em quadrinhos que é um engenheiro e trabalha em uma empresa de alta tecnologia. Cercado por pessoas imbecis e sem valor é ele mesmo um imbecil rematado, que leva uma vida trouxa e sem sentido embora tente parecer a todo custo melhor do que realmente é.

Tem um cão, Dogbert, que cínico ao extremo o  no manipula e a todos ao seu redor sem que estes ou mesmo Dilbert percebam ao que são submetidos. Dogbert e Dilbert são personagens do mundo corporativo. Dilbert esta totalmente integrado a ele, não questiona, apenas se frustra. Pela permanência em seu emprego e em seu miserável status quo. Dogbert tenta se enquadrar, mas as frustrações o deprimem e seu humor como mecanismo de defesa e principalmente seu intelecto privilegiado são suas armas mais utilizadas.

Dogbert sabe que esta cercado de pessoas sem o menor poder de articular raciocínios minimamente coerentes e aceitáveis e sabe que pessoas assim cercam-se de iguais para mascarar ainda que de forma inconsciente sua completa falta de habilidade cognitiva. Em um mundo como esse Dogbert hora se diverte, e muito, hora se enoja. A vida de Dogbert não é fácil, definitivamente.

A vida corporativa, seja em uma empresa de alta tecnologia, seja em um banco ou mesmo em uma em uma grande imobiliária é sempre a mesma. Bajuladores se dão bem idiotas sem opinião firme acham um canto para se encostar e pessoas que fazem a diferença para o bem são sistematicamente subjulgadas e mantidas longe do foco das decisões.

Dogbert sabe que pessoas que pensam e são intelectualmente privilegiadas tendem a atrapalhar os planos de pessoas cujo o principal dom é o de repetir o mesmo elogio vazio de 400 formas diferentes ou daquelas que dizem exatamente o que as outras pessoas querem ouvir ainda que não creiam em uma palavra sequer que estejam proferindo. O dizer não o que se pensa mas sim o que é mais conveniente, destrói a personalidade de quem pratica este ato reduzindo-a a nada mais que um papagaio treinado para repetir futilidades em tempo integral.

Ter coragem de ser quem se realmente é e dizer o que realmente se pensa é uma virtude que poucos entendem como necessária e Dogbert tenta entender, embora sem sucesso porque é tão difícil fazer o que é fácil, já que dizer o que se pensa não exige elaboração apenas vocalização das idéias. Se Dogbert não precisasse  tabalhar para ganhar dinheiro e sim para gerar algo de valor para ele mesmo e a sociedade a sua volta ele seria muito mais feliz, pois um mundo contaminado pelos piores valores possíveis faz com que seu trabalho seja algo entediante, infeliz, ao invés de ser produtivo e lhe colocar um sorriso no rosto todas as manhãs.

Eu me identifico totalmente com Dogbert e o invejo. Ele mora no universo das tirinhas em quadrinhos, eu no mundo real. A vida quase nunca é justa.

É isso.

Ouvindo: Aerosmith

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