quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Elke Maravilha


Elke Maravilha, Russa de nascimento, Alemã de passaporte e Brasileira por opção, morreu. A morte sempre será uma merda, sempre, mas quando ela atinge pessoas tão especiais como Elke Maravilha, ela mostrar sua face mais perversa. Elke não deveria morrer, sinceramente espero que ao menos, o seu legado permaneça.

A face mais conhecida e menos importante de Elke era a de jurada de programas de televisão. Muito mais importante no entanto era o seu ativismo político e social, sua capacidade de falar as maiores verdades ainda que sorrindo e sem medo de ser punida. Era uma anárquica e como todo bom anarquista, seus atos ainda que fossem em grande medida inconsequentes, polêmicos, eram antes de mais nada pensados para abalar as estruturas de um status quo carcomido pela conservadorismo latente nos anos 60,70 e 80 e geralmente, abalavam.

A morte de Elke, cidadã do mundo que falava de forma fluente oito idiomas masque tratava este dado de sua biografia como algo  quase banal, sem maiores méritos é antes de mais nada a morte de uma representante do Brasil que pensa, que não aceita calado as barbaridades e atrocidades cometidas contra um povo sofrido e indefeso. A morte de Elke cala uma voz sempre combativa, aguerrida, pronta a dar sua opinião sem medo de ser calada.

Elke foi presa pelo regime militar, foi jurada de Chacrinha e Silvio Santos, foi atriz, modelo e manequim. Uma figura absolutamente ímpar cercada por pessoas entediantes e sem conteúdo que ainda sim tratou a todos com educação e cortesia. Em uma entrevista para o grande Abujamra em seu programa provocações revelou ter crescido em uma comunidade com forte presença de negros e branca como a neve disse ter muito orgulho de lá ter crescido. Um pessoa admirável em todos os aspectos.

Perder alguém como Elke Maravilha é uma lástima. Lástima maior entretanto é um fato como este passar quase que desapercebido, sem comoção por parte da nação, sem que um luto oficial de três dias fosse decretado. Elke merecia isso e muito mais. Foi uma legítima brasileira, ainda que nascida na Russa de Pai Russo, Mãe Alemã e avós Mongóis. O legado de Elke é inestimável e fariam bem os canais para os quais ela trabalhou se  produzissem especiais sobre sua vida. Não creio no entanto que o farão. Uma pena. Uma verdadeira pena.

Descanse em paz, Elke Maravilha, eu de minha parte, prantearei sua morte.

É isso.

Ouvindo: Radiohead

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