quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Banalidade


Minha vida, é banal. E mais banal ainda é a forma com que cheguei a esta conclusão, assistindo a série "Filhos do Carnaval". Eu me tenho em alta conta, a verdade é esta. Me acho o melhor quadro da minha empresa (e é bem provável que seja), mas muito mais pelas limitações dos outros do que por meu mérito. Quem sou eu no rolê da minha própria vida?

A banalidade das minhas ações tem ficado cada vez clara para mim. Se eu sair da minha empresa amanhã, ela continuará a existir, e principalmente a vender na mesma velocidade de sempre. Tenho a ilusão de ser insubstituível, mas não sou, a verdade é essa. Na verdade, tenho a impressão muitas vezes que não se livram de mim por pura preguiça.

Sentir-se o melhor gestor de produto, seja da empresa que trabalho, seja da maior do Brasil é um sentimento besta e repleto de vaidade, mas sobretudo, banal. Quem se importa com isso? O que agrega esse título besta a minha já parca biografia? NADA! Essa é a resposta honesta.

Tenho 43 anos e daqui a  menos de dois meses terei 44. O que fiz nesse tempo todo? Seja para mim, seja para outras pessoas? Quem sou eu de verdade? O que eu fiz para ter merecer qualquer distinção que seja? A bestialidade de pensamentos banais transformados em importantes é algo muito louco. Creio que todos em algum momento buscam atribuir valor a si mesmo, mas eu, sendo bem sincero, preciso que outros atribuam valor a mim. Preciso de reconhecimento, de palavras que me empurrem a fazer mais e melhor e a falta delas desnuda a realidade que me envolve. Minhas aspirações, assim como meus atos, são absolutamente banais.

Percebo-me banal e o incomodo dessa percepção me esmaga o espirito. Amaldiçoo em voz alta a minha consciência, o saber quem sou. Melhor seria ser uma água-viva, quiça uma salamandra, que vive por instinto e apenas tenta ficar viva para se reproduzir, pois é o que lhe cabe: Garantir que sua espécie se perpetue e morrer após cumprir sua tarefa.

Saber-se banal machuca não pela desimportância da vida em si, mas pela falta de perspectiva, no meu caso, de um futuro mais auspicioso, onde a banalidade se diminua ou mesmo se desvaneça. Me sinto atado a um ciclo de atitudes e pensamentos que de tão banais me cansam ao ponto de não querer mais ter atitudes ou pensamentos sejam eles quaisquer um que sejam. A vida poderia ser melhor, mas no meu caso é apenas banal. Ainda bem que ao menos, tenho Graziela, o meu conforto.

É isso.

Ouvindo: Maria Callas

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