quinta-feira, 17 de novembro de 2016

eu e a bolsa que eu queria


antes de mais nada uma nota importante: tudo em meu blog que for escrito a partir de hoje será em letra minúscula. seja nome próprio, seja o que for, tudo seguirá este padrão. minhas opiniões são pequenas e desimportantes, a verdade é esta assim como eu sou pequeno e desimportante, inclusive para mim mesmo. o post de hoje da uma boa ideia disso.

eu passei este ano todo "namorando' uma bolsa. é, uma bolsa. todo santo dia entro no site da empresa que a vende, vejo o vídeo e admiro o quanto ela é bonita e funcional. para os meus padrões, ela é cara, são 900 dinheiros que sim, eu poderia ter em algum momento colocado de lado e usado para compra-la. mas sempre pensava  e ainda penso que não é para mim. ela é toda de couro, feita a mão, uma cor linda e exatamente por tanta beleza, creio que eu ficaria ridículo ao utiliza-la.

quando morei em moema, achava que o bairro não era para mim e me sentia opresso. foram três anos de dilemas existências fortíssimos que me fizeram detestar o melhor lugar que já morei, ao menos quando falamos em endereço. quando morei na rua, me senti a vontade. sem regras, sem ter que mostrar ou provar nada a ninguém, apenas deitando onde quisesse e dormindo da forma que desse. eu gosto de coisas boas, mas acho que elas não gostam de mim, não me cabem e nunca me pertencerão. sou meio pateta, a verdade é essa.

eu não sei conviver, eu não sei falar direito, me expressar, me fazer entender. mas sei gritar com as outras pessoas, ser mal educado, rabugento, incapaz de não brigar por motivos fúteis. eu ficaria ridículo fazendo tudo isso com a bolsa que quero nas costas. um ogro com um acessório bacana, uma visão do inferno.

na verdade dias como hoje me fazem ver que não sou uma visão do inferno, sou "o" inferno.  me fazem perceber que por mais que eu queira vencer, talvez eu seja destinado a sempre estar em segundo ou terceiro lugar, nada além disso. até minha melancolia é de quinta e consegue produzir nada além de textos esquisitos e sem muita noção.eu deveria saber escrever melhor, mas não sei.

quando olho para o couro da bolsa que eu namoro, não penso na morte do animal do qual o retiraram, não tenho essa nobreza e na verdade, estou cagando para este detalhe. mas penso na inevitável sofisticação que o couro empresta a tudo em que é utilizado e me sinto um paspalho. não sou sofisticado.  ao contrário, sou bem chinfrim. olho no espelho e vejo minha barba mal feita e me pergunto para que quero aquela bolsa? seria risível.

eu não tenho porque comprar esta tal bolsa e se comprasse, não usaria. minha vida já é em muitos momentos sem graça demais para eu querer achar que mereço usar tal peça. eu, estando com o corpo coberto para evitar a exposição da minha nudez, que é deplorável, já esta de bom tamanho.a vida não me sorri. e eu não sorrio para vida.

é isso.

ouvindo: maria calas

    

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