segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

senhor darcy x senhor grey



Antes de mais nada, é covardia pura comparar jane austen a  e.l james. beira o desvario, o absurdo total. enquanto austen é sem dúvida alguma empatada com mary shelley a maior escritora de língua inglesa de todos os tempos, james não passa de uma tola que escreve frivolidades para pessoas que evidentemente jamais terão o estofo intelectual necessário para ler algo mais elevado. austen é arte, james é consumo instantâneo, algo que não se sustenta como lembrança por muito tempo, uma bobagens em forma de escrita, uma lástima, enfim.

em "orgulho e preconceito" austen criou um personagem único, o sr darcy. sr darcy, ainda que a maioria das mulheres não saibam é o arquétipo perfeito do homem cavalheiro, bondoso, firme em suas idéias, sempre pronto a ajudar quem precisa ainda que o faça nas sombras, mas também firme e implacável com o erro quando necessita. um homem resiliente ao extremo que lutou por seu amor em uma época em que "lutar por uma mulher" era algo insano. darcy foi o herói, modelo de homem de caráter inabalável mesmo sem ter que precisar ter este tipo de conduta para ter um bom casamento, afinal era rico, bem posicionado e desejado por metade da população feminina da inglaterra.

darcy conseguiu o coração de sua amada sem manipulações, jogos, chicotes, mentiras, perfídias de qualquer tipo. conseguiu impor-se como homem apaixonado apenas agindo de forma correta e principalmente sendo um homem apaixonado, e aqui, entra a primeira lição que darcy da em grey: é muito mais fácil ser o que se quer ser do que fingir ser o que se quer ser. como eu sempre digo a minha filha, é muito mais fácil ser legal do que querer parecer legal. enquanto grey impressiona com carros de luxo, helicópteros, jantares caríssimos e coisas do tipo, darcy impressiona o leitor simplesmente sendo ele mesmo com seus erros e acertos e sua conduta irretocável.

por outro lado grey (sim, li o livro pela internet, jamais compraria este livro para te-lo em minhas mãos) grey é sempre tatibitate n a forma de se conduzir. sempre existem intenções que precisam ser explicadas, é quase como se fosse necessário comprar um livro desses de psicologia rasa e barata para explicar suas motivações. sua vida pregressa é sempre questionável e seu futuro uma incógnita. darcý tem um modelo de vida que não deixa dúvidas sobre quem ele é e o que ele quer. enquanto gray tenta a todo custo mostrar sua superioridade através de seus bens, darcy quase que os esconde e preocupa-se em ter.

enquanto darcy é pura generosidade, grey não passa de um ser egoísta que para ter o que quer não mede esforços e embora a grande maioria das mulheres acorrerá em sua defesa ao ler este texto, gray é um ser que não deixa muita margem para tanto, uma vez que seus movimentos como os do bat-fino (se voce tem menos de 40 anos esqueça, não saberá do que estou falando) são friamente calculados. enquanto jane austen consegue manter uma genuína tensão sexual no ar a cada encontro de sua heroína lizzy sem citar a anatomia sexual de um ou de outro ou coisa do tipo, apenas com boa literatura e palavras escolhidas a dedo, e.l james tem que escrever um novo roteiro de filme pornográfico a cada situação em que seu herói" (hahahahahahahahahahahahahaha!!!!) esta com alguma mulher.

sei que a comparação é injusta, abri o texto dizendo isso, mas hoje ouvi duas corretoras conversando sobre 50 tons de cinza como se aquilo fosse literatura. não é! é esgoto correndo a céu aberto e melecando a mão e mente de quem segura para ler tamanha bobagem. recomento fortemente a você que não leu orgulho e preconceito que o leia. mas leia sorvendo as palavras, leia como lê uma criança, imaginando cada cena descrita dentro de sua cabeça. leia sem preconceito. descubra o poder que a literatura, a boa literatura tem. uma mulher que se valoriza, se respeita e se ama antes de mais nada, jamais irá dar valor a um grey se puder ter um darcy. e para finalizar, austen é tão supimpa como autora que ainda que suas obras falem de heroinas em busca do verdadeiro amor, o livro não é apenas para mulheres, longe disso. qualquer pessoa, independente do sexo pode e deve ter suas obras e descobrir a beleza e fluência de sua escrita.

cabe aqui um parelelo com um escritor brasileiro, jorge amado. enquanto jorge amado escreveu a vida inteira sobre a bahia de forma indolente e preguiçosa sendo  a maior mentira literária brasileira de todos os tempos exceto pelo excepcional "capitães de areia" um dos top 10 da literatura mundial para mim,  austen conseguiu ao longo de todos os seus livros falar sobre o interior da inglaterra de forma nunca menos que apaixonante.

literatura deveria ser a paixão de todo ser humano. ler é aprender, reter o que se aprende e se fazer melhor a partir disso. quem lê, se expande.a verdade é essa.

é isso

ouvindo: yo-yo ma

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