terça-feira, 12 de setembro de 2017

Colin Kaepernick e eu.


Antes de mais nada, chega de letras minúsculas, já deu. Vamos tentar respeitar os parâmetros ortográficos até onde isso é possível para quem estudou apenas até a quarta série primária. (Frase canalha apenas para fazer com quem incautos pensem: Nossa, estudou tão pouco e escreve de forma tão coordenada! Sim, as vezes posso ser bem assim mesmo).

Quanto a Colin Kaepernick é alguém que ganhou meu eterno respeito e admiração. Quem é Colin, você deve estar se perguntando. Colin é um dos mais talentosos Quarterbacks de sua geração e jogava em um das franquias mais tradicionais dos EUA, os 49ers de São Francisco. Digo Jogava porque desde que  resolveu se insurgir contra o racismo ainda vigente nos EUA durante a execução do hino nacional antes de alguns jogos do seu time, ficando de joelhos e não de pé, Colin foi vitima de um banimento surdo por parte da NFL, a liga que controla o mais rico esporte americano.

É preciso contextualizar toda a situação para entender a dimensão de seu protesto. Enquanto no Brasil, talvez por termos um hino de letra idiota cheia de palavras que nem um filólogo entende e ninguém sabe cantar, damos muito pouca importância para o mesmo. Ademais, não somos o que se pode chamar de um povo especialmente patriotada, embora adoremos uma patriotada quando o assunto é esporte. Locutores se inflamam e o povo cai na esparrela imbecil de que somos uma só nação, um só povo. Somos na verdade a nação do cada um por si, nada além disso.

Já nos EUA, bandeira e hino nacional, são dois dos temas mais caros aos americanos. Não mexa com sua bandeira e menos ainda com seu hino. Eles realmente levam a coisa a sério, então, protestar como fez Colin, ajoelhando-se quando o correto seria ficar em pé com a mão no peito em sinal de contrição e respeito foi algo extremamente desafiador e Colin sabia bem das consequências que poderia sofrer e de fato, sofreu.

Nenhum time o contrata mais. Sua carreira, acabou. Um talento nato foi posto de lado. Porque protestou. Porque mostrou-se inconformado, porque escancarou para a sociedade de seu país e para o mundo que "sobre a terra dos valentes e lar dos bravos", última frase do hino americano, o manto do racismo resiste firme e forte e sem sinais aparentes de que este manto irá ser retirado a curto prazo.

Não vou entrar no mérito de uma discussão racial em um país que nunca estive, mas Colin tem minha total admiração e solidariedade pelo ato, pelo protesto. Em um mundo onde o que importa é acumular riquezas e não envolver-se em polêmicas, Colin fez exatamente o contrário. Deu real dimensão a palavra "polemica" tão bestamente usada nos dias de hoje, e não importando-se com consequências como perda de contrato com a franquia ou de patrocínios pessoais, posicionou-se como um homem que tem consciência. A grandeza de seu gesto, mostrou ao mundo que a ferida racial continua exposta em seu país ainda que a um preço aparentemente alto demais.

A mim, só resta admirar sua honradez e fibra! Logo eu, que ja tive perfil parecido e hoje fico engolindo sapos em quantidade industrial sei lá porque. Colin, gravou seu nome entre os grandes, eu, a cada dia me apequeno mais. Um gordinho covarde sem coragem de dizer o que realmente pensa e sente. Olho para Colin e pela primeira vez, invejo alguém. Abrir mão de contratos milionários para ser quem se é, é admirável, uma atitude que não encontro palavras para descrever. Quanto a mim, o homenzinho assustado no canto, falar o que?

Parabéns, Colin  Kaepernick, uma vaia estrondosa para você, Miranda!

É isso

Ouvindo: Whitney Houston




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