domingo, 17 de dezembro de 2017

Os Invisíveis



Hoje começo uma série que a tempos eu queria ter iniciado. Começa sem motivo especial algum e exatamente por este motivo pode terminar a qualquer momento também. Trata-se da série de fotos extremamente precárias pois não sou fotografo profissional chamadas de "Os Invisíveis."

Nasce de um desejo meu de dar visibilidade a quem as pessoas viram a cara o tempo todo, os moradores de rua de nossas grandes cidades. Parecem que não existem não é mesmo? Sempre desviamos o olhar, atravessamos a rua ou coisas do tipo.  Não queremos contato, não queremos que seu mal cheiro fique em nossas roupas, não queremos que suas mãos sujas sujem as nossas, não queremos nada desse tipo. Queremos apena apagar a imagem de um morador de rua o mais rápido possível de nossas mentes e seguir em frente.

Sinto imensa compaixão por cada um deles e sempre procuro conversar, entender o que se passa em suas cabeças, porque terminaram ali, na rua, perdendo sua identidade e sanidade. Sim, aos pouco a identidade se esvai e se esquecem quantos anos tem, nome completo, esquecem o passado, não projetam o futuro e o presente é algo que querem se livrar o mais rápido possível. A vida não é nada para eles além de uma desesperança e uma vontade de que ela termine.

Alguns tem sim esperança mas a realidade a esmaga a fome a deturpa e a solidão a esvai. Uma vida que não é vida. Pessoas esquecidas, invisíveis. Meu blog não é nada, não mesmo, mas nas minhas redes (anti sociais) que também não são nada, começarei a falar um pouco de alguns deles que simbolicamente falarão por tantos outros.

Começo com Manuel, 50 que mora na praça ao lado do plantão que trabalho

Dei um chocolate a ele e ele me disse que é o melhor presente que ganhou em anos. Como pode? Lembre-se de Manuel na sua ceita de Natal.

É isso.

Ouvindo: Leonardo Gonçalves

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