sábado, 6 de janeiro de 2018

Todos Os Dias



Esta semana reli "Todas as Sextas" o autobiográfico relato de Paola Carosella sobre sua vida até aqui e sobretudo sobre sua paixão: Cozinhar. O livro é tão saboroso quanto as criações dos seus restaurantes mas o ingrediente principal não é algo comestível e sim intangível: A paixão! Carosella só se tornou a extraordinária cozinheira que é a arrebatadora cozinheira que é porque tem paixão e comprometimento. Paixão, comprometimento onde foram parar esses sentimentos dentro de mim?

O título do livro de Carosella se refere ao trabalho de reconstrução que ela se impôs. Reconstruir o seu restaurante o Arturito e sobretudo reconstruir a si mesma. Para isso reservou as Sextas para cozinhar e os outros dias para ser dona do local. Neste dia ela fazia os espetaculares  pratos executivos que descreve um a um em receitas na teoria fáceis de seguir em seu livro de papel  e apresentação impecáveis  e conteúdo magnífico para dizer o mínimo.

Eu, que também preciso me reconstruir, não posso ter apenas um dia da semana para isso, dai o título  do post, todos os dias. Mas posso ter a paixão e comprometimento que sempre tive e em algum momento abandonei pelo caminho. Tarefa árdua mas que darei conta porque eu sei quem eu sou e ao menos na minha profissão, no ofício que escolhi, não sou pouca coisa, ao contrário, sou bom, muito bom, falsa modéstia que vá a merda, pois sou mesmo muito, muito bom.

E ser bom, minha principal virtude, acabou virando meu principal defeito. Jogo ganho só existe em partidas marcadas pela trapaça e suborno, fora isso, cada jogo é um e cada resultado por mais surpreendente ou natural que ele possa ser só é conhecido ao final da partida. E eu, por bom que sou estava entrando já achando que tudo estava resolvido a meu favor. Não estava, nunca esteve e nunca estará. Ser um profissional de excelência exige acima de tudo humildade em reconhecer que cada dia, cada atendimento, cada hora que se passa atendendo nunca será igual ao que já se foi e construiu reputações passadas. O presente, meus amigos, pode na verdade destruir reputações num piscar de olhos.

Não falo em resoluções de ano novo porque não acho que isso resolva algo. Falo em mudança de vida, comportamento e elas nada tem a ver com um ano novo chegando. Bobagem isso. Mudanças acontecem porque precisam acontecer, não porque um ano começou, ou o Carnaval está ai perto ou porque alguém morreu ou qualquer outro motivo. Mudanças precisam acontecer, simples assim. E no meu caso elas tem uma certa urgência.

Sempre tive como premissa ter como superiores pessoas que eu respeitasse tanto profissionalmente como intelectualmente. Meus superiores hoje em dia são bons profissionais e nem todos consigo respeitar o intelecto por limitado que são os de alguns. Isso claramente afeta o meu comprometimento mas não tinha percebido até fazer uma profunda reflexão. Ser "mandado" por quem não tem estofo intelectual para tanto é um saco e vai deprimindo a vontade de dar o melhor, mas entendi que não posso pura e simplesmente me deixar levar por um fator como esse.

A paixão continua aqui, sempre esteve. Apenas a tinha arquivado em alguma gaveta nos arquivos de minha mente. Mas a achei e ela esta mais forte que nunca. Não posso usa-la em apenas um dia da semana, tem que ser todos os dias, mas agora, a medida que escrevo, percebo que o que me impulsiona, o que sempre me impulsionou é a paixão. Mando o dinheiro a merda, não vendo para ficar milionário e talvez até devesse, mas vendo por paixão, por uma necessidade que vem de minhas entranhas de vender, de ganhar, de fazer um não virar sim, de olhar para uma mesa ao seu final e pensar: vim, vi e venci!

Trabalho pela minha satisfação por reconhecimento e por dinheiro, nesta ordem. Minha satisfação eu resolvo comigo mesmo, reconhecimento nesta minha profissão e na empresa que trabalho especificamente, não terei, dinheiro, este vilão invencível virá de forma natural. No campo do reconhecimento me entristeço pois ser reconhecido é algo vital para qualquer profissional, mas as peculiaridades da corretagem de imóveis tornam o reconhecimento uma manifestação pouco aceitável que quando usada deve ser em doses homeopáticas. Uma merda. O que funciona na corretagem é a auto louvação. O eu fiz, eu sou bom, o para que vamos falar de você? Vamos falar de mim que é mais legal.

Todos os dias. Sem descanso, motivação lá em cima, sabendo quem eu sou e o que posso fazer. Todos os dias. Sem medo, sem espaço para zona de conforto, sem vacilar. Todos os dias. Usando todo o meu conhecimento, todas as armas que possuo, indo além do que se espera, sendo mais do que eu posso ser, quebrando meus limites, quebrando tackles (entendedores entenderão)

Quero vencer. E vou. Todos os dias.

É isso

Ouvindo: a obra prima dos Beatles (em minha opinião) Abbey Road

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