sexta-feira, 23 de março de 2018

RIP, Carlos Eduardo Miranda



A morte de Miranda é daquelas para serem lamentadas. Em um país onde produtores musicais sérios e bons podem ser contados em uma mão e talvez ainda sobrem dedos, perder Miranda é ficar um pouco mais refém das porcarias produzidas por produtores porcarias que caminham pelo Brasil deixando um rastro de música ruim por onde passam. Miranda, para ficar em um exemplo, foi quem lançou o Skank. Só isso e já estaria de ótimo tamanho, mas ele fez mais, muito mais pela música nacional.

A imprensa noticiou sua morte como a morte do "Jurado do programa "Ídolos" e embora isso só mostre o desconhecimento e despreparo que permeia a grande maioria dos jornalistas do país, isso não é vergonha alguma, pois Miranda sempre se pautou pela independência quando estava na banca do programa agindo de forma séria e seguindo seus conceitos  e idéias sobre o que um "ídolo" precisava ter merecer tal distinção.

Se por um lado Miranda sempre foi um produtor ligado ao Rock, tendo sido responsável pelo selo "Banguela" que entre outros revelou a banda Raimundos, isso não o tornava um profissional limitado. Conhecedor profundo da música e de suas diversas variáveis, Miranda transitava entre estilos diferentes sem deixar que rótulos lhe fossem impostos ou que sua competência fosse questionada apenas por trabalhar com artista  A, B, ou C.

Com uma fina ironia e apurado senso estético/musical, produziu alguns dos  melhores álbuns  recentes do Rock Brasileiro e deixa um legado consistente que deve ser respeitado por esta e pelas futuras gerações. Aqueles que apreciam  de fato a música de qualidade sabem que Miranda é referência neste quesito e não obstante ter cometido alguns álbuns para serem esquecidos, como todo produtor por melhor que seja o faz, o que conta no final é o balanço amplamente positivo de sua obra.

A música brasileira muito mais que de luto, deveria estar preocupada. Recheada de produtores medíocres e sem talento algum, vê partir alguém que era puro talento. Miranda muito mais que um simples músico tinha toda uma trajetória que agora passa para a posteridade e vira história. Uma história que merece ser revisitada sempre, pois é a história de alguém que tratou a música com o devido carinho e respeito que ela precisa e merece.

É isso

Ouvindo: Skank

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