sexta-feira, 15 de junho de 2018

A Argentina Agora é "Pro Choice"



Aborto, abortar, tirar uma vida, assassinato? Será assim mesmo? Isso é assim? Para alguns, sim, para outros, não, para o PDSB, "veja bem, talvez, por que não? Acho que sim". Começo o post com um certo ar de deboche porque o assunto é pesado, embora seja bem claro para mim. Sou contra o aborto, mas totalmente  favorável a sua legalização. Aplaudo a Argentina e seus deputados corajosos e seu presidente que em caso de o projeto passar no Senado prometeu não veta-lo.

Hipócrita eu? Nem pensar! Hipócrita é quem defende a proibição do aborto quando ele é feito nas mais respeitáveis clínicas Brasil a fora que recebem as ricas jovens que podem pagar por ele enquanto as jovens pobres e desassistidas morem em pocilgas nas mãos de aborteiros de quinta que nem médicos são e tomam o pouco dinheiro que elas tem e quase sempre suas vidas. Onde estão as pastorais, os evangélicos, os hipócritas de plantão que gritam contra o aborto nesta hora? Os que batem no peito e dizem ser "Pro Life" e assistem confortavelmente jovens morrerem sem auxílio algum na mão de verdadeiros assassinos apenas para manterem intactos suas respeitáveis reputações.

Não, aborto não é contraceptivo e tem que ser muito imbecilzinho pra achar que quem defende a escolha das mulheres o vê dessa forma. Não defendo a teoria de que fetos sejam descartáveis que a vida em si seja descartável ao ponto de concebe-la e em não querendo leva-la a frente  aborte-se sem dó e piedade, longe disso. Tacanho, mesquinho e desprovido de sensibilidade quem pensa assim posto que não é disso que se trata.

Mas trata-se sim, de salvar vidas de meninas desesperadas, de mulheres angustiadas que seja pelo motivo que for e não cabe aqui julgar, se veem tão desesperadas que recorrem a chá de mamona, agulhas de crochê ou tricô, sei lá, remédios vendidos pela internet e proibidos pela Anvisa por perigosos que são e ou morrem ou levam para o resto da vida o trauma de uma quase morte além da morte de seu feto.

Fácil para homens e mulheres bem nascidos e com gordas contas bancárias e padrões morais supostamente rígidos e normalmente pouco afeitos a ver além de seus narizes bradarem sobre o aborto e quem os pratica como assassinos e assassinas irresponsáveis e sem coração. Convido pessoas assim a darem uma volta nas favelas das grandes cidades e conhecer a realidade de meninas de 12, 13 anos forçadas a prostituição muitas vezes pela própria família. Dirão muitos que elas pode  ter seus filhos e darem para a adoção ou coisa que o valha. Solução simplista que não leva em conta uma série de fatores.

De qualquer forma se pudesse dar um conselho para qualquer mulher que pensa em abortar seria: Não aborte! Mas além disso, o que eu ou qualquer pessoa de bom senso pode fazer? Legislar sobre a vida alheia? Claro que não. Leis tem que contemplar crentes, ateus, macumbeiros, muçulmanos e todos os grupos que existem em uma sociedade, caso contrário uma lei, qualquer que seja ela causará exclusão e preconceito. A melhor forma de se mostrar contra o aborto é não o pratica-lo e a melhor forma de se mostrar cristão é apoiando quem o praticou, não julgando a pessoa e usando de nossas rotas e podres justiças para julga-las  e condena-las.

Fácil julgar e proferir julgamento, difícil ajudar verdadeiramente. A questão do aborto jamais terá respostas fáceis e exatamente por este motivo se você não tem o que dizer, fiquei quieto. Só um desalmado acha que é fácil abortar e só uma desalmada serial transforma o ato de abortar em algo simples. Que Deus, a minha crença e fortaleza perdoe a todas as que decidiram seguir este caminho sem volta e perdoe também os que acham que chutar cachorro morto (péssimo trocadilho) é fácil e oportuno.

 Não é e nunca será.

É isso

Ouvindo: Heritage Singers

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