sexta-feira, 6 de julho de 2018

Tempo de Reconstrução


Tenho ouvido muito, mas muito mesmo e bota muito nisso, o álbum 'Som da Minha Vida" da Fernanda Brum. Não tem um dia que não o ouça por completo ao menos uma vez e acreditem, tem me impactado como poucos álbuns conseguiram impactar, agora mesmo, ao escrever este post o faço tendo como trilha sonora  Som da Minha Vida.

O tema "reconstrução" permeia o álbum todo de uma forma ou de outra. Letras inteligentes, que falam ao meu coração de forma direta, sem meias palavras, dialogando com minhas questões, com meus conflitos internos, trazendo reflexão me fazendo muitas vezes ter longos períodos de silêncio obsequioso onde desligo meu ego extremado, minha falta de humildade e tento me colocar na posição que me é de direito e rejeito, a de servo de Deus.

Não sei me colocar na posição de servo, não sei me quebrar porque acho que não preciso me refazer. Minha euforia comigo mesmo me faz não ver necessidade alguma de mudança. Elogios são um veneno para mim e os tenho recebido em profusão ultimamente o que pode significar a minha ruína. Agradeço a Deus pelo álbum de Fernanda e suas canções que me fazem ver o ninguém que eu sou de verdade sem estar ao lado do Eterno. Difícil reconhecer a mim mesmo, difícil até saber quem eu sou de verdade em meio a tantas palavras que tenho ouvido e pior, acreditado.

Meus dilemas parecem simples para muitos mas para mim são imensos, ondas gigantes, verdadeiros Tsunamis que me afogam porque não sei lidar. E sei que o maior paradoxo não apenas meu, mas da humanidade, ou ao menos da porção Judaico - Cristã é saber o quão simples é resolve-los. Se o Eterno tivesse criado algo extremamente complexo como um jogo para ser jogado durante toda vida, com idas e vindas, um labirinto a percorrer, talvez ai sim mais e mais pessoas eu inclusive afluiriam a Ele na tentativa de ter um lenitivo para suas dores.

Acontece que Ele criou algo tão simples, tão fácil de ser feito que não entra na cabeça (ao menos na minha) como pode ser assim tão simples, quase desimportante, bastando aceita-lo. Como assim? Sem penitências? Sem sacrifícios imensos? Apenas aceita-lo? Não pode ser assim. Não da pra ser assim. Não vale ser assim.

Não falo por ninguém, mas posso falar por mim. Tenho o hábito em meu trabalho de transformar algo simples em algo triunfal, majestoso. Tenho a habilidade de vender minhas insignificâncias com uma grandiloquência absurda, risível até. O Eterno não se importa com isso. Minhas supostas conquistas, a forma com que convenço pessoas a comprar imóveis que nem queriam comprar pra Ele não interessa nem um pouco. A minha eloquência é para Ele, conversa fiada, nada além disso. Ele quer meu coração, não meu discurso de feitos bobocas.

Eu por meu turno não aceito isso. Quero reconhecimento,  quero confetes, quero os louros das minhas supostas vitórias. Não quero ser como o personagem da fantástica canção do "Arrais", "Rojões", cantar das vitórias e guerras que nunca vi. Não, eu quero o protagonismo. Ser indispensável, insubstituível e ninguém o é. Simples assim.




No entanto, é momento de quebrar-me, em milhões de pedacinhos. Não em duas metades, mas em pedacinhos que não possam ser  unidos novamente. É preciso uma reconstrução total, muito diferente de uma reforma, onde o básico se mantém e se muda uma coisa aqui, outra ali, eu preciso de uma total reconstrução com todas as dores e percalços e tropeços que algo assim pode proporcionar. Não importa o quanto eu desvaneça no caminho, não importa o quanto eu lute contra minha arrogância, minha falta de tato ao lidar com seres humanos em geral, nada disso importa, é tempo de reconstruir, de voltar ao pó (não, não quero morrer ainda) e talvez emergir dessa experiência como alguém se não melhor, ao menos menos pior do que hoje sou. Será?

É isso.

Ouvindo: Fernanda Brum

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