segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"Eu que te amo tanto" mas poderia chamar: "Eu que te aborreço tanto"


Mariana Ximenes é evidente, nunca foi uma atriz no sentido estrito da palavra, isso é um, fato. Rostinho bonito, corpo sedutor, Mariana no máximo tinha lampejos de alguém que poderia ter sido, quase uma Lindsey Lohan só que mais bonita e um tantinho só mais talentosa, o que no frigir dos ovos, não é lá grande coisa.

Claro que há de se admirar sua coragem em  atuar sob a direção de uma não diretora, Amora Mautner, que de direção mesmo deve entender apenas quando se trata de um automóvel, caso seja habilitada para tanto. Suas obras, sejam novelas, sejam qualquer outra coisa, carecem de personalidade, de um toque pessoal que qualquer diretor por pior que seja deve ter e ela, não tem.  No entanto, não sei se devo categorizar o ato de Mariana como corajoso ou subserviente, afinal é a Globo chamando e que não ator, jogaria fora a oportunidade de aparecer no Fantástico, por mais decadente e sem conteúdo que o programa global esteja.

"Eu que te amo tanto" é baseado nos depoimentos que a sempre ótima Marilia Gabriela recolheu e transformou em livro e que desafortunadamente a maquina da globo resolveu destruir ao entregar para a adaptação rasa e sem tempo hábil enxertada no Fantástico algo que mereceria uma mini série ao estilo "Carandiru, outras histórias", não poucos minutos de suplício como foi apresentado ontem.

Posto que o texto é ótimo a adaptação é horrível e a direção uma vergonha, sobraria a Mariana Ximenes e a Marcio Garcia, (deste ser, nunca tive qualquer esperança de ver algo que preste), tentarem salvar o quadro, mas foi ai que Mariana se desconstruiu.

Porque o que era apenas uma atriz sem sal virou uma não atriz, incapaz  de qualquer lampejo  que seja de uma atuação digna. Usar o recurso da maquiagem mínima como forma de tentar dar uma dimensão mais humana e real a personagem falhou fragorosamente ante a total incompetência tanto como narradora ( a narração é um capítulo a parte em sua incompetência, de gritar de ruim), e principalmente como atriz. Uma atuação tão fora de esquadro que era difícil para mim ontem sequer continuar assistindo até o fim após dois minutos apenas de sua miserável presença em cena. Talvez a pior atuação que já vi em minha vida e se levarmos em conta que sou Brasileiro e os atores aqui tirante poucos que podem se equiparar aos melhores do mundo são todos um lixo, é certo que Mariana teve que se esforçar para conseguir ser a pior.

"Eu que te amo tanto" prometia ser algo novo, um sopro de revitalização na combalida grade de atrações do Fantástico. Conseguiu ser apenas um arremedo muito mal ajambrado de algo que talvez pudesse ter sido bom mas foi pateticamente mal concebido e executado. Uma pena.

É isso.

Ouvindo: Arcade Fire


sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Carta para Fernanda (minha irmã que morreu), ou seja, carta para nignuém


Antes de mais nada, uma confissão. Quando você morreu, eu senti inveja de você. Não por você ter morrido, mas ali ficou claro: Nossa mãe te amava com todas as forças. Você simplesmente não tem ideia de como foi devastador para ela ter que lidar com sua morte. Ela só chorava e chorava e chorava mais um pouco. E nos intervalos, bebia. Eu queria, me desculpe a sinceridade, que ela tivesse gostado de mim, apenas 10% do que ela gostou de você. Mas veja, jamais te culparia. Jamais! Não me entenda mal, muitos já fazem isso.

Hoje é um dia especialmente triste para mim, mana. Eu falhei mais uma vez. Eu sempre tenho falhado sabe? Em tudo. Em todas as áreas da minha vida. De forma patética, de forma absolutamente irremediável. Eu falho. É triste, Fe, mas é a mais cristalina verdade.

Veja, se não fosse verdade estaria eu falando com uma menina morta? Que jamais vai ler o meu lamento? Falo na verdade com sua memória e com os únicos anos realmente felizes de minha vida que foram os que você esteve ao meu lado. Não sou maluco né minha irmã querida, sei que você não vai me responder e nem nada, mas estes momentos em que eu te busco, eu busco na verdade o seu sorriso em minha lembrança, eu busco a forma em que nos abraçavamos e eramos um só. Eu sinto, de verdade que mesmo tão novinha e tão inocente, você me amou. E sou grato a você e sou grato por ter a lembrança de seus cabelos loiros e cacheados como campos de trigo ainda tão viva em minha mente.

Sabe o que me entristece, Fe? Desde sempre eu sinto que minha presença sempre é imposta, nunca bem vinda. Sim, eu tive amigos, dois na verdade, mas não soube mante-los. Eu sempre me saboto minha irmã querida. De uma forma ou de outra, eu me saboto. Eu mesmo me encarrego de destruir todas as minhas oportunidades. Sou perito nisso. Eu tive duas amizades das melhores que qualquer pessoa pode ter mas simplesmente as destruí. Culpa minha, assumo total responsabilidade, como em tudo alias, eu assumo total responsabilidade. A culpa sempre é minha, e isso não é auto comiseração. Simplesmente é assim que é. Dai sempre me pergunto: Será que se você fosse viva, teria paciência para mim? Ou te afastaria também?

Eu me tornei corretor de imóveis., Um bom corretor sabe? Dos melhores, Fe, não tenho medo de afirmar. Mas sou também dos piores. Por que meu relacionamento é 0. Eu trabalhei já com diversos gerentes, mas sempre mana, sempre fui tolerado. Meus resultados sempre fazia com que eles não tivessem como me chutar de suas equipes. Trabalhei com gente legal e gente chata, mas sempre tomo o cuidado de as pessoas legais eu não gostar sabe? Me manter neutro. Porque eu sei que não gostarão de mim. Eu chego nos meus plantões e coloco meu fone de ouvido e me mantenho imerso porque as pessoas não gostam de conversar comigo Fe. Não que eu diga absurdos gritantes, mas não sei, alguma coisa em mim faz com que elas não curtam a minha presença. Sabe o cara que chega em uma roda e logo a roda se desfaz? Sou eu. Isso dói, Fe. Porque por mais que eu tenha uma capa de "não to nem ai", sim, eu estou muito ai. Eu vou acumulando, sofrendo calado. Dai, chega um dia em que por algum motivo aparentemente banal eu estouro com o primeiro que aparece. Coisa de louco, mas sou assim, mana. Isso é horrível! Porque se mo ouvissem, veriam que não sou um monstro, uma pessoa absurda, nada disso.

Então, eu vou lá e vendo. E fico jogando minhas vendas na cara dos outros. Porque quero que me notem. Quero como qualquer pessoa, ser amado, Fe. Mas não tenho carisma. Uma porta camarão tem mais carisma que eu. O que eu consigo é parecer ainda mais o que eu não sou. Arrogante, chato,  metido a besta e alguém de quem se quer distância. Não sou, mas acabo me tornando.  Como eu te disse, minha presença sempre é imposta. Tenho muita vergonha deste meu atual gerente sabe? Já arrumei confusões homéricas que resvalam nele, porque ele tem que arrumar o meio de campo pra eu continuar trabalhando. Me envergonho profundamente e sei que se eu fosse um mediocre já teria sido chutado a muito tempo. Na verdade mesmo sendo acima da média, ja deveria ter sido chutado. Não mereço nada muito diferente disso.

Não sei, Fe, nem porque estou dizendo tudo isso para você. Conspurcando a lembrança linda que tenho de você com tantas lamentações vazias. Acho que é porque hoje eu falhei de novo como te disse no inicio. Falhar dói demais, Fe. Falhar expõe o pior de mim, mas no meu caso é ainda mais degradante porque me lembra que não tenho um lado "melhor" para mostrar. Eu não tenho nada de bom, Fe, que agrade as pessoas. Acha que nossa mãe  em um exercício premonitório escolheu não me amar para não se decepcionar com o filo que teve? Acha que meu pai nem quis aparecer na minha vida pra não  levar as mãos a cabeça em desespero ao me ver?

Eu fiz uma coisa boa na minha vida, mana. Só uma. Minha filha.  Ela é linda, inteligente como eu nunca serei e poeta. Tem alma de artista sabe? Eu me orgulho demais dela, mas sei que a decepciono o tempo todo.  Tenho absoluta certeza que se ela pudesse escolheria outra pessoa para ter como pai e eu não a culpo. Eu simplesmente não consigo ser um exemplo de pessoa equilibrada e legal que ela deveria ter. Mas eu a amo Fe! Há, isso eu posso te afirmar. Um amor como jamais haverá outro em minha vida.

Eu queria muito que você estivesse ao meu lado agora, Fe. Queria te abraçar, queria dar risada com você, ou apenas chorar ao seu lado. Sei que você me entenderia ou talvez eu apenas me conforte com o fato de você já ter partido e eu não poder dizer que você me detestaria como todos. Veja a que ponto cheguei, minha irmã, prestes a fazer 42 anos de idade. A única pessoa que tenho certeza que me amou viveu a mais de 30 anos atrás e hoje tudo que eu tenho dela é uma lembrança que levarei até o dia que eu morrer também. Podia ser logo. Mas eu não tenho tanta sorte assim.

Obrigado pela paciência de ficar em minhas memórias até eu terminar este tolo desabafo.

É isso.

Ouvindo: Pato Fu

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Dos Livros que eu li (Para Rafaela)

Então, filha minha, li tantos livros tantos bons e alguns ruins (diga-se de passagem) e esta lista não tem ordem, ou razão á medida que vou lembrando vou falando. É um posta pra você amada minha Rafaela.

Eu li obviamente Cervantes e seu "O Engenhoso Fidalgo Don Quixote De La Mancha" você tem que ler. É obrigação filha, como também é obrigação ler a obra de Cecilia Meireles e dela, se apenas um for ler, leia "Solombra. Depois, aproveite e Leia Ligia Fagundes Teles. Dela, leia "As Meninas".

Volte a poesia e Leia Cora Coralina e talvez encontre o mais sublime entroncamento de palavras que também podemos chamar de poesia. Leia então, "O Tesouro da Casa Velha". Pra ficar nas autoras, vamos a algo mais denso porém fascinante da mesma forma vamos falar de Hilda Hilst. Pegue o seu livro chamado "Bufólicas".

Escritores nacionais  é claro que deve ler Machado de Assis. dele pode ler " Memórias de um Sargento de Milicias". Diogo Mainardi é um autor contemporâneo  digno de nota leia "Malthus, curtinho, menos de 100 pgs de uma sentada você lê.

Brasileiros, ao contrário de brasileiras não sabem escrever muito bem então vamos nos manter em lingua portuguesa, mas vamos falar de Eça de Queiroz. Dele é premente que você leia "Os Maias" sua obra prima a meu ver. Saramago, um dos grandes senão o maior escritor em lingua portuguesa, ganhador do Nobel merece ser visto. Leia as "As Intermitências da Morte". Vamos para a Argentina. Lá só tem um mas que vale por mais de 1.000 Jorge Luís Borges. Leia o Aleph.

Shakespeare, Leia sem dúvida alguma. Machbeth é uma ótima pedida. Leia Edgard Alan Poe "A Queda da Casa de Usher" é um conto dos melhores que ele escreveu. Jack Kerouack é também imprescindível. "On The Road". Gore Vidal, beiara a pefeição literária. "Palimpsesto" é o livro.

Filha, todos estes livros, que não são muitos eu li e os recomendo. Com o tempo, postarei outros. Mas o mais importante. Leia a BÍBLIA! A palavra de Deus. Tudo isso que te relacionei é apenas conhecimento, mas Deus é a verdade e a vida e a palavra Dele o caminho seguro para chegar a Ele.

Te amo. Logo, mais livros.

É isso.

Ouvindo: Madonna

Aguinaldo Silva perdeu a mão com seu panfleto gay chamado Império


Se eu tivesse a minha disposição o "prime time" (to chique hoje, ou melhor trouxa e abestado) da maior rede de TV aberta do Brasil, uma das maiores do mundo, eu também teria muito a dizer. Aguinaldo Silva, que é o Mestre dos Magos das novelas Brasileiras, faz uso do que tem a disposição de forma notável.  Escreve neste dias um panfleto homossexual que embora elegante e com diálogos palatáveis, não passa disso, um panfleto homossexual.

E Aguinaldo o faz com maestria no sentido que seu panfleto vem embalado como uma sub história dentro de uma história maior que como convém a toda novela é recheada de traições, reviravoltas, mocinhas e bandidos de caráter dúbio. Tudo que o populacho gosta e considera vital em uma trama de novela das 21:00. Atores bons, texto afiado, tudo conspira para que Império seja o sucesso que aparentemente já é, mas o que importa aqui é a tal subtrama.

Aguinaldo em Império dividiu o mundo em dois: Os que são bacanas, representados pelos homossexuais, bissexuais, ou os que simpatizam e acolhem ostensivamente seu estilo de vida (e no caso, não basta apenas aceitar como normal, ser respeitoso, cortês, agir dentro da normalidade civilizada. Tem que apoiar, gritar para o mundo que ser homossexual é que é bacana) e os que não fazem nada disso e logo, são pessoas que representam o atraso, o que o mundo tem de pior, a sua escória intolerante e infeliz que um dia aprenderá que ser gay é que é o que importa, nada mais.

Aguinaldo fantasia que a sociedade carioca, um estado conhecido exatamente pela sua pluralidade acima da média, é regida pelo que lê no blog de um jornalista que além de homossexual, persegue seus próprios pares pois sua sede de vingança é maior do que qualquer traço de objetividade e racionalidade que possa haver. E esta mesma sociedade simplesmente vira as costas para o seu Cerimonialista mais badalado apenas pela revelação de sua homossexualidade ou melhor bissexualidade. Veja, o ramo de festas, e aqui não vai nenhum julgamento apenas uma afirmação baseada em fatos reais, é constituído por uma parcela considerável de homossexuais. E na verdade, ninguém se importa, pois o que interessa é a qualidade do serviço prestado.

Mas no caso de Império, o personagem de Cláudio Bolgari, o tal cerimonialista, teve uma cidade inteira lhe virando as costas. Sua mulher, que aceita suas escapadas de forma natural, foi perseguida em supermercados, em festas, e sofreu um acidente automobilístico por conta dessas perseguições.

O seu namorado, se é que podemos classifica-lo assim, não por preconceito, mas pela dubieza de ambos os personagens, foi impedido de animar uma festa infantil porque as dondocas donas da festa o acusaram de pedofilia. Ora, Aguinaldo, o mundo não odeia os homossexuais, o mundo talvez não vá tolerar a vitimização deles que você promove.

Pois no fundo, é disso que se trata. Na visão de Aguinaldo, homossexuais são seres cômicos, tragicômicos, ou pura e simplesmente infelizes. mesmo a tal Xana, personagem ao qual o bom ator Ailton Graça ainda não achou o tom, dado não a complexidade do mesmo, mas principalmente ao comportamento tatibitate de seu escritor para com ele, consegue ser solar, sendo muitas vezes uma caricatura barata de alguém que poderia explicar o porque alguns homens se vestem de mulher de forma leve e atrair a simpatia do público pelo motivo certo.

Aguinaldo prefere ser didático como no capítulo de ontem, quando explico de forma "detalhada", ou quase, o porque o personagem não era pedófilo sendo basicamente porque "ele prefere homens mais velhos". Ora, se é pra ser se é pra mergulhar que seja no profundo, qjuando é no raso só se bate a cabeça no chão, Aguinaldo.

Aguinaldo, enfim, escreve duas novelas paralelas. A trama pelo poder na empresa em que pra variar ninguém trabalha, o ocupados que estão com suas "vendettas" e intrigas é digna de nota, como a muito não se via, ao passo que a outra, a que contém seus didáticos ensinamentos sobre como é legal ser homossexual é apenas entediante na medida que não aprofunda os personagens em suas motivações, angustias e mesmo alegrias que toda pessoa, independente da opção sexual, tem. Aguinaldo construiu até agora, um bando de caricaturas que dizem coisas como a frase de Téo Pereira em uma suposta audiência, que parecia mais o recreio de um ginásio qualquer com alunos folgadinhos e mal educados. Ele disse algo como: " Não existe cura para a homossexualidade". Ok, concordo. Mas  tirante os sectários que graças ao bom Deus são minoria em nossa sociedade, quem não concorda com isso? Perdeu uma chance de ouro, colocando um bordão repisado e nada além disso.

Aguinaldo, perdeu a mão e isso pode lhe custar a novela como um todo.

É isso

Ouvindo: David Bowie

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Sobre ontem a tarde


Foram 17 unidades vendidas no residencial. Mais 9 no comercial. Acho números bem expressivos. Talvez um cínico diga que não é nada mais do que obrigação. Eu mesmo, cínico incorrigível que sou sempre digo para mim mesmo que é isso mesmo: Nada mais que obrigação.

Fato é que ontem a tarde, passando em frente ao Florida Penthouses e também do Landmark, dois empreendimentos que vendi na mesma época e que estão na verdade no mesmo terreno desmembrado lembrei do tempo que eu era alguém.

Não por conta de grana. Estou e sempre estive cagando e andando pra dinheiro. Mas por ter vendido um empreendimento daqueles que marcam a vida de um corretor que dele participa. Me orgulho demais de ambos. Me orgulho demais de ter ligado para um, cliente as 23:00 e te-lo tirado da cama dizendo que estava fazendo "bobagem" de não ter ido participar do lançamento do Land. Me orgulho mais ainda de as 00;15 e  cara ter chegado com a mulher com cara de brava e terem fechado ali, na hora, quatro salas. Isso marcou. Me fez sentir, basicamente para mim mesmo, especial, um cara que sabe o que faz quando o assunto diz respeito a sua profissão.  O dinheiro? Gastei com bobagens, provavelmente, mas e dai? O ganhei honestamente e tinha o direito não?

No Florida também tem história. Vender para um casal de velhinhos tão simpáticos quanto idosos e saber que ainda moram lá, pois os vi caminhando em direção ao prédio, mãos dadas, curvadinhos, porém ali, dignos, como um casal de eternos namorados, me fez feliz. Quis cumprimenta-los, mas fiquei com vergonha. Fiquei com medo de não ser reconhecido, pois confesso, sei que não sou uma pessoa marcante quando faço algo de bom, apenas quando cago, porque são cagadas tão grandes que entram pra história.

Mas quando faço as coisas certas, também não as faço esperando reconhecimento, faço porque é assim que as coisas devem ser feitas, da maneira correta. Mas este casal, que na época já tinha por volta de 70 anos, mas era ( e ainda deve ser tão cheio de vida), me emocionou por apostarem em um empreendimento que demoraria três anos e meio para ser entregue ao qual diziam que seria sua última moradia. Fiz questão de escolher a melhor unidade possível, com a melhor vista, com o melhor preço que fosse possível conseguir, não porque não tivessem condição de pagar, mas para ser justo. E  consegui. E eles ficaram felizes.

E ontem ao passar por lá e coincidentemente vê-los, meu coração disparou. Por que existem vendas que a gente faz  e nem lembra no dia seguinte, mas existem algumas poucas que nos marcam, nos emocionam, nos fazem sentir-se pleno de orgulho, trazem uma alegria incontida, um sei lá o que... Talvez a palavra seja felicidade.

E sentei no banco do ponto de táxi que tem em frente. E olhei para o empreendimento, lindão, imponente, como uma bela mulher que se mostra, (ou duas, já que são duas torres), e lembrei do tempo em que eu andava naquele terreno, primeiro em uma barraca, depois em um imponente plantão e fiquei um bom tempo pensando na vida, nas coisas que fiz e nas que não fiz.

Claro, não cheguei a conclusão alguma, afinal não sou uma pessoa de concluir pensamentos.Quando acho que me apeguei a um logo outro vem de assalto e rouba minha atenção, mas ontem a tarde, eu definitivamente me lembrei do tempo que eu era alguém, era reconhecido pelo nome, tinha reconhecimento.

Hoje trabalho em em uma empresa em que sou apenas mais um. Se antes eu tinha uma diretora que me abraça toda vez que me via, hoje tenho um que nem me cumprimenta, provavelmente de tão ocupado que é. Não perco o sono obviamente por conta disso, mas quando passo ao lado de empreendimentos que me marcaram, como o Florida Penthouses. um misto de conforto e saudosismo me invade. Lembro que um dia, já fui alguém.

É isso.

Ouvindo: Michael Bublé

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Suzane Von Richthofen, a Assassina. Suzane, a Manipuladora. Suzane, a Crente. Suzane a Lésbica


Não paciência, disposição e sobretudo competência para  traçar um perfil psicológico de Suzane Von Richthofen. Seria pretensão demais até para mim que vivo a pretensão máxima de que sei escrever alguma coisa quando não sei, mas estas linhas que agora estou digitando falarão sobre algumas facetas aparentes da moça que matou os pais (ou mandou matar) e saiu de rolê.

Suzane, Assassina. Sim, ela foi a mentora do assassinato dos próprios pais. Por um motivo torpe: DINHEIRO. Isso foi provado nos autos do processo de julgamento que culminou com  sua prisão. Os irmãos Cravinhos, dois bobocas úteis aos seus planos, sendo um o seu namorado, também mofaram na cadeia até conseguirem a progressão de suas penas, mas ainda estão oficialmente presos. Sobre a faceta assassina de Suzane não há muito o que dizer. Tudo foi dito, provado e ela se ferrou, pagando pelos seus crimes até agora.

Suzane, a Manipuladora.  Bom sobre esta da pra escrever um tratado de psicologia falando sobre o tópico " A arte de manipular" Ela nasceu para tanto, tem o dom, o talento inato de manipular mente e corações de quem quer que seja. Uma sociopata em sua mais perfeita definição. Não existem regras de convívio possíveis de serem obedecidas por alguém como ela. Ela sempre vai querer quebra-las, não por que não concorda com elas necessariamente, mas porque quebrar regras é o âmago da vida dos sociopatas. Teatralizar seus sentimentos ao máximo para arrancar piedade e compaixão dos outros é com ela mesmo e suas aparições na mídia são cercadas deste elemento teatral que busca desesperadamente mostrar a pessoa que ela não é.

O egoismo de Suzane é evidente em cada palavra, cada gesto que ela produz em cada fibra de seu ser vibra a nota do egoismo de forma forte e acentuada. É incapaz de sentir pena do próximo. Matar, roubar, enganar, são para ela apenas apenas meios de chegar ao seu fim, não haverá remorso em seu coração depois de cometer cada uma das ações elencadas acima simplesmente porque pessoas como Suzane estão sempre certas ao seu modo de ver.  Não importa o que ela faça, ela sempre terá a razão e a sociedade se tentar barra-la seja de forma individual através de amigos ou mesmo parentes, seja através dos mecanismos condenatórios que esta sociedade como coletivo  tenha para enquadrar pessoas como ela terá dela apenas o seu desprezo e ódio. Suzane não está nem nunca estará pronta para viver em sociedade novamente. é uma doente e deveria ser tratada como tal.

Suzane, a Crente. Quero me deter neste tópico por um instante. Muito se tem dito que as crentes da prisão onde está Suzane não prestam por terem a expulsado da cela em que convivia pelo fato de ela ter "casado" com uma mulher. Falácia da mais imbecil convenhamos. Crentes devem sempre acolher assassinos, estupradores, ladrões, estelionatários e qualquer outra espécie de criminosos. Assim manda a palavra do Senhor. Não cabe aos crentes pedirem um laudo psicológico de Suzane para a acolherem em sua cela caso ela diga que se converteu. Se ela manifesta o interesse na conversão e em seguir a palavra de Cristo é o que basta. É assim que a banda toca entre crentes evangélicos e acabou.

Dai o que se diz agora é que enquanto ela era assassina podia ficar entre elas, agora que "virou' lésbica, não. Sem hipocrisia ou tentar amaciar o discurso, é exatamente isso mesmo. Assassina que se converte ou diz que se converte pode ficar sim. No entanto para os crentes, e eles tem todo direito de pensar assim, Homossexualismo é pecado e pronto. Se trazido a público, cabe aos crentes orarem pelo pecador, mas mante-la na cela seria uma quebra de regra interna que não pode ser permitida. é assim que é. Usar este ato como uma forma de fomentar o ódio entre crentes e homossexuais é desonestidade intelectual das mais graves, é triste, imbecil e um inútil exercício de maldade contra os cristãos. Não vai abater a moral dos crentes, pois eles sabem muito bem porque ela saiu da cela reservada aos cristãos e não estão errados. Aqui, se vê mais uma vez um calculo frio por parte de Suzane, ao tentar jogar a comunidade Cristã no vil opróbrio  apenas para chamar a atenção para si mesma. Tem que ser muito tosco pra cair numa cilada primária dessas. Suzane, um sociopata reconhece o outro então querida, você esta indo pelo caminho errado. (Não resisti a enxertar esta frase auto depreciativa).

Suzane, a Lésbica. Sobre esta faceta só posso dizer que ela tem um tremendo mal gosto. Escolheu a ex de Elize Matsunaga, quando a própria Elize é muito mais gatinha. Falar o que? Além de sociopata, é burra. Não merece nem de longe, o ibope que tem. Merece é uns tapas na fuça, isso sim.

É isso.

Ouvindo: June Carter Cash

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Quando eu voltar a ser criança

Esclarecimento: Este post não tinha a menor condição de ter outro nome que não este que recebeu, então imploro desde já perdão  de joelhos a memória de Janusz Korczak por ter me apropriado  do título de seu magnífico livro para nomear um post tão banal.

Quando eu voltar a ser criança a primeira iniciativa que tomarei será ter um pote lotado de bolinhas de gude. Um pote grande, bem bonito com bolinhas de todas as cores e variados tamanhos. Eu brincarei o dia todo com ela, ou ao menos, grande parte do dia. Terei também uma bicicleta e com ela apostarei corrida com meus amigos que moram na minha rua. Procuraremos uma rua que tenha uma ladeira bem legal para embalar e nos proporcionar velocidade e "zum"!!!! lá fomos nós rua a baixo felizes com nossa aventura.

Por mais que os professores sejam chatos e as aulas massantes, procurarei ir a escola. Na escola, sei que terei problemas pois quando eu voltar a ser criança, serei como eu já havia sido antes, eu acho, e dai, serei uma criança um pouco encrenqueira. Os professores me detestarão pela minha capacidade de fazer as tarefas rápido e porque ficarei conversando o tempo todo depois de termina-las e eles não suportam isso. Mas e dai? Quando eu voltar a ser criança não me importarei se os adultos estão zangados ou não.

Quando eu voltar a ser criança tentarei me cuidar e não ter Meningite como tive. Algumas pessoas acham que fiquei meio retardado por conta dela e não as culpo. Na primeira vez que fui criança eu realmente parecia ter algum grau de retardamento que me impedia de interagir com as pessoas da forma  mais apropriada e quando eu voltar a ser criança, não voltarei para arrumar algo que eventualmente ficou bagunçado. Voltarei para ser uma criança mais feliz.

Se eu não pegar Meningite, minha irmã Fernanda, aquela que já morreu, não será infectada por minha causa e continuará viva, o que me dará a chance de brincar bastante com ela e te-la como irmã quando eu novamente for adulto. Ser adulto é chato, mas não dá pra ser criança a vida inteira né? Se desse... Bom, de qualquer forma, seria uma fase boa se eu conseguisse me cuidar e não pegar a tal da Meningite, pois ter minha irmã por perto era tudo o que eu mais queria.

Porque dai a gente poderia correr e pular e gritar e iríamos explorar o mundo de uma forma única. Seriamos os irmãos exploradores, e quem sabe poderíamos viver mais aventuras que Julio Verne e é claro brincaríamos com minhas bolinhas de gude. Eu só dividiria minhas amadas bolinhas se fossem com ela. Nunca fui egoísta em relação a nada, mas com minhas bolinhas eu teria o maior xodó e só a Nanda poderia mexer nelas além de mim.

É que talvez ela preferisse brincar de bonecas até me lembro que no curto espaço de tempo em que ela ficou comigo, ela tinha várias, todas loirinhas como ela. E uma tinha cachinhos. Quando ela morreu da primeira vez, (porque se eu conseguir voltar a ser criança ela vai viver de novo) eu fiquei agarrado na bonequinha de cachos por muito tempo até o marido da minha mãe começar a me chamar de "mulherzinha", dai com meu pequeno orgulho de criança ferido, eu peguei a boneca e joguei em um bueiro. Isso me lembra que quando eu voltar a ser criança, tem que ser em Guarulhos, na Rua Mário e e eu tenho que dar um jeito de abrir a tampa deste bueiro pra pegar a boneca. A Nanda amava esta boneca e quando ela voltar não vai gostar nada de não vê-la na caminha que ela dormia.

Eu acho também que quando eu voltar a ser criança vou tentar empinar pipa. Nunca gostei, mas tentarei gostar desta vez. Sei lá, quero fazer coisas diferentes. Posso ensinar a Nanda a empinar também, porque eu sabia empinar, apenas não gostava, e talvez, se não for muita pretensão pra uma criança quero ensina-la a ler e escrever. Eu aprendi com cinco anos, ela como já era e novamente será muito mais inteligente que eu, aprenderá aos três, no máximo.

Direi a todas as pessoas que eu gostar que eu gosto delas, porque eu quero que elas saibam. Se algumas delas não gostarem de mim, o que é bem provável, eu espero que elas me digam também, assim eu posso ficar longe delas sem incomoda-las, afinal eu sei bem que adultos detestam ser incomodados. Quando adultos brigarem comigo pedirei imediatamente desculpas. Não quero ficar com a impressão que sou uma criança mal educada, então, eu sempre pedirei desculpas.

Ensinarei minha irmã também a jogar bola. Ela era tão delicada que talvez estranhe no início, mas sei que logo ela pegará gosto. Talvez jogue até melhor que eu porque minha irmã estava destinada a coisas grandes na vida eu hoje por exemplo sou um mero corretor de imóveis, ela com certeza se estivesse no ramo, seria diretora de alguma imobiliária grande já e eu teria muito, mas muito orgulho dela. Se ela não tivesse de mim, tudo bem, não estou muito certo se mereço que alguém se orgulhe de mim por qualquer coisa que seja.

Uma providência importante seria realizar alguma tarefa que eu conseguisse ganhar algum dinheiro, não muito, apenas o suficiente para comprar um coador pequeno para quando eu fosse tomar café com leite. Passei minha primeira infância inteira tomando leite com nada porque as pessoas nunca se importaram em coar para mim o leite e o fato de eu odiar nata com todas as minhas forças nunca mudou este quadro. E é claro que eu coaria para minha irmã também, afinal, ela certamente não gostaria de nata, mas não tive tempo de saber, pois ela morreu logo, antes de poder formar uma opinião definitiva sobre este detestável rejeito de leite.

Há tem tanta coisa que eu queria fazer quando eu voltar a ser criança!!! Tanta!!! Não saberia talvez por onde começar, exceto que ao acordar no primeiro dia de minha nova infância eu queria acordar no momento exato em que minha irmã abrisse os olhos grandes e coloridos e o seu melhor sorriso e me chamasse de Davizinho. Pronto! se não desse pra fazer mais nada do que planejei pra quando eu voltar a ser criança, apenas isso, uma vez que fosse me bastaria e eu poderia morrer em seguida, pois ser adulto novamente depois de ser criança pela segunda vez seria insuportável!

É isso.

Ouvindo: Soul Parsifal