sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Um Brasileiro vai ser executado Domingo na Indonésia


Claro que sou 110% contra a pena de morte. Uma solução ao meu ver bárbara, tipica de povos que preferem pagar a violência extrema, seja ela da forma que for expressa com um outro tipo de violência ainda mais extrema, se é que é possível ser mais extremo que o extremo. De qualquer forma, matar alguém por conta de um erro que esta pessoa tenha cometido é ao meu ver brutalizar e diminuir o grau de humanidade da sociedade que aceita tal mal feito.

De qualquer forma a sociedade da Indonésia aceita e mais do que aceitar, apoia a pena de morte para crime de tráfico de drogas. E quando uma sociedade aceita este tipo de agressão contra ela mesma, essa vendetta barata que me causa repulsa e deveria causar a qualquer a qualquer pessoa de bem, ela apenas esta comunicando que quer que seu País ao invés de julgar e punir os crimes cometidos por cidadãos de seu próprio seios ou estrangeiros, se vingue dos facínoras. Simples assim. Acontece que governos e sua justiça estabelecida não estão ai para vingar-se e sim para dar a pena justa, que jamais deveria ser pagar uma vida com outra ou pagar 13kg de drogas, no caso do Brasileiro com uma bala na testa.

Será que dorme bem o executor? Será que ele em seu íntimo concorda com o que é pago para fazer? O consumo de drogas na Indonésia caiu de 2003 para cá? (ano em que o Brasileiro foi preso) E agora com ele finalmente executado desaparecerá de vez? A miopia do  governo Indonésio me parece flagrante. Se o cidadão Marco Archer tentou entrar com tal quantidade de drogas no território deles é apenas por um motivo: Existe demanda para tal quantidade e obviamente, muito mais. Que tal executar o público consumidor também? Que não deve ser pequeno e deve ser é bem abastado, isso sim, uma vez que a dificuldade em conseguir a droga por conta de tamanha repressão deve ser bem grande.

É evidente no entanto que nem usuários, que devem ser tratados e nem traficantes, que devem ser presos por determinado número de anos e depois soltos para que tenham uma nova chance de viver em sociedade com  seu crime pago, devem ser mortos. Quando se decide por esta via, seja na Indonésia, seja em qualquer outro lugar, inclusive nos Estados Americanos que aceitam esta prática ou nos cantões da China, o que temos é um mundo que se mostra indiferente com a barbárie que se comete em alguns lugares e ainda pior, se rebaixa a altura dos executores. Sim, se rebaixa, pois a falta de indignação se transforma em aceitação passiva, em observação indiferente e isso é ainda mais abjeto quando este silêncio é motivado por questões "diplomáticas". Quando seres humanos viram moedas, realmente é trágico.

No caso do Brasileiro, ressalte-se que a Presidente  Dilma tentou, sem sucesso, dialogar com o brutal presidente Indonésio, que pouco mais que um pateta que é, disse compreender os motivos da Brasileira mas que não poderia tender seu pedido pois o Brasileiro teve um amplo direito de defesa e cumpriu todos os tramites jurídicos  até chegar a sua condenação final. Balela. Justiça na Indonésia? para Brasileiro? Cala a boca né!!!!???

Não conheço Marco Archer e nem me comovo com sua situação afinal de contas e acho que o crime de tráfico de drogas tem que ser sim punido de forma dura, mas a morte não é justificável neste e em nenhum outro crime, pois somos, antes de mais nada, seres humanos pensantes que podemos ter penas justas que preservem a vida do nosso semelhante por mais diferente de nós e pária de toda uma sociedade o crime que ele cometeu o tenha tornado. Indignação é a palavra que define meu sentimento hoje.

É isso

Ouvindo: Pedro Mariano

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Em tempos assim

Sim, pego emprestado o título de uma de minhas canções favoritas do Foo Fighters para falar  de mim e  com me sinto. é um post absolutamente confessional, de mim para mim se você não quer se cansar com o que escrevo pare de ler agora. Não haverão elocubrações  sobre um assunto especifico nem nada, apenas quero falar dos tempos em que vivemos e como ele me afeta.

Mundo, louco mundo este em que vivo. Ter é mais importante que ser, mas isto é quase que desde sempre. Acontece que isto esta se exarcebando  de uma forma absurda. Nossa vida não se passa mais em um mundo real, físico, onde trocamos palavras olhando um para o outro ou onde podemos sentar com quem se gosta e apenas contemplar o tempo passar entre amigos. Não. Hoje o que vale é o que sua rede social faz as pessoas pensar que você é e sobretudo o que você tem.

Vejamos por exemplo o tal do Instagram. Como diz a canção, é claramente "armadilha de Satánas!". Brincadeiras a parte, é um mundo tão perturbado e tão perturbador que realmente não consigo entender sua lógica. Ou a entendo muito bem e isso é o que incomoda.  Não existe mais uma viagem, seja em família, seja entre amigos que seja apenas isso: Uma viagem para se relaxar, passar bons momentos, curtir  em enfim. Não. As viagens hoje não são viagens se não tiverem dezena, as vezes centenas de fotos no Instagram. Se você não comunicar a todos os seus seguidores que está viajando, que está feliz, que esta realizado, a viagem fica infeliz, inconclusiva e não existe realização pessoal.

Somos avaliados pelo número de seguidores que temos em nossas redes. Minha filha se orgulha de ter mais de 500 seguidores no Instagram e eu sei que é um número pífio perto de algumas pessoas. Mas esses seguidores nem conhecem, em sua maioria a minha filha.  Li uma matéria que mostra como você pode comprar pacotes com  dois mil, três mil ou até mesmo cinquenta mil seguidores seja no Insta, no Face ou o Twitter. Comprar seguidores? Que mundo é esse??? Comprar seguidores? é o mesmo que comprar afeto, massagem no ego, que deve estar em frangalhos para  pedir tal atitude.

Tenho 290 pessoas em meu Facebook a única rede a que me filiei e acho um absurdo. 70% dessas pessoas pediram para que eu as adicionasse e nem faço ideia de quem sejam. É uma imbecilidade. Para que ter gente que eu nem sei quem é vendo o que escrevo? Essas redes servem é claro para mostrar que você é mais bonito ( só as melhores fotos serão colocadas), mais inteligente (só comentários bacanas serão postados, muitas vezes escritos por outrem) e tem mais poder aquisitivo do que realmente tem. Raras são as pessoas que conseguem ser quem são nessas redes. Conheço é claro algumas e me orgulho de ser amigo, marido e pai de algumas delas, mas no geral as pessoas querem apenas lustrar sua imagem e abrem mão de ações que poderiam fazer isso para usar posts, que insinuem que a pessoa é melhor do que realmente é.

Por outro lado, não estuo aqui conclamando um boicote as redes, pois reconheço sua utilidade em determinados momentos. Nem que seja para expor ao ridículo pessoas que dizem estar em um lugar quando o GPS do seu celular crava que estão em outro. Mas para além de detectoras de Pinóquios, as redes tem sim sua relevância n a sociedade estabelecida de hoje, negar isso seria um pouco imbecil.

Em tempos assim, eu me coloco a pensar sobre a relevância das relações. Precisamos mesmo de amigos no mundo real? Ou nos basta  termos os nossos seguidores? A verdade é que cada vez menos cultivamos o relacionamento físico. O toque humano é substituído pelo clique no mouse, pela ânsia de ver quantos "likes" a última foto postada gerou, de abrir a nossa intimidade para quem quiser dela partilhar e depois reclamar que vivemos em um "Big Brother".

Em tempos assim  que eu creio serem irreversíveis, nada me resta além de  lamentar o fim eminente das relações humanas como as conhecemos. Elas serão substituídas pela impessoalidade, pelo isolamento e principalmente pelas fotos  e vídeos em que mostraremos apenas os bons momentos de nossas vidas para que tudo sempre pareça bem. Mesmo que esteja grotescamente mal.

É isso.

Ouvindo; Foo Fighters

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Igualdade


Se somos livres, somos iguais. é simples demais o conceito. O que nos torna iguais é exatamente o fato de sermos livres. Livres para pensar, para agir, para tomar nossa próprias decisões. A igualdade é um valor atrelado totalmente a liberdade. Povos que não tem liberdade em sua plenitude não conseguem manter suas sociedades em um panorama igualitário, cria castas onde os que estão mais próximos ao poder tendem a ter uma vida muito melhor do que aquele que é alijado desta possibilidade.

Atrelamos normalmente a igualdade a questão social e nada é mais falso que isso. Sou igual ao meu próximo quando entendo que ele tem liberdade de proceder, pensar e viver da forma que melhor lhe aprouver e isso não pode ser um fator de afastamento entre eu e ele. A tolerância com as diferentes forma de pensar e se expressar é o adubo da igualdade e a igualdade que importa não é como eu disse a financeira, pois esta jamais será alcançada, mas aquela em que eu aceito que meu próximo seja diametralmente oposto a mim e ainda assim eu o entenda e aceite como meu igual.

Uma sociedade que aceita o livre fluxo de ideias e permite a expressão das mesmas sem censurar. Ainda que estas idéias possam ser consideradas ofensivas ao que convencionamos chamar de "moral e bons costumes" ou aos ditames de qualquer tipo de fé, porque se eu não entendo que minha forma de viver minha vida ou a fé que eu pratico não são superiores aos dos que pensam de forma diametralmente oposta eu rejeito neste exato momento a ideia de uma sociedade baseada na igualdade, já que tenho para mim que sou melhor do que aquele que não vive e pensa como eu.

O próximo passo quando se vive desta forma é  automático: Tenta-se suprimir seja pelo diálogo no início, seja pela coerção logo em seguida, suprimir o direito de se pensar e agir de forma A, B ou C, pois estas formas não estão em sintonia com as idéias vigentes. Ou seja, o diferente, tão aceito quando se tem noção da importância da igualdade se torna um perigo, um alvo a ser abatido.

Devemos como cidadãos em minha opinião buscar a construção de uma sociedade calcada na igualdade onde ricos e pobres não tenham que usar elevadores diferentes, não tenham tratamento diferenciados apenas pelo status social. Isso de fato não importa pois é infantil achar que é o dinheiro que causa a desigualdade. Não é. É a incapacidade de ver o meu semelhante como alguém que tem os mesmos direitos e deveres diante do governo estabelecido e tem também os mesmo direitos e deveres nas relações interpessoais. A falta do vil metal não pode de forma alguma diminuir alguém  e muito menos a diferença de sua cor de pele pode faze-lo diferente.

Não basta criminalizar práticas repulsivas como o racismo ou o Riquinho Rico que do alto do seu carrão ofende e humilha ao mais humilde. é necessário que se faça, mas não é o bastante. Precisamos de ações pedagógicas que ensinem  as nossas crianças que somos todos iguais e isso é bom e ser igual contempla todas as diferenças periféricas  que possamos ter, pois no fundo ´pe disso que se trata: Temos todos a mesma essência humana, mas devido a nossos aprendizados, nossas crenças pessoais, nossos valores, enfim a nossa vida e a forma que a encaramos acabamos pensando de formas diferentes e isso não tem a menor importância.

O deus que eu creio, o dinheiro que eu possuo, o status social, nada enfim,  deve interferir na igualdade que devemos ter entre todas as pessoas que compõe a sociedade. Se somos todos filhos do mesmo deus, ou se viemos todos da mesma sopa primal que deu origem as espécies não importa. Importa para mim crer em um Deus, o meus Deus, da cultura Judaico-Cristã e aceitar que existem outros que Nele não creem, ao contrário zombam da minha crença. Devo zombar também do fato de ele não crer ja que é tão arraigada em mim esta crença? Ao meu ver isso é o que incita o ódio e não precisamos disso.  Se alguém não crê no que eu creio, ainda sim ele é meu igual pois é livre para crer em que quiser assim como eu também o sou.

Se não buscarmos uma sociedade onde a igualdade seja um bem tão valioso quando a liberdade, não teremos uma sociedade justa. Ao contrário, nos dividiremos entre melhores e piores, entre negros e brancos, entre ricos e pobres, entre cultos e incultos, patrões e proletariado e todas estas divisões servem apenas para fomentar o ódio entre as pessoas, a insensatez, o gueto para aqueles que são minoria pensante, a morte da sociedade justa e o triunfo final de um modelo de sociedade em que manda quem pode e obedece quem tem juízo.

É isso que queremos para nossos filhos e netos?

É isso.

Ouvindo: Milad

domingo, 11 de janeiro de 2015

Princípio, o DVD de Leonardo Gonçalves não chega a ser uma decepção, mas...


E ai eu sentei e assisti ao DVD "Princípio", de Leonardo Gonçalves. Tudo o que se espera dele, esta lá. Interpretações impecáveis, arranjos muito bem elaborados e executados, uma platéia interessada, iluminação ok, fotografia ok, enfim, tudo dentro do script. Mas sei lá... Pela primeira vez em um trabalho de Leonardo, para mim, faltou alma, verdade, faltou não parecer um produto, pois é isso que este DVD parece: Um produto. Muito bem esquematizado e executado, mas um produto.

Para mim, o que difere Leonardo de tantos outros artistas da música Cristã atual é exatamente o fato de ele ter uma alma, uma verdade. De ser ousado e fiel a suas convicções. De construir um repertório que tem algo a dizer, não apenas músicas que você escuta e esquece em seguida. Leonardo sempre foi um artesão da arte, construindo sua carreira  deixando claro que buscaria os padrões mais elevados, que não se curvaria a tentação de lançar apenas produtos a serem consumidos e "Principio", parece se tratar disso, algo a ser consumido, vendido como pão quente. Pena.

Sim, em muitas partes o DVD é empolgante. "Sublime" o número de abertura, é empolgante, alvissareiro, faz antever um trabalho espetacular, e as musicas que se seguem, deixam claro que do ponto de vista técnico, será realmente um dos melhores trabalhos já produzidos na cena Cristã nos últimos anos.

Acontece que ali pela quarta música e até o fim, fica-se perguntando onde está a empolgação que um trabalho desses deveria causar. Não causa. Assisti o DVD todo conversando com outras pessoas, e até cochilei ali pela oitava cancão. Creio que ao vivo deva ter sido uma outra energia, uma outra temperatura, mais elevada, mas o DVD deveria ter captado esta atmosfera e não conseguiu. A forma com que Daniela Araújo entra para cantar a primeira de suas duas participações no DVD chega quase a ser calamitosa. Parece pairar acima das pessoas que ali estão e mesmo acima de Leonardo. Lhe falta leveza, carisma, encanto. Parece mesmo que um certo enfado esta presente. Ao fim da apresentação, ela sai como entrou e fiquei com a sensação que talvez tivesse sido melhor se ela nem tivesse entrado.

É engraçado  falar sobre este trabalho e cabe deixar claro que não há reparos a serem feitos seja na questão vocal, seja na produção, seja no instrumental, enfim como disse no início, é um trabalho irretocável, porém lhe falta a alma, a verdade. Cabe citar a transformação  que Leonardo sofre quando canta "Nachamu, Nachamu". Ali sim, percebe-se o seu coração pulsar, uma genuína vontade de defender a canção, uma interpretação completamente entregue. É, na minha opinião, a música do DVD.

"Princípio", não é uma decepção, mas poderia ter sido  muito mais do que foi.  Poderia ter coroado de forma definitiva a até aqui brilhante carreira de Leonardo. Não foi isso ao meu ver o que ocorreu. "Principio" é um produto, e produtos raramente tem verdade.Se fosse o DVD de gente como Damares, Thalles, tudo bem. De Leonardo sempre se espera mais e mais e mais. Nada além do melhor, e desta vez, ele não entregou.

É isso.

Ouvindo: Leonardo Gonçalves

sábado, 10 de janeiro de 2015

Post 1.000


Pois é! São mil vezes que escrevi neste espaço. São mil conversas pra boi dormir, mil opiniões, desabafos, lamentos, alegrias compartilhadas, são mil vezes que perdi em média 10 minutos para escrever algo que ninguém me pediu mas eu achei mesmo assim que deveria por para fora. é como fazer cocô: Involuntário na medida que não se escolhe a hora, mas é libertador.

Não tenho uma pauta pré definida. Me vem um assunto e eu escrevo. Me vem uma vontade de falar sobre algo, eu falo. Durmo, sonho com minha irmã e escrevo sobre isso. Vejo uma noticia, falo sobre ela. Ouço uma música, vejo um filme, uma peça de teatro e lá estou eu falando sobre. As vezes fico dias sem escrever, outras vezes escrevo dois, em questão de horas. Sou imprevisível e isso não é um auto elogio.

Escrever para mim é algo tão natural quanto comer. Como não me alimento direito  e adoro comer besteiras, minha escrita é ela também  recheada de besteiras. Na média, para cada 15 posts abaixo da crítica escrevo um que presta e quem lê é porque quer, nunca liguei para ninguém e pedi para ler minhas mal traçadas linhas.

Escrever, e aqui vai um clichê gigante, é para mim libertador. Me faz feliz, me acalma, me cura, me faz colocar ao menos na virtualidade de um blog os bichos para fora e verdade seja dita se eu soubesse expressar minhas idéias falando coma mesma clareza com que as expresso escrevendo eu já teria dominado o mundo, ou talvez chegado perto de. Você pode vasculhar este blog atrás de textos que não tenham fluidez e clareza na escrita e não encontrará. Meus textos podem ser ruins, admito, mas nunca obtusos.

Se vou escrever mais mil posts? Sei lá e nem me interessa saber. Vivo hoje e este texto está quase pronto. Isso me basta. Se outros vierem, quem se da ao trabalho de ler minhas bobagens saberá quando forem postadas.

Não vou agradecer a você que leu ou que lê com regularidade meus escritos. Vou acha-lo um trouxa de ter perdido tempo com isso com tanta coisa pra fazer. Seria melhor ter visto pornografia barata, teria sido muito mais instrutivo. Mentira. Estou sendo auto indulgente. E claro, fica aqui meu muito obrigado a quem leu, ainda que um único texto aqui compartilhado. Não levam a cura do Câncer, mas são sim, bacanas de se ler.

É isso,

Ouvindo: Leonardo Gonçalves


sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Liberdade


Já ouviram que "A sua liberdade termina onde começa a do seu vizinho"?  Bom, isso nãos e trata de liberdade, isso se trata de bom senso, algo completamente diferente, e nem pode se dizer que seja complementar a liberdade. Se fosse verdade que a liberdade tem um início e um fim, e ainda pior se fosse verdade que ela é delimitada sempre pelo outro, não estaríamos falando de liberdade, mas de um espaço limitado de atuação para cada ser humano. Pois se ele invadisse de alguma forma o espaço do seu vizinho, ou do seu amigo, ou de quem quer que seja,  perderia direito ao seu "quinhão"de liberdade".

Agora, como delimitar este espaço? Como posso ser pleno, tomar minhas atitudes e me responsabilizar por elas pensando se não estou invadindo a privacidade ou a liberdade de outra pessoa? Se fosse assim, o mesmo público que grita agora contra o Jornal Charlie Hebdo por exemplo, dizendo que eles invadiram a "fé" e os símbolos desta "fé" do povo Islâmico, jamais vai poder sequer folhear uma revista como Caras, ou se informar com uma revista como Veja, ou ainda assistir as matérias investigativas que tantos canais sejam abertos, sejam a cabo, produzem. Afinal,  como as fotos da Caras são conseguidas? Com consentimento dos retratados?Como Veja consegue uma matéria exclusiva? Pedindo a Renan Calheiros que cometa mal feitos e os avise para ser pilhado em erro? Ou os jornalistas vão lá investigar? E os canais de TV ficam dias, as vezes meses a fio tentando descobrir fatos relevantes para reporta-los a sua audiência?  Quando os conseguem não é invadindo a "liberdade" alheia??? E as empresas que hoje rastreiam e-mail dos funcionários ou escutam suas ligações particulares? Tudo isso com apoio jurídico? Estão elas erradas em assim proceder?

Estamos cerceados de forma inevitável na sociedade que vivemos hoje. Aqui no plantão de vendas onde estou, que eu tenha identificado existem mais de 20 pontos de filmagem de todos os passos de quem aqui trabalha e quem nos visita. Isso em menos de 500mts2!!! E os tontos do Big Brother Brasil é que acham que renunciaram a privacidade? Tadinhos...

Somos filmados em ônibus, metros, repartições públicas e ainsa sim clamamos por privacidade como e evocamos nossa liberdade para ter o que pedimos. Privacidade é uma coisa, liberdade, outra. E são bem diferentes. Precisamos urgentemente definir o que entendemos como liberdade, tanto como indivíduos como coletivamente, com sociedade, pois a liberdade, este tão precioso bem, vai aos poucos nos sendo retirada exatamente por pessoas que dizem por ela lutar.

Quando vemos "ovos de serpentes" sendo colocados em setores estratégicos  da nossa sociedade prontos para eclodir e nos cercear de dizer o que pensamos, de fazer o que queremos, porque podemos "invadir a privacidade alheia" e não nos mobilizamos, estamos concordando de forma velada e muitas vezes explicita mesmo com o controle cada vez mais furioso do aparelho estatal em nossas vidas. Se não lutarmos pelo direto da Charlie, da Veja, do Estadão, da Folha e até da Caras de  escrever o que quiser e de os canais de TV seja quais forem eles de veicularem o que bem entenderem, estamos renunciando a nossa própria liberdade.  Sem perceber, aos poucos, somos engolfados por um controle sútil que logo será ditatorial.

Se não brigamos pelo direito livre e irrestrito de culto, logo não haverão mais Mesquitas, Terreiros do Candomblé e outas manifestações  Afro, apenas porque apesar de nos dizermos um Estado Laico somos um bando de Cristão empedernidos que acham que só sua fé pode ter espaço. Até que alguma religião majoritária se levante e diga ser ela a correta e as menores sejam sufocadas. Se não lutarmos pelo livre direito de Credo, é isso que acontecerá. Um totalitarismo religioso intolerante se instalará.

Se não lutamos pela diversidade sexual e o direto de cada um viver a sua sexualidade com achar melhor, logo teremos também nesta área regras sobre quem pode fazer o que com quem e como. Não acredita?  Quer pagar para ver? Primeiro se persegue os homossexuais. Depois os que gostam de sexo anal mesmo que heterossexual, afinal esta é uma prática Sodomita e deve ser combatida. Depois os que gostam de sexo oral já que de onde sai xixi ou cocô, não se deve por a boca. Depois, e depois e depois. Quem abre mão de um pouco de liberdade par ter um suposto controle e segurança na sociedade, não merece liberdade alguma.

A liberdade é fundamentada em cima da pluralidade. Uma sociedade que não seja plural, jamais terá justiça e liberdade para os seus componentes. Se queremos que todos se comportem pelo nosso diapazão, não somos cultores da liberdade, somos sim cultores do nosso estilo de vida que quer queiramos quer não, pode estar completamente errado e não se aplicar  a forma de viver de outras pessoas. Precisamos fundamentar em nosso País o conceito da pluralidade antes de falarmos em privacidade, ou mesmo liberdade. Estamos séculos atrás das sociedade civilizadas que respeitam a forma plural de se pensar e viver. Sem este pensamento, liberdade é só um slogan sem sentido e sem valia.

Se não lutarmos por uma sociedade justa e plural que só assim será livre, jamais teremos identidade própria. Seja como indivíduos, seja como País e isso é o que de pior podemos deixar para nossos filhos. Pensemos, pois, fora da zona de conforto e ao invés de odiarmos a diferença, passemos a tolera-la, para assim exercitarmos a nossa capacidade de aceitar uns aos outros de forma verdadeira.

É isso

Ouvindo: A.I Soundtrack

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Je suis Charlie. Liberté, Égalité, Fraternité


Antes de mais nada, vamos deixar algo claro. Colar a imagem do Islamismo uma religião que difunde o amor e a tolerância em sua essência e estes bárbaros que atacaram a Charlie Hebdo e mais que uma revista, atacaram um País, é juntar-se a eles nesta bandalha horrível. Extremistas estão presentes em todas as vertentes religiosas  existentes e mesmo entre cientistas, ateus, enfim, há um aglomerado de pessoas com a mesma crença ou objetivo, extremismo há também ali. Mudam-se os métodos, ok, mas extremismo é extremismo.  Então, vamos culpar a quem tem culpa. Sem vendetta, mas com justiça. Que apodreçam na prisão, pois depois de captura-los simplesmente executa-los, seria brando demais para almas tão perversas.

Fico impressionado no entanto com a persistência destes tolos que além de querer guerrear sabe-se lá por quem (definitivamente não é por Alá) e porque (seus argumentos sempre são tortos, torpes e tolos além de completamente irracionais). Seu índice de sucesso é de 0%. Sim, 0%. Suas ações só dão certo do ponto de vista da barbárie, da violência contra suas vítimas, mas nunca do ponto de vista prático, que só poderia ter algum sucesso se levasse sua "causa" adiante. Só atraem ira e indignação. Nada de simpatia, nada de recursos lícitos sendo doados para a continuação de sua causa, nenhuma voz de apoio junto a comunidade internacional a defender seus atos. Nada. Ninguém os apoiará. Para cada um que matarem, no mínimo 1.000 levantarão a voz em indignação, mais e mais pessoas se unirão para contra eles lutar.

Liberdade, Igualidade, Fraternidade. Como isso foi acontecer logo na Pátria que mais preza este ideais? A França não merecia ser vilipendiada desta forma, não sendo o país plural que é, tendo os avanços sociais que tem, fazendo o possível que todos tenham alguma espécie de segurança embaixo do guarda chuva do Estado. A França meus amigos, repito, não merecia tamanha tragédia, não merecia tamanha ofensa. Eu choro pela França e todos deviam se unir em um choro catártico que libertaria as mágoas e nos deixaria prontos para a luta, a luta contra o mal, pois os radicais, os extremistas, sejam eles de que vertente forem, são o mal.

Franceses para mim tem uma ponta de arrogância no seu modo de ser que eu sempre admirei em secreto. Eles tem um cinema inigualável, não falo de bobagens como "Intocáveis", mas de delicadezas como "Amélie Poulan" ou a espetacular trilogia "Bleu", "Blanc" e "Rouge", singulares na forma e conteúdo ou ainda o  soberbo "O oitavo dia", filme que me faz chorar só de lembrar. Franceses tem também sua gastronomia que reconheço como colossal, mas confesso não admirar tanto quanto a Italiana por exemplo e Franceses tem a Charlie Hebdo.

A mítica revista satírica já bagunçou o coreto de Michael Jackson (bando de infiéis!!!), Jean Marie Le Pen (comparou-o  a um monturo de bosta na capa), com o Papa, com Judeus, com Cristãos, com Ateus, com eles mesmo,  e com o Islã. Os islâmicos que tem bom senso ( a grande maioria), estão literalmente cagando e andando para as charges que eles publicam, pois sabem que elas são apenas isso: Charges. Podem ser ofensivas em um momento, mas a imprensa tem a liberdade de se-lo. E ofensa é algo tão subjetivo que não vale a pena julgar. Vê-se, gosta-se ou não e a vida segue. Nenhum ser humano normal vai ficar remoendo porque uma revista publicou o seu objeto de culto ou seu deus em posição desfavorável. Se o seu deus for mega ultra power poderoso, em algum momento estas pessoas sentirão o peso de sua justiça. Custo a crer que Alá tenha cochichado no ouvido destes calhordas  extremistas instruções para que eles matassem o maior número de pessoas possível em um atentado brutal e sem sentido. Alá, certamente esta é bem envergonhado de ter facínoras agindo desta maneira em seu nome.

Minha igreja e meu Deus já foram muitas e muitas vezes satirizados no Brasil e no mundo. Fazer o que? Repudiei veementemente  quando o CQC ridicularizou uma mulher em um programa na TV Novotempo com toda razão por sua fala pueril, sem sentido e cômica. Mas repudiei não o CQC que apenas aproveitou a piada pronta, mas a nota que a apresentadora do tal programa, que ironicamente se chama "Sem Tabus", leu contra o CQC, dando uma dimensão infinitamente maior do que o episódio deveria ter apenas para não ficar "por baixo". Não saber rir de si mesmo é triste. Faltou humor a organização Adventista no episódio, falta humor aos radicais Islâmicos, falta humor ao Bolsonaro, falta humor ao mundo como um todo. Vivemos em um mundo absolutamente sem graça. QUE TRISTE!!!

Enquanto escrevo este post, escuto Maria Callas. é impossível para mim não pensar como a arte em geral e a música em especial poderiam mudar o mundo tornando-o mais tolerante. Se levássemos nossa vida na toada de uma canção, seja ela Árabe, Americana, Européia, talvez fossemos mais felizes. Se admirássemos as obras de Picasso com o mesmo fervor que ouvíssemos as canções de Khaled, derrubaríamos mitos, trincheiras seriam desfeitas, sejam as ideológicas, sejam as culturais, sejam as de que espécie forem. Mas não, sempre queremos estar certos. E brigamos por este motivo, para termos razão. Os extremistas que atacaram a Charlie Hebdo, não tem razão e nunca terão por mais que esperneiem, por mais que gritem, por mais que detonem corpos. Eles estão errados e são a escória. E como escória, tem que ser tratados, mas o tapa na cara mais importante e mais valioso a ser dados nestes pústulas seria sem dúvida alguma prende-los, julga-los com toda a justiça, com todo o aparato legal a disposição destes imbecis sendo disponibilizado gratuitamente e que a justiça, após ser feita fosse o maior emblema a mostrar que não importa o que se faça, ainda temos uma sociedade minimamente civilizada.

É isso.

Ouvindo: Maria Callas