segunda-feira, 9 de maio de 2016

Sou da quebrada, mas não sou maloqueiro


Tenho um imenso orgulho de vir do fundão da ZL. De verdade! Bom, nem preciso me justificar é evidente, mas não falo isso com qualquer ponta de hipocrisia ou sentimento parecido. Ter nascido e me criado na ZL, no Cangaiba, frequentando os campinhos de futebol da Vila do Sampa, da ponte pra lá, margeando o Tiete, me fez ser quem eu sou. Ou ao menos, tem uma influência imensa em quem eu sou.

Trabalho em Alphaville, morei uma par de anos em Moema e claro gostava muito, mas minha história, minhas raízes, quem em sou, a minha plenitude, o lugar onde caminho a vontade, cumprimentando meus amigos, meus trutas, é na ZL. 10 minutos de caminhada e abraço umas 20 pessoas e converso com umas 50. É quem eu sou e quem eu me orgulho de ser.

Mas não sou maloqueiro. Não me permito. Nasci na ZL mas não fui criado de forma a ser um marginal, bandido ou maloqueiro. Sim, muitos amigos escolheram o caminho errado e não os julgo, cada um sabe de si, mas não me permiti, não quis, quero me olhar no espelho e me orgulhar de quem sou.

Se por um lado como cantou lindamente Criolo,  "não existe amor em sp", seja na periferia, seja nos Jardins, existe sim a dignidade, o respeito, a integridade. Da mesma forma que não é preciso morrer para ver Deus, não é preciso de forma alguma passar por uma situação extrema para entende-la como tal, fazer algo errado para descobrir o erro. Nada disso. Somos sabedores do que é correto ou não e o que não é correto sempre salta aos olhos. Ser da quebrada não pode e não deve ser motivo para ser maloqueiro, não aceito isso.

Ser boca suja, desrespeitoso, ser uma pessoa que se comporta de forma inadequada e usar como desculpa para tudo isso o fato de ser da periferia é inaceitável.  Somos senhores de nossas escolhas das palavras que falamos, das musicas que ouvimos, da forma com que nos comportamos, da roupa que vestimos, enfim, nos tornamos o que queremos ser, não o que o lugar onde moramos supostamente nos obriga. Isso não passa de ladainha.

Eu me orgulho de onde vim sou feliz por ter me criado no Cangaíba City, minha quebrada. Sei por experiência própria que por vir de lá, tudo é mais difícil e exatamente por isso, cada conquista, por menor que seja, deve ser valorizada ao extremo. O Cangaíba é meu lugar, minha quebrada, mas quem eu sou é fruto de minhas escolhas e eu escolhi que jamais seria um aloqueiro. Simples assim,

É isso

Ouvindo: Tulipa Ruiz

domingo, 1 de maio de 2016

Carta para Rafaela


Eu sei que as dores de crescer te perseguem. Eu sei que não é fácil, eu sei que o peso do mundo repousa nos seus ombros e eu sei que tudo tem uma intensidade imensa, maior que o mundo porque quando se é jovem, quando se é pré jovem na  verdade (se é que da pra usar esse termo) tudo é urgente, tudo é para ontem e tudo para nos frear. Como eu sei? Eu tive sua idade, filha.

E parece que ninguém te entende e pior, nem quer te entender. E parece que o Universo está de complô contra você, com uma armadilha em cada esquina e com uma restrição por m2. Acordar e lutar contra o mundo não é fácil, viver uma vida aprisionada em si mesma é estafante, cansativo. é como em  "As Intermitências da Morte" pra mim a obra prima de Saramago, onde a morte deixa de existir em uma cidade e o caos se instala porque  as pessoas descobrem que precisam viver as suas coisas mas uma hora elas acabam e é preciso morrer, a finitude é necessária mas só descobre-se isso após anos e anos de uma vida que se quer viver da forma que melhor lhe aprouver.

E quando parece que o mundo esta contra nós, viver se torna tortura lamento. Eu sei disso, filha amada, mas sei também que o que hoje é um Furacão, amanhã é Brisa. Existem situações as quais você tem que passar, que te farão crescer, amadurecer, se tornar uma mulher de valor, mas nesse entrecho entre ser uma mulher de valor e o que você vive hoje, uma menina que busca se conhecer e se apresentar ao mundo, muitas coisas vão acontecer e talvez a grande maioria delas não te agrade.

Eu admiro essa sua inquietação, eu admiro essa sua necessidade de se perceber como ser autônomo, que não se deixa guiar pela vontade da maioria, que não é parte de uma manada, que assume seus gostos e opções que tem certo o que quer mesmo que seja para mudar de opinião semana que vem. E mude, mude mesmo filha, quantas vezes quiser até encontrar a sua opinião derradeira sobre determinado assunto. Assuma riscos, riscos calculados, é claro. Não se deixe guiar por tendências, antes, crie o seu caminho. Que ele seja rosa, mas se for espinho, que você chore seus arranhões no meu ombro, que minhas palavras possam curar as suas mágoas que meu abraço te coloque no centro novamente.

Se você se perder, eu te encontro, se você chorar, eu choro junto se você sorrir eu por dentro explodirei de felicidade. Não deixe que a triste te oprima de tal forma que o mundo pareça não fazer mais sentido, ele sempre vai fazer porque o sentido para o seu mundo é você quem dar.

Fé em Deus filha, que Ele é justo,  sua vida vai ser grandiosa porque você nasceu destinada a grandes feitos, tenho certeza disso. A você, só o melhor é o que desejo, todo dia, toda hora a cada minuto e para sempre. Amo você incondicionalmente e isso significa que nada, nada mesmo que você faça, pode mudar isso. O amor que te tenho é mais forte que qualquer elemento pode ser.

Com amor.

É isso.

Ouvindo: Pato Fu

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Entre tropeços e Sorrisos (Outro Sonho com Fernanda)


É inevitável para mim sonhar com minha irmã que morreu. De tempos em tempos eu sonho e são os únicos sonhos que consigo me lembrar de forma perfeita. Isso me intriga. Não que eu seja místico, não me entendam mal, mas  são sempre tão nítidos estes sonhos, tão reais e ficam por tantos dias em minha mente, que minhas emoções ficam afloradas por dias.

A conexão que tínhamos a conexão que nutríamos um pelo outro vão me acompanhar pelo resto de minha vida, não tem como ser diferente. Já contei aqui que tive Meningite e sobrevivi. Sobrevivi para levar para casa a cepa da doença que mataria a pessoa que mais amei na vida e não consigo lidar bem com isso. Nunca vou conseguir me livrar deste pensamento e das lembranças tão vívidas em mim de minha irmã brincando pela casa comigo, correndo e tropeçando a cada vez que eu chegava da escola para me receber no portão. Ficavamos horas brincando juntos, horas "conversando" sobre tudo e sobre todos e embora fosse muito mais um monólogo é claro, nunca mais achei alguém que me ouvisse com tanta atenção como Fernanda. Sei que sou chato e isso dificulta um pouco para ser ouvido por outras pessoas, mas havia uma pureza em nossa relação que não permitia este detalhe aflorar.

Depois que ela morreu não fui mais a escola. Nunca mais. Digo a todos que deixei de ir a escola porque não queria estudar mais, mas eu não queria mais era chegar em casa e não ter aquele serzinho lindo correndo até mim entre tropeços e sorrisos. Tenho 43 anos e tento sobreviver. Ultimamente tem sido bem difícil. Me sinto pressionado em todas as áreas de minha vida e toda noite durmo querendo sonhar com minha irmã. Quando sonho no entanto acordo triste. O ser humano é mesmo estranho. Ou eu sou estranho demais, sei lá. Entre  tropeços e sorrisos ela sempre me recebia e meu mundo ficava colorido. Me sinto um cão desde que ela se foi pois só consigo ver o mundo em preto e branco. Tudo me lembra minha irmã, toda criança loirinha e com olhos claros me lembram minha irmã, todas as manhãs em que o Sol nasce com um brilho intenso me lembram seus cabelos e toda bela canção parece ter sido composta especialmente para ela.

Entre tropeços e sorrisos eu tinha uma amiga, uma confidente e creiam, um menino de 10 anos tem muito o que confidenciar. Minha amiga se foi e nunca mais tive alguém que pudesse verdadeiramente chamar de amigo. Até achei que tinha, mas estava enganado. é engraçado como a vida prossegue mesmo que os tropeços e sorrisos tenham cessado. Manter-me vivo é algo que faço por instinto, não tenho vocação para morrer tão cedo. A vida as vezes me sorri, outras vezes me faz tropeçar, mas nunca mais verei aquela loirinha correndo em minha direção entre tropeços e sorrisos. Nunca mais.

Minhas dores é evidente pertencem só a mim, mas se não escrever enlouqueço.

É isso.

Ouvindo: Maria Calas

quarta-feira, 27 de abril de 2016

A Vitória Dos Derrotados.


Quando derrotados vencem, eu me emociono. Quando a vida da oportunidades ainda que limitadas e eles agarram, eu me regozijo com eles. Não é fácil ser um vencedor nos dias de hoje. A sociedade em que vivemos embora composta basicamente por imbecis coloca barras cada vez mais altas e rígidas para proclamar alguém vencedor. A grande maioria vive na mediocridade pura e simples, mas alguns são taxados inapelavelmente de derrotados. E derrotados,  não servem para nada além de serem chacota dos supostos vencedores e mesmo dos medíocres que veem neles a chance de serem alguém melhor do que realmente são.

O mundo não se importa com os que perdem. Normalmente os perdedores são os feios, gordos, deficientes, enfim, os que não se encaixam nos padrões que a mídia vende para uma sociedade absolutamente decadente e necessitada de valores morais mínimos. A beleza compra uma boa impressão apenas por se impor como tal, o dinheiro compra a tudo por ser dinheiro e ter o valor que a ele lhe é atribuído por cada um, o poder te faz vencedor porque te permite manipular aos outros e as situações da forma que melhor convém. Aos derrotados, não sobram nem as bananas, quanto mais um nesga se quer de reconhecimento.

Por este motivo, quando vejo um derrotado ganhar, ainda que parcialmente, ainda que por uma fração de tempo, ainda que uma vitória simples e suada, me enterneço. Sei por experiência própria como é difícil colocar a cabeça para fora do buraco em que te relegaram por te acharem inadequado. Quando além da cabeça os ombros conseguem vir a tona a vitória é ainda mais bonita e quando se consegue sair do buraco e caminhar sentindo o Sol batendo no rosto ai é algo tão digno de nota, que a emoção aflora de forma inapelável. A música tem este condão, o esporte também, mas é a música (ao menos para mim) que faz emoções surgirem de forma tão única que só nos resta extasiados aplaudir de pé a vitória de alguém que a sociedade considera  ninguém.

É triste ser ninguém. É mais triste ainda ser ninguém porque os que convivem com você decidiram assim. A mágoa, a dor, a tristeza que situações assim podem trazer podem marcar uma vida toda com cicatrizes que nunca se vão apenas porque não se é suficientemente bom para o mundo em volta. O som ao redor dos derrotados pode ser ensurdecedor porque é feito de risadas, muxoxos, meias palavras ditas a meia altura, ironias, enfim. pequenas torturas diárias que os derrotados carregam consigo. Quando um derrotado vence, ainda que seja apenas porque 4 pessoas lhes concederam quatro avaliações favoráveis. Eu choro. De felicidade. E amoça do vídeo abaixo, eu queria ter abraçado e muito, para que ela não precisasse ter se abraçado na mais completa solidão, ainda que cercada de pessoas.



É isso.

Ouvindo: Emma Jones e sua brilhante interpretação de "Ave Maria"

terça-feira, 26 de abril de 2016

MC Melody, seu pai retardado e o mundo colapsando de vez!


Antes de mais nada, existe "colapsando"? Se não, beleza, se sim, beleza também, estou usando e pronto. A cada dia que surge um vídeo novo desta pobre garota eu vejo o mundo entrando em colapso um pouco mais, ou seja colapsando.

Por que??? Por que esses vídeos pipocam no vocêtubo ou onde quer que seja? Por que esse pai que mais parece a figura do Demônio na vida da própria filha, tenta "construir uma carreira" para sua filha desta forma tão aviltante, expondo uma criança aos mais infames ridículos possíveis e imagináveis sem medir consequências e pior, sem pensar que a pobre garota crescerá e terá um dia consciência de todo o absurdo, todo o horror a que foi exposta quando criança. Será que o dinheiro que estão ganhando com isso compensa a destruição moral e psicológica de uma criança? Tenho absoluta certeza que não!

Belinho, o pai da Melody é antes de nada mais nada um analfabeto musical. Não conhece absolutamente nada de música, não tem ideia do que seja falsete, diafragma, nada enfim das sandices a que submete sua filha. Categoriza falsetes em "níveis de dificuldades" e escolhe logo o  de "Sister Act 2" que qualquer cantor profissional faz em um dia de preguiça de forma absolutamente banal como um dos mais difíceis do mundo em um de seus vídeos. De rolar de rir.

Nem vou falar das fotos absurdas de sua filha com maços de dinheiro ou de seu vídeo mais nojento quando em uma apresentação faz a menina dançar em poses que nem quero reproduzir aqui de tão sem noção e dignas de espancamento do pai que permite tal absurdo. Belinho deve ter passado fome  e só isso justifica embora nem isso justifique sua sanha em ganhar dinheiro em cima do talento que a filha não tem.

Melody é apenas uma criança, nada além disso. Sem nenhum talento especial e nem precisa ter talento algum afinal de contas, é uma menina graciosa, que encantaria a qualquer adulto com seus sorriso e ingenuidades típicos da idade se seu pai não fosse um anormal pronto a sexualiza-la  e acabar com sua inocência antes que ela atinja a pré adolescência.

Por que o mundo colapsa com isso? Simples. Assistimo tudo isso de forma passiva achando se tanto, graça em algo que deveria ser combatido, deveria ser parado. Belinho deveria ter o apoio de um psiquiatra e Melody  deveria poder ser apenas uma criança, nada além disso. Triste ver que nós enquanto sociedade estamos cagando para coisas deste tipo embrenhados em um individualismo que nos faz esquecer quem somos e por quem fomos criados.

É triste  ver o mundo ruir, é degradante ver as coisas tomarem tal forma. Avida vai, a vida vem e nada muda para melhor, as coisas só pioram. Belinho como pai é a metáfora perfeita do que existe depior no ser humano. Triste. Para ele e principalmente para sua filha.

É isso.

Ouvindo: Yo-Yo Ma

sexta-feira, 22 de abril de 2016

Sobre gostar de mim


Não valho a pena. E digo isso sem a menor auto comiseração. É algo real, palpável, principalmente para mim que me conheço a longos 43 anos. Pensar em gostar de mim, de minha cia, de minha pessoa é uma jornada que vira fardo, um caminhar com bolas de ferro presas na canela, um extenuante exercício de perda de tempo. Existem coisas muito melhores para se fazer na vida.

Já achei que quem buscasse ver sob a superfície aparente de mim fosse gostar das camadas internas. Balela que criei para mim mesmo. Quanto mais alguém se aprofunda em mim mais se decepciona e encontra ainda mais do que não gostar. Sou enfadonho, não sou leitura clássica e nem mesmo Pulp Fiction. No máximo sou Cassandra Rios, que ao escrever sobre erotismo achava ser um Nabokov de saias em busca de ela mesma escrever sua "Lolita", sua masterpiece. Só escreveu romances baratos.

E talvez na comparação acima se resuma tudo o que se precisa saber a meu respeito. Minhas referências são fantásticas, espetaculares mesmo, mas minha capacidade de equiparar-me a elas é nula. Sou uma mula que sonha em ser cavalo. Algumas mulas podem fingir que o são e até enganar algumas pessoas, mas não deixam de ser mulas. Minhas aptidões são para o transporte pesado, não para o refinamento de correr um "Grande Premio Brasil". Não sou  Secretariat , o lendário cavalo americano, sou o Pé de Pano pangaré sem brilho do desenho do Pica Pau.

Não existe tristeza nisso tudo. Constatar quem se é de fato, é libertador e ter coragem de dizer em alto e bom som é uma forma de depurar-se e tentar talvez fugir da mediocridade. Se minhas rimas não são como as de Marshall Bruce Mathers III (Eminem), que ao menos cheguem perto das produzidas por Bars and Melody.

E afinal de contas, cada um é como é. Pode até parecer uma frase tosca esta, (e de fato é), mas cada pessoa carrega, suas histórias, suas tristezas e alegrias suas conquistas e frustrações, suas razões e devaneios e tudo o mais o que compõe um indivíduo e não levar em conta toda essa carga individual que cada um carrega consigo é no mínimo injusto quando se trata de pensar o que quer que seja sobre atitudes de quem quer que for.

Não me importo com julgamentos exatamente por este motivo, mas me importo menos ainda por saber que eu mesmo me julgo constantemente e sempre sou reprovado por mim mesmo. Mais pessoas me reprovando só corroboram ainda que por motivos diferentes do meu que não tenho nada de boma  oferecer a quem quer que seja. Me aflige um pouco, por mais estranho que possa parecer, o fato de não ter nada de mal também a oferecer, porque isso me torna uma pessoa completamente "flat". Não sou bonzinho e não malzinho, logo a indiferença que me é designada pela imensa maioria das pessoas é totalmente justificada.

Não me convidem para festas, batizados, churrascos, peladas ou qualquer outro evento social. Não que eu não fosse gostar de ir, não me entendam mal. Quem me conhece minimamente sabe que fora do meu ambiente de trabalho eu sou uma pessoa extremamente tímida, não consigo me abrir e interagir, tenho medo de dizer algo e ser mal interpretado e da vergonha que me sobrevirá em seguida. Não sou cia para ninguém, nem a solidão gosta de estar ao meu lado.

Eu sei quem eu sou, e sei que a verdade tem que ser encarada de quanto em quando. Como o blog é meu, escrevo o que eu quiser e pronto. Tento me depurar as vezes, me livrar das toxinas emocionais que me arrasam. é um processo de mergulho em meu interior. Gostaria de dizer que consigo emergir renovado, mas não é exatamente isso que acontece. Eu gostaria de ser legal, de ter pessoas que gostassem de conviver comigo, que achassem isso um prazer, é besteira afirmar o contrário. Mas não sou e não tenho. A vida nem sempre me sorri e quando sorri não mostra os dentes sendo no máximo, um ensaio sobre o sorriso.

Fazer o que?

É isso.

Ouvindo: Prince

quinta-feira, 21 de abril de 2016

Jean Wyllys não cuspiu em Bolsonaro, cuspiu em todos nós!


Jean Wyllys é uma figura tão patética na sociedade brasileira que suas atitudes merecem pouco mais que uma risada rasa, um muxoxo embebido de indiferença, dado os absurdos contidos em suas palavras, gestos e proceder como um todo. Jean Wyllys é tosco e como alguém em tal condição deveria ser ignorado, mas sua tosquice as vezes extrapola e o faz passar de alguém a ser ignorado para alguém a ser combatido.

Jair Bolsonaro não é como muito pensam a antítese de Jean. Ambos são faces de uma mesma moeda.  Condenam  de forma intolerante tudo que lhes é desprezível mas querem que suas próprias idiossincrasias sejam aceitas sem limites e como grandes verdades irrefutáveis. Vivem um a fustigar ao outro como meninos bobos que são, que se provocam e estão sempre prontos a saírem as vias de fato por mais ridículo que isso seja.

São versões pioradas dos seus seguidores, que não passam losers natos que se deixam engambelar por qualquer discurso vazio e sem sentido. Tanto um quanto outro entregam exatamente o que a chusma que os segue, (uma gente barulhenta e sem conteúdo algum)  pede. A saber: histrionismo, histeria e um discurso retrógrado  que engessa o fluxo de opiniões e faz de cada palavra que é proferida por um dos dois uma verdade absoluta que deve ser seguida a qualquer preço.

Não existe o componente da tolerância nem em Bolsonaro e muito menos em Jean. Jean tenta posar de intelectual e com  sua fala pausada e bem articulada esconde ideais que fazem corar os reais democratas. Quer impor sua doutrinação sexual que não prima pela pluralidade, mas quer provar desesperadamente que o homossexualismo é a via que leva a  plena todos os seres humanos. Não existe em seu discurso espaço para a troca saudável de idéias, o debate franco, nada disso. O simples fato de ser um heterossexual e reconhecer-se como tal, soa como afronta para Jean e faz com que automaticamente a pessoa seja uma perseguidora de homossexuais que precisa ser detida.

Bolsonaro por seu turno insiste em um discurso em que se diz defensor da família brasileira. Claro, ele defende a família, desde que ela seja o que ele entende como tal. Não existe a menor possibilidade de variação na paleta de cores de Bolsonaro e se o conceito de família variar um milímetro para esquerda ou direita do que ele entende ser o centro da questão, baixa o Cel Brilhante Ustra, seu ídolo confesso e o couro come com gosto. Tortura não é crime para ele, é ferramenta de trabalho.

Acontece que para mim os dois poderiam se explodir juntos ou separados, tanto faz, mas poderiam se explodir. O Brasil passaria melhor sem eles, isso é um fato. Mas também é um fato que nem um nem outro vai se explodir, mas irão continuar a se provocar no Congresso Nacional, que tem a vergonha de ter a ambos como membros e pior, sempre nos momentos mais inconvenientes.

No dia da votação do impedimento de Dilma Roussef ao que parece Bolsonaro cutucou Jean que cuspiu em Bolsonaro. Uma cena infeliz e desnecessária que repercutiu em todo mundo e mostrou a todos o nível rasteiro da política brasileira sem, filtros ou retoques. O povo brasileiro foi cutucado por Bolsonaro e na sequência cuspido por Jean. O povo brasileiro não merece ter representantes tão vis, tão amorais e tão despreparados para ocupar o cargo que ocupam. O povo brasileiro precisa ser urgentemente liberto desta escória que povoa Brasília. Jean Wyllis precisa ser cassado, Bolsonaro idem e o Brasil, ou sua política melhor dizendo precisa ser depurado

Não merecemos a cusparada que levamos na cara de Jean Wyllys. Não merecemos.

É isso.

Ouvindo: Titãs