quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Eu Preciso Dizer Que Te Amo (Mais Uma Carta Para Minha Filha)


Estou ouvindo Los Hermanos. Eu que te apresentei lembra? Te dei um CD deles, "Ventura", porque tinha certeza absoluta que você ia gostar, como de fato gostou. Tinha certeza absoluta porque te conheço muito melhor do que você se conhece. Porque você é uma parte indivisível de mim, mesmo estando fisicamente separada e este paradoxo do indivisível que se divide porque é assim que a vida é e segue, que hoje nos une e separa em ciclos de amor e  as vezes também um repúdio passageiro.

Você terá 30, 40,  50, 60 anos e se vivo eu estiver, será sempre minha menina.Sempre. Você se recusava a dormir e quando eu brigava com você, isso aos 2 aninhos, você dizia, "Papai, eu te amo" E eu chorava, feliz e pleno de amor e orgulho. Quando eu saia para trabalhar, você chorava nos braços da sua mãe no portão de casa, pedindo pra eu ficar e eu queria ficar ao seu lado, mas precisava ganhar o pão. E saia eu também chorando já de saudades, porque você, Rafaela sempre será o meu amor mais puro e genuíno,  a força que me faz levantar e lutar por um futuro melhor que quero te dar.

Hoje você reclama do meu trabalho e sei que reclama com razão pois ele nos afasta, mas não me afasta de ti porque eu ame mais o meu trabalho mas porque eu amo mais a você e preciso te preparar para a vida, para que você estude, brilhe e não precise trabalhar tanto quanto e nem tenha que ouvir as vezes o que não quer ouvir e ter que reprimir  respostas que gostaria de dar, quero que seja um espirito livre, que faça só o que gostar e quando quiser e para isso, filha que amo, preciso trabalhar e trabalhar e trabalhar porque o seu futuro esta em minhas mãos no sentido de que quero te ajudar a fazer o que quiser sem ter que se submeter as ordens chatas que o mundo da.

Temos eu e você a mesma forma de ver o mundo embora você ainda não entenda isso. Somos iguais e isso me da uma alegria que você não faz ideia. Mas sou seu pai, me cabe te educar, te orientar e mesmo que estejamos passando por tantas turbulências você sabe bem porque, eu prefiro que goste menos de mim agora para que no futuro, ao entender meus motivos, você me ame com mais força. E se não me amar, saiba que não dependo do seu amor para eu te amar.

Eu preciso dizer que te amo, Rafaela. Que eu amo o seu sorriso, o jeito com que você conversa, a sua voz estridente e chatinha que sempre busca me provocar com palavras. Eu amo a sua autonomia ao pensar e não concordar com suas ideias não me faz não gostar de você, ao contrário, me faz admirar você e seu "topete" ao me dizer o que acha. Mas em que pese o fato de que nem sempre você estará certa e muitas vezes eu também não estarei, eu te amo e te amarei até meu último suspiro. O mundo pode acabar, você pode me odiar, pode acontecer o que for Ra faela, eu vou te amar e com uma força tão grande que nem adiante eu tentar explicar.

Tenho sonhos que todo pai tem sabe? Te levar ao altar e te entregar a quem te mereça no sentido de te amar e ter o desejo de fazer você tão feliz quanto você merece ser. Quero ser avó dos seus filhos, quero brincar com eles, quero curtir sua barriguinha de grávida, quero ser a primeira pessoa que você vai pensar quando estiver em dificuldades por saber que eu não vou te julgar e mesmo sem concordar com algo estarei pronto para você.

Sonho em te ver realizada profissionalmente, sonho te ver plena, sorrindo muito mais que chorando e ser ombro quando você chorar. Sonho principalmente e sonho todos os dias, que possamos ser apenas pai e filha, que se amam, vão ao cinema, comem uma pizza juntos trocam ideias.

Sei que hoje posso ser uma vergonha em sua vida já que não sou descolado como seus amigos e nem estiloso como eles. Entendo você, não pertenço ao seu mundo e isso, filha, é normal. Vivemos épocas diferentes temos visão de mundo diferentes apesar de sermos emocionalmente iguais e gostamos de coisas diferentes. Talvez eu diga coisas que te envergonhariam na frente de seus amigos minhas danças tresloucadas, minhas piadas estilo "Woody Allen", tudo isso não faz parte do seu infinito particular e não me sinto deslocado com isso. Só quero que saiba que te amo, eu preciso muito filha, dizer que te amo.

Tenho 43 anos, diabético, gordo, posso enfartar amanhã. Embora eu não pretenda cometer essa deselegância comigo, isso pode acontecer. Se acontecer, saiba que eu te amo e te amo para sempre. Eu preciso dizer que te amo. Escrevi tudo isso para no final poder encher a boca e dizer que te amo. Do momento em que você veio ao mundo, Rafaela Luz Rocha, eu te amo. E até o momento em que eu deste planeta me retirar eu vou te amar. Pode as vezes parecer que não pois como disse, preciso te corrigir e uma vez ou outra ser um pouco rígido. Mas eu preciso dizer que te amo.

P.S Obrigado por ter me ensinado a gostar de Esteban Tavares, músico de primeira que não conheceria se não fosse sua dica.

É isso.

Ouvindo: Los Hermanos

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A Vida Segue


Se tem uma coisa que a corretagem de imoveis me ensinou é que a vida segue. Claro que eu poderia ter aprendido esta máxima até simplória as vezes de outras formas, mas na corretagem ela é mais forte, mais presente e nada como um dia após o outro dia e entender que a vida segue para continuar vivo e feliz na profissão de Corretor de Imóveis.

Somos nós corretores antes de mais nada verdadeiros seres dotados de uma fé imensa que tem que ser intrínseca a profissão. Sem acreditar sempre e muito, nossa profissão não funciona, porque antes de mais nada tratamos com pessoas que não conhecemos e por mais tempo que se tenha em uma profissão como a nossa, ainda não se inventou um método 100% eficaz para detectar se o cliente mente ou não, e acreditem, eles mentem o tempo todo.

Em geral clientes mentem mais ou menos da mesma forma. Quando não tem dinheiro, dizem que tem. Quando tem, escondem e dizem que não tem. Se gostam de um imóvel, tentam esconder e procurar defeitos para baixar o preço. Isso tudo é via de regra então quando um cliente chega, sem reclamar de preço, sem querer barganhar, sem ver defeitos na planta e nem nada, o sinal vermelho do corretor liga-se automaticamente.

No entanto vivemos uma rotina de negociações tão duras e intensas, tão complicadas, estafantes, agoniantes até, quer quando um cliente chega sem se opor a nada e paga o que foi pedido, desconfiamos sim, mas rogamos aos céus que seja tudo verdade.

Mas para nosso infortúnio, na maioria das vezes não é verdade e não acaba bem uma história recheadas de facilidades para a compra de um imóvel. E um dado é um fato: Tombos frustrantes nunca acontecem com imóveis de apelo popular, de baixo valor. Não, amigos, sempre acontece com imóveis parrudões,  caros, que tem comissões de brilhar o olho do mais experientes corretor. Dai mesmo com o sinal vermelho que nos diz para segurarmos a onda, a tendência é irmos contra todas as evidências e buscamos crer no impossível. As vezes, muito raramente, da certo. Na maioria das vezes no entanto, não.

E embora a vida siga, é claro que fica um travo amargo na boca por alguns dias. É evidente que a tristeza toma conta, mas no meu caso ao menos dura apenas até a entrada do próximo cliente no stand quando então as forças se renovam e toda a energia que tenho volta-se para convencer ao cliente que colocará 1001 objeções até fechar o contrato. E no fim das contas, é bem mais legal assim. A vida segue, e sempre seguirá, até o dia que a nossa inimiga maior, a morte,  enfim colocar um ponto final neste ciclo que sempre se renova de vida que segue apesar de tudo. O que importa no final é poder dizer que tive uma vida boa. Acreditando em tudo, pois tenho fé.

É isso.

Ouvindo: Estevão Queiroga

terça-feira, 30 de agosto de 2016

X Factor Brasil


Antes de mais nada, quem é Aline Rosa no rolê musical para ser jurada de um programa como X Factor Brasil? Umas das  músicas mais imbecis que já ouvi na vida chama-se "Chegue Chegando" uma letra indigente, um arranjo feito pra dançar e nada mais. Literalmente perdi a vontade de viver ao ouvir, ainda bem que acabou antes de levar a termo a ideia suicida que me rondou durante a audição.

Então, um programa que se pretende sério e tem uma jurada deste nível já deixa claro na partida não ser tão sério assim. Quanto aos outros três, nem de longe são analfabetos musicais, mas é claro que Rick Bonadio é de longe o melhor dos três. Paulo Miklos e Di Ferrero não comprometem e tornaram o programa, ao menos, que são eletmenos enfadonho.

E ai reside o problema maior de X Factor Brasil: Ao contrário das versões Americana e Britânica que desde as primeiras audições são eletrizantes, a versão tupiniquim começou com o freio de mão puxado, mais do mesmo, apresentadores sem sal, sem real interação com os participante e sem criar empatia com o público que acompanha na telinha.

É incrível como as versões brasileiras dos programas lá da gringa não conseguem reproduzir cenários a altura, ter apresentadores, jurados a altura e principalmente candidatos a altura. A falta de talento dos candidatos brasileiros ´é gritante! Não existem em um universo de milhares de candidatos, uma dezena que tenha o minimo do minimo para tentar a carreira artística e os programas acabam virando muito mais um show de humor involuntário do que qualquer outra coisa. E por mais que humor involuntário seja talvez o humor mais engraçado que exista não é isso que se espera quando vai se assistir uma competição musical.

Talvez o programa melhore no decorrer da temporada, talvez os ajustes que precisam ser feitos aconteçam e o programa decole. Torço para que seja assim, afinal bons programas ainda mais na TV aberta, estão em falta. Mas na verdade o que precisa ser feito em minha opinião ao se pensar em programas com X Factor Brasil é um trabalho de pré produção descente que busque candidatos com potencial real para que assisti-los seja um prazer, não uma provação.

É isso

Ouvindo: Beyonce

domingo, 28 de agosto de 2016

O Silêncio


As vezes é preciso manter firme suas posições sabe? Porque eu penso que se tenho convicções de minha crença é necessário defende-las, é preciso pagar o preço se for preciso seja ele qual for. Não se pode vender convicções, não se pode fazer corretagem de princípios, pois são eles que regem a vida. Sem princípios, quem eu sou?

No mundo, louco mundo que vivemos, ter convicções e sobretudo princípios é pedir para ter problemas. Há de ser político antes de mais nada, é necessário ser "maleável", ter diversas opiniões sobre o mesmo assunto. Pensar de forma coerente e homogênea é o caminho mais curto para ser tachado de radical, intolerante, obtuso até. Defender o que é certo apenas porque é certo, sem visar benefício próprio virou maluquice. A vida, neste mundo louco esta cada dia mais complicada.

Tenho tentado permanecer calado, falar o mínimo possível, não externar o que eu penso pois isso além de prudente pode me evitar muitos aborrecimentos. Não quero mais comprar brigas que não são minhas, não quero ser visto como o criador de casos porque venho aprendendo a base de muita porrada que ser resoluto no que se pensa, buscar o que é correto, ser firme e não dar margem para manobra no sentido de mudar o que penso apenas para ser político não me faz ser percebido como alguém com firmeza de caráter e sim como um trouxa.

Não vou, de forma alguma, mudar minha forma de pensar e mesmo de agir, mas penso que o silêncio pode me trazer menos dissabores,diminuir a fadiga, e é evidente que um pouco de introspecção não faz mal a ninguém. Minhas opiniões não precisam ser conhecidas por todos, a forma apaixonada de defende-las dará lugar a uma sutil e breve argumentação que cessará assim que eu detectar alguma possibilidade de  confronto. Não quero mais comprar brigas e muito menos as quero de graça. O silêncio me poupará de sofrer,

Eu acredito na força das palavras, mas essa força não anula a força de uma mudez obsequiosa, imposta por mim mesmo e que é claro será trabalhada aos poucos. Não tenho pó de pirlimpimpim para uma mudança imediata e o trabalho de mudar a sim mesmo é hercúleo, mas pode ser igualmente compensador.

Mudanças nunca são fáceis, muito pelo contrário. Requerem um nível de disciplina que eu não tenho mas que preciso me forçar a adquirir. Eu sei quem eu sou e sei que sou uma pessoa do bem, mas não sei comunicar ao mundo isso. Vou continuar não comunicando porque embora acredite na eficácia do marketing pessoal, não o quero como instrumento a ser utilizado em minha vida. Não me faz bem, não me agrega.

Quero estar bem comigo, quero conservar a minha paz interior e me sentir honesto e integro diante de mim mesmo e percebi finalmente que o silêncio vai me ajudar a ter essa paz. Que Deus me ajude.

É isso

Ouvindo: Maria Callas

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Elke Maravilha


Elke Maravilha, Russa de nascimento, Alemã de passaporte e Brasileira por opção, morreu. A morte sempre será uma merda, sempre, mas quando ela atinge pessoas tão especiais como Elke Maravilha, ela mostrar sua face mais perversa. Elke não deveria morrer, sinceramente espero que ao menos, o seu legado permaneça.

A face mais conhecida e menos importante de Elke era a de jurada de programas de televisão. Muito mais importante no entanto era o seu ativismo político e social, sua capacidade de falar as maiores verdades ainda que sorrindo e sem medo de ser punida. Era uma anárquica e como todo bom anarquista, seus atos ainda que fossem em grande medida inconsequentes, polêmicos, eram antes de mais nada pensados para abalar as estruturas de um status quo carcomido pela conservadorismo latente nos anos 60,70 e 80 e geralmente, abalavam.

A morte de Elke, cidadã do mundo que falava de forma fluente oito idiomas masque tratava este dado de sua biografia como algo  quase banal, sem maiores méritos é antes de mais nada a morte de uma representante do Brasil que pensa, que não aceita calado as barbaridades e atrocidades cometidas contra um povo sofrido e indefeso. A morte de Elke cala uma voz sempre combativa, aguerrida, pronta a dar sua opinião sem medo de ser calada.

Elke foi presa pelo regime militar, foi jurada de Chacrinha e Silvio Santos, foi atriz, modelo e manequim. Uma figura absolutamente ímpar cercada por pessoas entediantes e sem conteúdo que ainda sim tratou a todos com educação e cortesia. Em uma entrevista para o grande Abujamra em seu programa provocações revelou ter crescido em uma comunidade com forte presença de negros e branca como a neve disse ter muito orgulho de lá ter crescido. Um pessoa admirável em todos os aspectos.

Perder alguém como Elke Maravilha é uma lástima. Lástima maior entretanto é um fato como este passar quase que desapercebido, sem comoção por parte da nação, sem que um luto oficial de três dias fosse decretado. Elke merecia isso e muito mais. Foi uma legítima brasileira, ainda que nascida na Russa de Pai Russo, Mãe Alemã e avós Mongóis. O legado de Elke é inestimável e fariam bem os canais para os quais ela trabalhou se  produzissem especiais sobre sua vida. Não creio no entanto que o farão. Uma pena. Uma verdadeira pena.

Descanse em paz, Elke Maravilha, eu de minha parte, prantearei sua morte.

É isso.

Ouvindo: Radiohead

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Colegas - O Filme



Quando foi lançado a um tempinho atrás, Colegas - O Filme, não me animou a sair de casa e me dirigir ao cinema. Me arrependo amargamente. Deveria ter tido a experiência fantástica de ver Colegas na telona e não na telinha do meu notebook.

Absolutamente tudo em Colegas, funciona. Da trilha sonora fantástica que pinça as melhores canções de Raul Seixas ( aqui, se não é uma referência diretamente a I Am Sam de Jessie Nelson, com Sean Penn  quebrando tudo, é no mínimo uma clara inspiração no filme citado que  teve em sua trilha sonora, apenas musicas dos Beatles) até  a narração soberba de Lima Duarte que embora muitas vezes tente explicar o filme, em nada  o atrapalha, antes o abrilhanta.

Colegas, é uma fábula, mas são tantas referências cinematográficas, de Silvester Stallone  a  Psicose e seu Bates Motel, que não ter um razoável conhecimento sobre o cinema talvez prejudique o entendimento de algumas cenas ou no minimo faça com que algumas delas fiquem no vácuo. Embora isso não estrague a beleza ou compreensão total do filme, ter tais referências é sinal de que ao menos você não vê só filmes debiloides como Esquadrão Suicida.

A maior característica de Colegas é ser antes de mais nada embebido em um fino lirismo quer faz com que cada cena seja degustada como um biscoito fino, e mesmo que o filme tente se situar em uma época ao menos cinco ou seis décadas atrás e apresente em cena objetos atuais, isso não depõe de forma alguma contra o filme, faz apenas com que a magia se amplie.

As atuações de Ariel, Rita e Breno, todos eles com Síndrome de Down  (embora estejam anos luz a frente da maioria dos atores brasileiros ditos "normais") é primorosa e leva o filme a um patamar ainda mais alto. Interessante notar que o fato de eles terem Down  já foi esquecido depois de no máximo 20 minutos de filme, pois interessa muito mais a história que eles estão vivendo e vai sendo desenrolada  com brilhantismo que o fato de os atores serem "especiais".

No fim das contas, Colegas é um dos poucos filmes brasileiros ao qual se pode colocar o rótulo de Sublime.

É isso.

Ouvindo: Ruffus Wainwrigth

sábado, 13 de agosto de 2016

Amanhã é dia dos pais. Alguém viu o meu por ai?


A cada ano eu me convenço mais que ficar gritando que os dias dos pais é algo apenas comercial, feito pra aquecer as vendas e fazer a alegria de associações comerciais é inútil para mim. Tenho 43 anos e sei que nunca, nunca vou me recompor da terrível tragédia de não ter um pai por perto. é impressionante como isso faz falta para mim.

Não ter a aprovação de quem me gerou as vezes me leva as rais da loucura. Vou me perguntar a´te o fim da vida se meu pai gostaria de mim. Ninguém gosta, é bem verdade, mas será que ele gostaria? Será que meu pai teria a grandeza de me enxergar como ninguém mais enxerga? Será que ele me entenderia, me daria um abraço quando as coisas estivessem feias para o meu lado?

Ainda que nada disso acontecesse e ele fosse todo censura, ainda sim, seria meu pai me censurando, o que seria completamente diferente de ser censurado por pessoas que nem meu bem querem verdadeiramente. Não ter pai é uma desgraça irreparável em minha vida. Nada vai mudar isso, não importa o quanto eu tente me convencer que isso é bobagem, que sou um homem maduro que não preciso de alguém que não me quis desde o início de minha vida. Bom, eu preciso. Mas não terei. Isso é para mim é o horror, o horror!

Cada pensamento, cada respiração, cada abrir e fechar de olhos, cada movimento seja voluntário, seja involuntário de meu corpo acabam redundando na mesma pergunta: Por que meu pai não me quis? Por que não gostou de mim? é por este motivo que mais ninguém gosta? Será que tenho um selo de procedência na testa invisível para mim mas visível para todos os demais? Nasci malhado? Vai saber?

Todo dia dos pais para mim sempre é o pior dia do ano. Todo. Se amanhã eu por ventura vender todas as coberturas do prédio que estou comercializando para mim não haverá alegria nisso. Se eu pudesse, dormiria hoje a noite e só acordaria na Segunda Feira. Não consigo entender as pessoas que tem pai e não se dão bem com ele, não sentem afeição, amor, pela figura paterna. Ok, existem certos tipos de pai que não merecem mesmo amor, mas são, eu sei a minoria.

Desde de ontem me sinto amuado, chateado mesmo. Vai passar, porque não posso me permitir ser triste. Mas a ausência paterna, machuca, magoa, acaba comigo. Tudo bem, não sou lá grande coisa, não sou coisa nenhuma na verdade, mas é doido e ao menos a dor, eu tenho direito de sentir.

A vida não é justa em muitos momentos. Sinto que comigo ela não é justa por mais vezes que o aceitável. Mas e dai? Ela segue  né? E sempre vai seguir.

É isso.

Ouvindo: Christina Perri