sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Clamamos por justiça. Desde que é claro, seja a nossa

Dois julgamentos acontecidos na noite de ontem no Estado do Rio de Janeiro e as reações que causaram falam muito sobre o que é ou como percebemos o que é a justiça.

No primeiro caso uma garota de 18 anos matou o amante, amigo, namorado ou sei lá que nome queira se dar em um motel. Foi condenada a 15 anos de reclusão em ergime fechado devendo cumprir no máximo cinco anos com todas as progressões previstas por lei.

Na saída a irmã da vitima compreensivelmente abalada deu a seguinte declaração: "15 anos? em cinco ela sai, linda e loira e vai continuar matando mais pessoas".

Claro, é compreensivel como eu disse pois trata-se da irmã da vitima, mas a justiça é feita para a irmã da vitima ou para que nós como sociedade possamos nos sentir seguros de que existe um sistema judiciário minimamente prestável em nosso País que vai nos dar respaldo em caso de necessidade?

Se a justiça é feita para a sociedade a pena é justa. O cidadão em questão estava em um motel, com uma menina que ele sabia claramente desequilibrada então assumiu um risco de barracos, brigas, consumo de drogas, bebidas (que são drogas também) e em última instância de assasinar e ser assasinado.

É patética é claro a estratégia da defesa de qualifica-la como louca varrida, o que claramente ela não é, então uma pena de 15 anos da sim,uma satisfação a sociedade. Sobre a progressão da pena, é um recurso que o homem morto poderia usar se fosse ele o assasino e sua familia lutaria com todas as forças para que fosse utilizado, para que quem sabe após cinco anos ele saisse matando por ai também.

Não podemos clamar por uma justiça feita sobre encomenda para a nossa dor. Isso nos inviabilizaria como sociedade justa e plural e faria que a justiça virasse vendetta. Em um mundo perfeito as pessoas nem matariam umas as outras quanto mais seriam julgadas, em um mundo que é como é, cinco anos atrás das grades é uma punição no minimo razoavel dados as circunstâncias que cercam o caso.

O segundo caso, mais comovente por envolver uma criança é o do menino morto por uma ação policial desastrada em que se tenta individualizar uma culpa que é na verdade do estado.

Sim, os dois ex P.M serem inocentados é um espanto e um escarnio a sociedade constituida mas essa mesma sociedade não se mobilizar para processar o verdadeiro culpado deste lamentável episódio, no caso o Estado do Rio de Janeiro é ainda mais espantoso.

Quem colocou esses homens despreparados nas ruas e os armou foi o Estado. Quem os preparou de forma completamente infeliz foi esse mesmo estado e exatamente por este motivo é o Estado o principal responsável.

Muito compreensivel, alias, extremamente compreensivel é a dor dos pais do garoto e sua vontade em punir pessoas porque nada trará o menino do sorriso bonito de volta. Acontece que individualizarmos a culpa neste caso é equivalente a corroborarmos com a politica de segurança pública vigente não só no Rio como em todo Brasil que insiste em colocar pessoas sem o menor preparo, sem a menor condição de atuar como defensores da lei e da ordem além de nossa itegridade fisíca.

A minha solidariedade com os enlutados é total e perder um filho é algo eterno, uma dor intrasponivel, mas oxalá nossa sociedade se organize como tal e peça puniçãoaos verdadeiros culpados dess barbarie para que talvez, com a imputação de culpa os futuros governos, ainda que movidos pelo medo nos forneçam pessoas em que podemos confiar nossas vidas em caso de necessidade e não temer por elas.

É isso.

Ouvindo: João Alexandre

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