quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

De como é difícil ser quem se quer ser



Eu queria ser um Cristão. Um verdadeiro Cristão. O máximo que consigo ser é uma vergonha para os que professam o Cristianismo de maneira séria. Eu deveria ser fulminado só de pensar em abrir a boca para falar sobre o Cristianismo, pois basicamente eu não presto.

Eu queria ser um bom pai. Sou uma piada neste quesito. Sou bem idiota mesmo. Um pai sério da risada da minha cara. Nesta área, eu consigo apenas ser cretino mesmo. Sem tirar nem por. Minha filha, que é um doce, um anjo, uma menina batuta, não merece o pai ridículo que tem.  Coitada dela.

Eu queria ser um bom profissional de vendas de imóveis. Sou uma negação!!! Parei no tempo, vejo jovens com menos da metade da minha idade debulharem sistemas tecnológicos que trazem clientes até eles, que fazem oferta com gosto que saem a rua para panfletar. Eu? babaca total, sentado na minha mesa esperando os céus mandarem clientes caírem no meu colo. Mas se você chegou até aqui e leu o primeiro parágrafo... Vai perceber que fica difícil esse meu desejo...

Eu queria ser um bom marido. Nisto, falho clamorosamente. Não sei ser marido, não sei ser altruísta, sou um babaca completo. Sou mestre na arte de magoar, de ofender, de falar bobagem. Minha sensibilidade é um volume morto dentro de mim que provavelmente jamais será utilizado. Sou uma negação, um zero a esquerda. Uma negação. Deveria apanhar toda noite de chibata.

Eu queria ser intelectualmente capaz, mas sou apenas um pastiche mal ajambrado. Alguém que se orgulha de ler livros e mais livros e ter gosto não popular, mas e dai? Sou apenas um tolo. Minha pretensa intelectualidade me faz um porre. E no fundo é isso que eu sou, um porre.

é difícil ter a clareza para se ver com se é. Mas eu sou assim. Sem tirar nem por. Tudo o que de bom eu penso secretamente a meu respeito não faz sentido. Sou um bobalhão de marca maior.  Não, hoje não é um post auto indulgente, é apenas um post realista, um post que fala de mim e quem eu sou. Um fracasso, como diria minha mãe, uma derrota.

Mas é bom que se diga que eu não tenho prazer e nem vejo vã glória em ser com sou. Queria sim ser uma pessoa normal, uma pessoa que se desse bem com as outras, que fosse um bom pai, marido e Cristão, mas não consigo. Eu tento, mas falho fragorosamente, eu sofro, eu choro em secreto, eu brigo comigo mesmo, eu me espanco, mas não adianta. O mal sempre vence. E por mais que eu saiba que o crime não compensa e de fato ele não compensa, eu sou um criminoso contumaz, alguém que quer trazer problemas para si.

Saber o certo e o errado? Eu sei, Poderia dar aula sobre isso pois tenho um senso de justiça absurdamente atuante e que me cobra o tempo todo. Isso não importa nem um pouco na hora de cagar. É cagar. A expressão é essa, deveria até ser escrita em marrom. Eu sou um ninguém que insiste em pensar que é alguém. Não sou. To bem cheio disso.

Meu caminho é uma "Road To Perdition" quando deveria ser uma "Road to Redemption" Mas quem disse que eu quero redenção? Querer eu  quero, é claro mas quem disse que eu a terei melhor dizendo? Redenção é para os fortes. Não é o meu caso. Um fraco, um sem vergonha, um escroto. é, escroto. Me reduzi a isso. Fazer o que? Eu me sinto cansado, me sinto perdido, me sinto realmente pronto para partir.

Ser quem se quer ser é difícil. Exige disciplina, exige coragem. Sou além de indisciplinado, covarde. A vida nem sempre é fácil, mas a minha não precisava ser tão difícil assim. Eu não vou sorrir quando o Sol chegar.

É isso.

Ouvindo: Commissioned e seu espetacular álbum  Matters Of The Heart

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