terça-feira, 25 de abril de 2017

jerry adriani se foi.



jerry que era jair, morreu. adriani,  sobrenome que evoca a italia, pais aos qual tinha descendência, não o fez um cantor de tarantelas ou coisas do tipo, em que pese o fato de que seu primeiro trabalho (que passou praticamente desapercebido) foi um disco inteiro composto de músicas italianas. jerry se fez grande, mas cantando e compondo músicas brasileiras, integrante do movimento  da jovem guarda, foi no entanto muito maior que qualquer rótulo que o tentassem colocar em seu talento. jerry era um cara único, fosse cantando jovem guarda, legião urbana, raul seixas ou o que mais fosse.

raul seixas que diga-se de passagem foi descoberto pelo próprio jerry em algum cafundó da bahia e depois por mérito próprio, é claro se tornou quem foi, mas é sintomático sobre quem foi jerry um detalhe como esse ilustrar sua biografia. um cantor que não se atinha a gêneros ou regras musicais rígidas, buscando seja em shows, seja em álbuns um caminho que fosse livre, que trouxesse o frescor de novas idéias e é claro que em meios a álbuns menores que são necessários a qualquer artista para mante-lo íntegro e faze-lo esforçar-se sem se ater a uma zona de conforto, jerry é responsável por alguns dos melhores álbuns da música brasileira.

claro que para a geração atual jerry seja talvez uma mera nota de rodapé no rico cancioneiro nacional mas é preciso lembrar por questão de verdade e justiça que muito mais que nota de rodapé, jerry foi sim fundamental na construção da identidade musical brasileira das últimas cinco décadas. não foi um mero crooner, tupiniquim, sendo antes um artista completo que tratava suas canções com o respeito que a música séria merece. para os jovens de hoje que tem em porcarias como lucas luco e cia a referência de música boa e bons vocalistas, fica o convite para que conheçam  a obra de jerry e ao tomar contato com sua rica produção artística possam de algum forma entender  porque a música nacional de alguma forma sempre esteve entre as melhores produzidas no mundo.

jerry se vai mas deixa um legado que espero eu seja honrado não apenas com caixas caça niqueis que as gravadoras ardilosas costumam lançar quando alguém de relevância se vai, mas com o tributo sério e apaixonado de artistas que saibam honrar  um cantor e sobretudo homem de valor que fez de nossa música sua história, sua vida e honrou-a da melhor forma que pode.

quando um país perde um artista do tamanho de jerry deve se preocupar. não é fácil a reposição de alguém como ele. uma lástima. jerry, rip!

é isso

ouvindo: cartola

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