segunda-feira, 10 de abril de 2017

war pigs





é de uma atrocidade terrível o que vem acontecendo na síria. é pavoroso quando o mandatário de um país executa pessoas de seu próprio povo de forma cruel e implacável como o fez bashar al assad. armas químicas são por definição destinadas a escória e só a escória tem coragem suficiente para utiliza-las sabendo quanto sofrimento elas trarão. não é aceitável, mas digamos menos pior que um país as use em uma guerra com outro país, mas quando um governante se mostra tão inescrupuloso que as usa contra seu próprio povo, temos que olhar para  o nosso plante de maneira diferente e entender que talvez ele de fato não tenha mais saída. acabou qualquer chance de entendimento entre os seres humanos. a vida, aqui, não merece mais ser vivida. viramo bárbaros prontos a descer tão baixo quanto os nossos instintos nos permitam. a era da civilidade acabou e foi trocada pela era da loucura pura e simples.

é claro que para mim, que moro nessa porção do mundo os motivos de tanto ódio entre iguais, pois seres humanos são iguais por humanos que são, soam sem motivo algum, e é claro que se eu perguntar para qualquer pessoa envolvida diretamente neste conflito eles terão tanto de um lado quanto de outro, argumentos sólidos para defender o seu lado na disputa.

não sou ingênuo e não acho que apenas assad esteja errado nesta história. sempre desconfio do lado que os americanos apoiam, pois eles quase sempre apoiam o lado que lhe convém, não o lado correto. americanos são um povo esquisito que consegue quase sempre se indispor co quem deveria apoiar e vice e versa, então eu creio firmemente que o povo bombardeado com as armas químicas tenha não só um histórico tão beligerante quanto o de assad, como provavelmente faria a mesma coisa caso conseguisse acesso a estas armas. infelizmente esta é a verdade.

e é exatamente isso que torna tão horrível este conflito. quando um lado sobrepuja o outro pura e simplesmente por ter acesso a armas mais letais fazendo com que a balança pese para este lado empurrada apenas pela força  da brutalidade empregada na guerra já é algo triste, pois significa que não houve uma  briga justa, onde ambos os lados puderam ter acesso ao mesmo nível de beligerância.

acontece que este tipo de conflito fica ainda mais triste quando se percebe que se o lado oposto pudesse, faria a mesma coisa ou pior e é esta sensação, de que a brutalidade e o mal se espalhariam de qualquer forma se o lado oprimido tivesse poder de fogo para virar o jogo é que me faz achar que perdemos o jogo da civilidade para sempre, de forma irrecuperável e só nos resta aceitar que o ser humano não recuperará o seu lado bom e humanitário.

e não acho isso apenas pela brutalidade da guerra, das armas químicas e tudo o mais, mas sobretudo pelo silêncio ensurdecedor das pessoas que estão mais interessadas com qualquer coisa que as faça esquecer que sírios estão se matando uns aos outros sem poupas crianças, mulheres ou qualquer outro grupo. simplesmente fingimos que não é conosco e a ajuda humanitária é protocolar, como que para aliviar a culpa daqueles que deveriam de fato estar se mobilizando para por um fim neste conflito.

campos de refugiados lotados de pessoas com fome, com sede, com frio, que perderam família, amigos, casa, tudo enfim, e não sabem para onde ir e nem como ir a algum lugar. a história que esta sendo escrita na síria neste momento deveria envergonhar a todos nós, todos. sem exceção. deveríamos estar pranteando pelo povo sírio, chorando sua dor, mobilizando-nos por mudanças, pressionando governos locais a tomarem partido pelo fim desta situação, mas infelizmente a grande maioria de nós nem sabe sequer onde fica a síria, quanto mais o que acontece dentro de suas fronteiras.

é triste saber que isso não mudará tão cedo. é triste saber que o povo sírio continuará a ser massacrado pelo próprio povo sírio, é triste saber que assistimos a tudo isso inertes e que isso fala muito sobre quem somos. é triste.

é isso.

ouvindo: Black Sabbath, War Pigs. música mais que perfeita e letra sensacional para relatar nosso momento.

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