segunda-feira, 14 de agosto de 2017

mais um dia dos pais. mais um dia de tristeza



uma coisa que me deixa feliz sobre mim é ser uma pessoa absolutamente isenta do sentimento da inveja. posso ter muito defeitos e sentimentos ruins, mas a inveja não faz parte de mim. obrigado, Deus! e por favor me ajude a  manter-me assim. mas tem um dia do ano em que se eu não chego a sentir inveja, sinto algo muito próximo disso, confesso. esse dia, é o dia dos pais.

sinto meu estomago revirar quando o segundo domingo de agosto chega. de verdade, embora seja clichê e este texto estará recheado deles, afinal quem disse que clichês são ruins? parece que todo mundo tem pai menos eu. parece que todos os pais são super pais e eu nem tive a oportunidade de ter um por pior que fosse. trágico, triste e sintomático da pessoa que me tornei.

não sei na verdade se eu seria um homem melhor se tivesse tido uma figura paterna presente em minha vida. não sei mesmo. e nem da pra responder, a verdade é essa. mas sei com toda certeza que preferia ter tido um pai, fosse ele como fosse do que não ter. se ele tivesse sido um daqueles que espancam os filhos, eu me refugiaria na ideia de que apanhei porque mereci e para ser corrigido e me escudaria no homem em que me tornei, com princípios e valores para justificar seus atos como atos de um homem que ama.

se ele fosse indiferente, diria que era porque ele tinha diversos afazeres mas nunca faltou comida na mesa e nossos raros momentos eram excelentes (ainda que não fossem, eu diria que eram). não importa qual fosse o perfil, ter um pai para mim seria infinitamente melhor que não ter. a vida não me agraciou sequer com alguém que se dispusesse a fazer um papel meramente parecido com o de um pai.na corretagem, tive a oportunidade de usar o meu sobrenome rocha, o nome que o marido da vez de minha me deu, mas como ele era outro a me odiar, optei por usar o miranda, de meu avó, homem 
integro, honrado e que muito me orgulha carregar no nome. mas era meu avô, não meu pai.

hoje busco ser um bom pai e um bom padrasto para minhas meninas e embora com falhas absurdas, sempre as cometo buscando o melhor. não me importo em absoluto em ganhar presentes de dia dos pais, mas ontem as duas me saudaram pelo dia e isso encheu minha alma de alegria, ouvir delas que me amam, compensa toda dor pela incompreensão que a humanidade me dispensa.

sinto uma imensa falta de ter um pai para ligar e desejar um feliz dia dos pais. ao comprar no sábado a noite o presente do meu sogro, secretamente me senti comprando o do pai que eu não tive. a sensação obviamente não é a mesma, mas é próxima. existem momentos em minha vida em que tudo o que preciso é me sentir confortado. momentos em que a alma pede um acalanto e mesmo aos 44 anos o menino irriquieto que sempre existiu em mim vem a tona.

a vida não é muito gentil comigo, mas como sou um otimista, ainda que carregue pela força da experiência acumulada alguns traços de completa desesperança, procuro aceitar cada pequeno presente que ela me dá com toda alegria. ontem, recebi dois presentes, de minha Rafaela e de minha Vitória, mas de verdade, queria ter alguém para ligar, para almoçar, para dar risada juntos. para chamar de pai.

é isso

ouvindo: Bruna Karla (a moça que canta muito mas deve ser proibida de fazer vídeo clipes urgente)


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