sábado, 24 de março de 2018

Finalmente Assisti A "Her"



"Her" filme de Spike Jonze foi lançado a quatro anos atrás e não o assisti na época apenas porque ele foi indicado ao Oscar de melhor filme. Tenho como sabem, birra com o Oscar e mesmo tendo Joaquin Phoenix encabeçando um elenco mais que enxuto e composto só de bons atores, não fui vê-lo. Que estupidez a minha! Demorei quatro anos para ver uma pequena obra prima, uma história de amor contada por Spike Jonze de forma tão delicada e comovente que o universo deveria assistir a este filme.

A atuação precisa de Joaquin Phoenix aliada a de Scarlett Johansson, que  não aparece no filme por apenas dar voz ao sistema operacional pelo qual o personagem de Phoenix se apaixona é o ponto alto desta história belíssima e Johansson consegue algo muito difícil que é ser crível e se tornar quase real usando apenas o recurso da fala, sem como eu mencionei aparecer uma vez se quer no filme.

A história consiste em retratar a vida de um homem recém separado e com alguma dificuldade no traquejo social que adquire um sistema operacional baseado em inteligência artificial que vai "aprendendo"  a interagir com ele conforme eles conversam. Samantha, é o nome que o sistema escolhe para si mesmo e  a interação entre máquina e ser humano vai dia a dia se aprofundando de uma forma absolutamente perturbadora para quem vê de fora, porém para o personagem de Phoenix, esta interação faz total coerência ao ponto de fazer a sua vida voltar a andar e ele ter coragem para dar prosseguimento ao seu divórcio que estava parado.

Não da pra contar muito do filme sem entrega-lo mas se trata basicamente de como as relações humanas estão se esfacelando  e do perigo que eu ao menos identifico como  real de a tecnologia tomar conta de nossas vidas de forma muito mais mais abrangente do que possamos identificar. Sistemas de inteligência artificial se modernizam a cada dia e seus usuários vão se desconectando do mundo real  de forma cada vez mais célere e ao mesmo tempo imperceptível.

Se por um lado é difícil falarmos sobre nossas emoções com nossos semelhantes, sejam eles amigos, parentes, marido, mulher ou qual grau de relação interpessoal se tenha, falar com estranhos parece mais fácil por ser uma conversa que em tese é livre e se esse este estranho não existir no mundo físico e não se comunicar com mais ninguém de nossas relações para muitos esta ai o melhor dos mundos.

Digo que "Her" é uma pequena obra prima porque a condução da discussão sobre privacidade, amor, desamor, amizade e demais temas que o filme aborda é feita de forma leve mas de forma alguma rasa, levando o expectador a refletir e não desperdiçando duas horas de sua vida, o que a maioria dos filmes faz hoje em dia.

Vale apena e muito, assistir a "Her". E vale muito a pena também prestar atenção em sua trilha sonora que envolve o filme em uma embalagem fina e de muito bom gosto. De qualquer forma, tenho que deixar essa birra com o Oscar de lado. As vezes eles acertam e indicam bons filmes.

É isso.

Ouvindo: Arcade Fire

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