sábado, 24 de março de 2018

Finalmente Assisti A "Her"



"Her" filme de Spike Jonze foi lançado a quatro anos atrás e não o assisti na época apenas porque ele foi indicado ao Oscar de melhor filme. Tenho como sabem, birra com o Oscar e mesmo tendo Joaquin Phoenix encabeçando um elenco mais que enxuto e composto só de bons atores, não fui vê-lo. Que estupidez a minha! Demorei quatro anos para ver uma pequena obra prima, uma história de amor contada por Spike Jonze de forma tão delicada e comovente que o universo deveria assistir a este filme.

A atuação precisa de Joaquin Phoenix aliada a de Scarlett Johansson, que  não aparece no filme por apenas dar voz ao sistema operacional pelo qual o personagem de Phoenix se apaixona é o ponto alto desta história belíssima e Johansson consegue algo muito difícil que é ser crível e se tornar quase real usando apenas o recurso da fala, sem como eu mencionei aparecer uma vez se quer no filme.

A história consiste em retratar a vida de um homem recém separado e com alguma dificuldade no traquejo social que adquire um sistema operacional baseado em inteligência artificial que vai "aprendendo"  a interagir com ele conforme eles conversam. Samantha, é o nome que o sistema escolhe para si mesmo e  a interação entre máquina e ser humano vai dia a dia se aprofundando de uma forma absolutamente perturbadora para quem vê de fora, porém para o personagem de Phoenix, esta interação faz total coerência ao ponto de fazer a sua vida voltar a andar e ele ter coragem para dar prosseguimento ao seu divórcio que estava parado.

Não da pra contar muito do filme sem entrega-lo mas se trata basicamente de como as relações humanas estão se esfacelando  e do perigo que eu ao menos identifico como  real de a tecnologia tomar conta de nossas vidas de forma muito mais mais abrangente do que possamos identificar. Sistemas de inteligência artificial se modernizam a cada dia e seus usuários vão se desconectando do mundo real  de forma cada vez mais célere e ao mesmo tempo imperceptível.

Se por um lado é difícil falarmos sobre nossas emoções com nossos semelhantes, sejam eles amigos, parentes, marido, mulher ou qual grau de relação interpessoal se tenha, falar com estranhos parece mais fácil por ser uma conversa que em tese é livre e se esse este estranho não existir no mundo físico e não se comunicar com mais ninguém de nossas relações para muitos esta ai o melhor dos mundos.

Digo que "Her" é uma pequena obra prima porque a condução da discussão sobre privacidade, amor, desamor, amizade e demais temas que o filme aborda é feita de forma leve mas de forma alguma rasa, levando o expectador a refletir e não desperdiçando duas horas de sua vida, o que a maioria dos filmes faz hoje em dia.

Vale apena e muito, assistir a "Her". E vale muito a pena também prestar atenção em sua trilha sonora que envolve o filme em uma embalagem fina e de muito bom gosto. De qualquer forma, tenho que deixar essa birra com o Oscar de lado. As vezes eles acertam e indicam bons filmes.

É isso.

Ouvindo: Arcade Fire

sexta-feira, 23 de março de 2018

RIP, Carlos Eduardo Miranda



A morte de Miranda é daquelas para serem lamentadas. Em um país onde produtores musicais sérios e bons podem ser contados em uma mão e talvez ainda sobrem dedos, perder Miranda é ficar um pouco mais refém das porcarias produzidas por produtores porcarias que caminham pelo Brasil deixando um rastro de música ruim por onde passam. Miranda, para ficar em um exemplo, foi quem lançou o Skank. Só isso e já estaria de ótimo tamanho, mas ele fez mais, muito mais pela música nacional.

A imprensa noticiou sua morte como a morte do "Jurado do programa "Ídolos" e embora isso só mostre o desconhecimento e despreparo que permeia a grande maioria dos jornalistas do país, isso não é vergonha alguma, pois Miranda sempre se pautou pela independência quando estava na banca do programa agindo de forma séria e seguindo seus conceitos  e idéias sobre o que um "ídolo" precisava ter merecer tal distinção.

Se por um lado Miranda sempre foi um produtor ligado ao Rock, tendo sido responsável pelo selo "Banguela" que entre outros revelou a banda Raimundos, isso não o tornava um profissional limitado. Conhecedor profundo da música e de suas diversas variáveis, Miranda transitava entre estilos diferentes sem deixar que rótulos lhe fossem impostos ou que sua competência fosse questionada apenas por trabalhar com artista  A, B, ou C.

Com uma fina ironia e apurado senso estético/musical, produziu alguns dos  melhores álbuns  recentes do Rock Brasileiro e deixa um legado consistente que deve ser respeitado por esta e pelas futuras gerações. Aqueles que apreciam  de fato a música de qualidade sabem que Miranda é referência neste quesito e não obstante ter cometido alguns álbuns para serem esquecidos, como todo produtor por melhor que seja o faz, o que conta no final é o balanço amplamente positivo de sua obra.

A música brasileira muito mais que de luto, deveria estar preocupada. Recheada de produtores medíocres e sem talento algum, vê partir alguém que era puro talento. Miranda muito mais que um simples músico tinha toda uma trajetória que agora passa para a posteridade e vira história. Uma história que merece ser revisitada sempre, pois é a história de alguém que tratou a música com o devido carinho e respeito que ela precisa e merece.

É isso

Ouvindo: Skank

sexta-feira, 16 de março de 2018

O Tiro Que Matou Marielle Matou Um Pouco De Cada Um De Nós (Brasil, Olha Pra Cima)






Sou um Paulistano de alma e coração. Mas amo de paixão o Rio de Janeiro. Não conheço outras paragens fora do meu país, mas duvido que haja algum lugar a reunir tanta beleza concentrada como no Rio. Esqueça as favelas, (de uns tempos para cá, comunidades). Elas sempre estiveram e sempre estarão lá. E dai? O Rio é e também sempre será muito mais que isso. Tem um povo leve, divertido, dinâmico e ao contrário do que reza a lenda alimentada pelos Paulistas, que trabalha para caramba!

O Rio tem Fla x Flu. Muito mais que um partida de futebol é uma verdadeira mobilização social tanto para o bem quanto para o mal, infelizmente mas a parte boa é linda de se ver. O Rio tem também um lance divertido que é ver nos calçadões ou na areia das praias e até mesmo em supermercados, cafés e que tais o povo da TV, Cinema e Teatro brasileiros passeando despreocupadamente. Parece que ali eles conseguem ser pessoas, apenas pessoas normais a circular em busca de Sol, Mar, um bom café ou o que quer que seja. O Rio explode em festa porque é lindo e amado. O que estraga o Rio...

Tem uma frase que diz que o que estraga o Rio são os Cariocas. Quanta bobagem! O que estraga o Rio são os seus políticos rasteiros, despreparados e preocupados apenas em encher seus bolsos de dinheiro em detrimento da população cada dia mais arrasada e sem perspectivas de melhora. Os políticos Cariocas são como gafanhotos de proporções apocalípticas não pela quantidade, mas pelo apetite devorador que não deixa uma folha sequer intacta e destrói tudo sem medo. O povo do Rio não merece os políticos que tem e de longe eu lamento todos os dias ansiando por uma melhora que no fundo sei que jamais virá.

Marielle era antes de mais nada uma peça de resistência. Em um país onde gente como Bolsonaro vira herói, onde bandido bom é bandido morto, Marielle entendia que bandido bom é bandido julgado e que recebe a devida pena. Entendia que o Estado não se vinga, faz justiça e sendo Estado, deveria se preocupar em proteger, não aterrorizar como boa parte da Polícia Militar do Rio de Janeiro, São Paulo e demais capitais fazem. Marielle não tinha medo ou melhor, como todo ser humano devia ter, mas não se curvava a ele pois entendia que sua vocação, o seu chamado era maior e mais importante que qualquer ameaça ou medo que pudesse tentar paralisa-la.

O tiro que matou Marielle feriu a democracia. é uma pequena amostra do estado de exceção que Bolsonaro pretende implantar no meu no seu, no nosso país caso vença as eleições presidenciais. Um estado onde pensar por si mesmo pode significar problemas, onde lutar pela liberdade e dignidade do cidadão pode ser considerado subversão, onde o mal triunfará de vez sobre os bons. O tiro que matou Marielle é um aviso do que vem por ai neste nosso país convulsionado por uma completa falta de moralidade e compaixão pelas pessoas. Acredite, o tiro, que matou Marielle, matou um pouco a mim e a você que lê, dê-se conta você ou não.

O Rio, que tão bem estava sendo representado por Marielle, Estado de tradição democrata, não pode se curvar ao medo. Deve sair as ruas, se mobilizar, exigir de forma contundente a apuração e punição sumária aos responsáveis por este ato de barbaridade indizível. Temos que ser hoje um só povo. Um povo que se une de forma inconteste e grita por justiça.

Fica aqui, para finalizar o meu apelo na frase da canção de João Alexandre: Brasil, olha pra cima!!!

É isso.

Ouvindo: João Alexandre

quarta-feira, 14 de março de 2018

"Você Vai Acabar Como o Miranda"



"Você vai terminar tipo aquele mano lá, que era um preto tipo "A" ninguém entrava numas, um exemplo pra nós, "mó' moral, "mó" ibope, mas começou colar com uns branquinhos do shopping. ai  ja era!!!
Racionais Capitulo 4 Versículo 3

Eu não sou preto, não "não colo com uns branquinhos  do shopping, afinal, eu mesmo sou um branquinho que adora shopping, mas para mim, na visão de alguns,  já era. Ao menos é o que parece. Virei mal exemplo em reuniões comercias da antiga empresa que trabalhei. A frase, gritada para quem quisesse ouvir foi: Você vai acabar como o Miranda.

Algumas coisas são engraçadas. Sai da empresa que trabalhava e a esqueci. Literalmente a esqueci. Trabalho em outra onde sou reconhecido, vendo e ganho  meu dinheiro, tudo muito simples, muito legal. Mas parece que não me esquecem na antiga empresa. E claro, não esquecem o que não visão deles foi feito de ruim por mim. Lealdade, cumplicidade, resultados expressivos, tudo isso parece sim ter sido esquecido. Tipico de uma empresa que ainda é uma empresa de vendas e não de pessoas. Uma pena.

Apenas para esclarecimento, registre-se em minha defesa que eu não "acabei". Estou vivo, ativo na minha profissão, feliz como poucas vezes estive, produtivo, minha vida quando a vejo de fora, esta bem bacana. Continuo desejando tudo de bom para a empresa onde trabalhei como desejo para todas em que trabalhei antes. Não sei desejar o mal. Só para o Golfinho que acha que é Tubarão desejo que a vida lhe de uma lição, apenas isso. No mais, nem lembro que essa empresa existe e acabo virando exemplo em reunião? E exemplo negativo? Pra que?

Quando entrei na empresa, era um "preto tipo A, ninguém entrava numas" agora, na visão ta empresa estou "viciado doente fudido?" Que bosta é essa? Acho que o respeito pelo ex profissional, que contribuiu com resultados sólidos é devido. Se no entanto, não acham isso, e preferem me citar como exemplo negativo, dizendo que alguém lá pode terminar como o "Miranda", ok, direito de quem quer ver assim.

Qualquer pessoa séria e não revanchista que tenha trabalhado comigo sabe o profissional que sou e que prescindir da minha contribuição para a empresa que dirige é uma bobagem, não um acerto. Não cabe falsa modéstia aqui e nem sou disso, então apenas lamento que a empresa a qual trabalhei por dois anos e só desejo coisas boas prefira me usar com exemplo negativo. Miopia empresarial acomete a muita gente. Paciência.

É isso.

Ouvindo: Marcelo Geneci

domingo, 4 de março de 2018

Cristianismo Gourmet (Pare De Enfeitar Sua Timeline e Parta Para a Ação)


"A musica Cristã antes era um cara e um violão tentando levar as pessoas a Deus. Hoje é Deus e uma música levando as pessoas a um cara"
João Alexandre


Que época maluca esta que vivemos. Oremos pela Síria! Oremos pela Somália! Oremos pelo Curdistão... Ops, Devo estar louco né? Oremos??? Claro que não!!! "Pray for" Por incrível que pareça, as palavras de ordem são assim mesmo, em Inglês, ou seja, Pray for. Crente bom, é crente bilíngue, não essa coisa de falar apenas a sua língua. Que conversa mais boba.

Todo mundo agora é evangélico. Parece que é algo ligado a moda, coisa assim. Ouvir Cantores e cantoras que cantam bobagens sem a menor correspondência teológica, que incitam as pessoas ao erro com suas letras medíocres e sem sentido. Ontem ouvi uma expressão muito feliz. Na verdade quem ouviu foi minha mulher no culto que foi ontem e me repassou. "pessoas estão vivendo um Cristianismo que pensa que a vida com Cristo é tomar uma limonada daquelas bem geladinhas, saborosas. Ledo engano. Cristianismo e chupar o limão, meu amigo" Cara, que definição mais feliz esta. Cristianismo é chupar o limão, de fato, mas eu acrescento ao que ouvi: Hoje vive-se um Cristianismo Gourmet.

Cristianismo Gourmet, o que seria? Simples. Aquele Cristianismo  em que o Cristão, doravante denominado cliente, busca uma igreja que atenda as suas expectativas de vida. Que fale dos assuntos que ele quer ouvir, da forma que ele quer ouvir, sem agredi-lo com verdades inconvenientes, levantando bandeiras simpáticas, falando de forma branda, suave, amigável ao coração, nunca a alma. Coração este enganador! Igrejas cada vez mais se assemelham a lojas onde os clientes comprar a mercadoria que melhor lhe aprouver e algumas, "sabiamente" oferecem a custumização com um discurso feito sob medida para alguns grupos para que se forem dissidentes, sejam dissidentes dentro do seu próprio arraial, sem que os insatisfeitos tenham que ir para outras paragens.

Falei da Síria no início do post. Hoje uma febre nas redes (anti sociais). Sim, é lamentável o que se passa por lá. Triste demais e qualquer Cristão que se preza deve sim colocar não apenas a Síria mas todo o Oriente Médio em suas orações. Mas ficar postando fotos chocantes nas redes tem um efeito maior em Deus? Ele se compadece mais pelas orações dos crentes com "consciência social" que ficam berrando sobre um assunto que não dominam (no caso a geopolítica daquela região) do que daquele irmão que vai a seu quarto e apenas ora pelos que sofrem?

Orar pelos Sírios e fechar o vidro do carro quando um mendigo pede por pão: Aqui esta a essência do Cristianismo Gourmet que sacia o coração daqueles que escolhem uma causa para parecer legal, para mostrar o quanto é Cristão para consumo externo. Orar pela Somália e postar nas redes sociais pedidos de orações por lá e não ajudar a família necessitada da igreja que você frequenta? Que conversa mais torta é essa? Ajudar a Síria e outros lugares distantes afetados por guerras, genocídios e que tais e não dar de comer ao faminto que mora na rua ao lado da sua? Mandar o cara trabalhar porque é um vagabundo e chorar com crianças mortas por um ditador? Compaixão seletiva é coisa de Cristão Gourmet.

Um observador mais atento dirá: Você nem vai a igreja meu querido (Lembrei da Vitória agora, meu querido... kkkkkkkkkkk) como pode estar falando tudo isso. Sim, não vou e a tendência é que eu vá cada vez menos porque cada vez mais as igrejas, independente de suas denominações estão "gourmetizando" suas crenças para que a demanda pessoal de seus fiéis não sejam desmerecidas ou afetadas os afastando dali. E se uma voz tímida, la no fundo da nave, tenta se opor, a toda essa encenação do que é  a coisa mais simples que já existiu, no caso o evangelho de Cristo que se resume a "amar a Deus sobre todas as coisas e ao seu próximo como a si mesmo" essa voz logo é enquadrada no evangelho "sabor de mel", um a subdivisão do Cristianismo Gourmet que prega que quem não está ao seu lado esta contra você e vai se ferrar de verde e amarelo quando o Eterno voltar a esta Terra. Alias, o Eterno voltará a um grande palco, onde alguns cantores farão a abertura do espetáculo do grande show da volta de Jesus. Então ir a igreja física para mim, tem sido pouco interessante.

Em tempo. Você realmente esta preocupado com a Síria? Vamos organizar um grande abaixo assinado, captar, 1, 2 milhões de assinaturas que pressionem o Governo Brasileiro a condenar o regime de Bhasar A. de forma clara e vamos também pressionar este mesmo governo a cumprir sua promessa de receber refugiados Sírios de forma massiva em nosso país. Muito mais efetivo que ficar compartilhando textos bobajosos sobre o que acontece na Síria. Dá trabalho? Dá! Mas eu imagino que quem fala tanto na Síria esta de fato preocupado com o o que ocorre lá, não em enfeitar a sua timeline  né?

É isso.

Ouvindo: Leonardo Gonçalves

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Jesus Movement, Ou De Como A CCM (Contemporary Christian Music) Foi Fundada E Respingou no Brasil Com A Missão Vencedores Por Cristo



"Por que o Demônio deve ficar com os melhores tons?" - Martinho Lutero

"Por que o Diabo deve ficar com toda boa música?" - Larry Norman

No final dos anos 60 o movimento denominado Contracultura fervia por todo os EUA, Os Hippies, com seus jargões "Peace and Love" (paz e amor) e "Ban The Bomb" (proíbam a bomba, em livre tradução) pregavam o amor livre e o prazer recheado de sexo, drogas e Rock And Roll. Os Cristãos Protestantes com um diapasão absolutamente tradicional e pouco afeito a mudanças não conseguiam  dialogar com essa juventude que rejeitava tudo o que lembrasse tradição, status quo, ou o termo que se queira dar ao que era considerado ultrapassado e pouco  funcional se viram em um beco sem saída quando o assunto era evangelização de jovens.

Foi neste caldeirão cultural, religioso e politico que o Jesus Movement, ou Movimento de Jesus surgiu para se contrapor aos Hippies e sua ideologia calcada na liberdade desenfreada que levava muitos jovens ao fundo do poço das drogas e ao vazio do sexo sem comprometimento e de uma hora para outra lotou igrejas com Hippies recém conversos sedentos pela palavra de Deus e conhecer um mundo onde limites eram claramente estabelecidos e seguidos e ainda sim a liberdade tão almejada não era suprimida, pelo contrário, aprenderam eles que com Cristo a liberdade era mais que uma palavra de ordem, era algo palpável.

Claro que o Jesus Movement trouxe  lamentáveis extremos como os denominados "Meninos de Deus ou a Fundação Álamo que desvirtuaram o verdeiro propósito do Jesus Movement. Mas falar destes extremos serve apenas para pontuar que nenhum movimento pode ser completamente controlado por seus idealizadores quando tomam um volto gigante como no caso deste. No entanto o que importa para este post é falar sobre o que o Jesus Movement representou para a fundação da CCM, o movimento que se desdobrou por ritmos e sons que proclamavam e proclamam até hoje o evangelho de Cristo Jesus.

Cantores como Matthew Ward, fundador da icônica banda 2Chapter Of Acts, Larry Norman, Phill Driscoll, Andraé Crouch e tantos outros  promoveram uma verdadeira ruptura com o tradicionalismo religioso vigente na música Protestante inserindo  elementos de Rock, R&B entre outros trazendo a música Cristã para mais perto das massas sem no entanto descaracteriza-la e mantendo a tradição de letras fortes e contundentes que tocavam o coração de milhares de novos conversos. Um ramo específico, a excelente Maranatha! Music, fazia uma música com um forte apelo aos Hippies pois era de fácil assimilação por parte dos mesmos devido  as letras simples e diretas recheadas de violões e guitarras tocados com a mais absoluta virtuose.

Citei Lutero no início do post pois ele mesmo foi um reformador da forma de se adorar em seu tempo. "Castelo Forte, uma canção que de tão executada virou interdenominacional e é reconhecida por sua solene beleza foi quem diria,  um divisor de águas em seu tempo por ser considerada pouco mais que uma reles música de taberna. Lutero achava, assim como qualquer músico com o mínimo de bom senso que não existe música ou melhor ritmo musical de Deus e ritmo musical do Mochila de Criança (Diabo), e sim o que existe é a destinação que se dá para a música que é feita e principalmente onde está o coração do compositor ao compor determinada canção em determinado ritmo.

Jesus Movement foi enfim um catalisador para a mudança da música tanto na forma de ouvi-la como de consumi-la não apenas nos EUA, mas no mudo todo, tendo gerado inclusive um filhote brasileiro através da missão Vencedores por Cristo, fundada aqui nas terras tupiniquins pelo pastor americano Jaime Kemp. Vencedores foram simplesmente os revolucionários,  e além de revolucionários, pioneiros no quesito música Cristã de qualidade no Brasil. Suas equipes viajavam nosso país levando o evangelho cantado e encenado a grotões que nunca tinham ouvido falar da palavra de Deus. Produziam para tantos compactos a princípio sendo que logo depois viraram LP´S álbuns magníficos espetaculares que traziam canções de compositores importantes do Jesus Movement principalmente Ralph Carmachiel ainda hoje vivo com seus mais de 90 anos. Até que em 1977, o VPC lança o que eu considero o álbum divisor de águas da música Cristã no Brasil um dos melhores álbuns já feitos no m undo todo quando o assunto é música Crista, composto apenas de músicas de compositores Brasileiros, "De Vento Em Popa" é simplesmente sublime. Com um  repertório calcado principalmente no Samba e Bossa Nova  é de se ouvir chorando e entregando o coração ao Mestre, mas VPC é assunto para outro post merece um post próprio.

É isso

Ouvindo 2Chapter Of Acts



domingo, 25 de fevereiro de 2018

A Forma Da Água, Uma Canção de Amor Aos Desajustados



Por filmes que explodem em indicações ao Oscar tenho apenas um sentimento: DESPREZO. O mais solene desprezo porque obviamente foram feitos para tanto, para ganharem prêmios em quantidades industriais. Eu não acredito de forma alguma na mercantilização da arte e acredito menos ainda nesses prêmios feitos apenas para que egos sejam satisfeitos, nada mais. Arte tem que ser antes de mais nada, democratizada, divulgada, antes de ser premiada. Um bom filme antes de mais nada tem que contar uma boa história, tem que ter alma, essência, não apenas um invólucro arrebatador.

Segui a risca minha linha de raciocínio com relação a filmes indicados ao Oscar e neste caso em específico para ajudar, não morro de amores por Guillermo Del Toro, o diretor de A Forma da Água, então não dei bola para o filme e tudo o que se falava dele até que me lembrei que "Os Imperdoáveis" faroeste magistral dirigido por Clint Eastwood também tinha recebido uma pilha de indicações ao  Oscar e era um filme nada menos que espetacular e movido também por uma indicação de alguém que gosta tanto quanto eu de cinema, decidi assistir ao filme.

Com o orçamento apertado não pude assisti-lo no cinema e isso é triste, pois é um filme grandioso, paras ser assistido na telona, com toda certeza, mas ao menos, vê-lo em um desses sites de internet me fez conseguir uma proeza: Assistir a um filme legendado. Não é de forma alguma um filme para se ver dublado e dei a sorte de achar um link  legendado e com uma ótima qualidade de som. Vamos pois, as impressões sobre o magnífico A Forma da Água.

Se Guillermo Del Toro quisesse prêmios com este filme, não teria contado a história como a contou. O filme tem uma fotografia e direção de arte simplesmente soberbas, mas nem de longe é um filme solar, confortável visualmente. O desconforto visual proposital se encaixa com o desconforto que a história em si produz. Tendo a testa Sally Hawkins a soberba atriz de Blue Jasmine ao lado da nada menos que perfeita Octávia Spencer de Estrelas Além Do Tempo  e ambas sendo secundadas por um elenco a altura de seus talentos, Del Toro contou uma história de amor e terror como a muito não se via.

Não existe terror explicito, mas o mal esta muito bem representado na figura de Strickland, um iluminado Michael Shannon,  que defende seu personagem com tanta garra que faria Satanás ficar de cabelo em pé ante tanta maldade gratuita, que serve apenas a seus mesquinhos e pequenos propósitos. Mas se como eu disse o terror não é explicito ele fica escondido por camadas e mais camadas de sordidez e mesmo assim essas tantas camadas não conseguem segurar a maldade por muito tempo e ela escorre pela tela de forma perturbadora e muito importante, todo e qualquer sentimento que o filme venha a despertar em quem o assiste esta embalado por uma trilha sonora tão incrivelmente bem elaborada que torna tudo ainda mais real, quase palpável e o expectador mais sensível pode surpreender-se com ele mesmo ao pegar-se  achando a história mais verossímil do que de fato é.

Na verdade reside ai o pulo do gato de A Forma Da Água. tudo nele é tão belo e amedrontador e ao mesmo tempo sublime que a figura do monstro aquático capturado sabe-se lá porque na Amazônia, se torna tão inexoravelmente humana em determinado momento que tudo o mais ao redor do filme passa a fazer todo sentido e se humaniza de tal forma que  esquecendo que se trata de uma relação impossível de prosseguir, existe uma fervente torcida para que um final feliz aconteça. Nem o fato de a criatura a certa altura do filme comer um gato vivo elimina a sua beleza e pasmem, pureza.

A criatura, que se não é cativante visualmente também não é o horror dos horrores,  é na verdade nada mais que uma homenagem a todos que se sentem fora do prumo, desajustados, outsiders em um mundo cada vez mais plastificado e sem sal. Creio e não escrevo isso como uma verdade absoluta, mas apenas como expressão do meu entendimento sobre o filme, que Del Toro forjou sua criatura como uma forma de dizer as pessoas que se sentem solitárias, incompreendidas ou sentimentos correlatos,  algo como "calma, apenas seja você mesmo, o mundo não gosta de você assim e não vai gostar de você se houver mudanças, porque você ainda será você" ou seja, só existe uma possibilidade possível que é aceitar-se como se é e esperar que em algum momento alguém te olhe além das aparências, procure em suas camadas mais recônditas quem de fato você é.

Foi isso que fez Elisa, personagem de Sally em relação a Forma Da Água quando enfim tomou contato com ela. Tudo é lindo entre eles, a comunicação entre uma muda e uma criatura incapaz de verbalizar sentimentos mas totalmente capaz de tê-los e sofrer por este motivo causa um impacto emocional fortíssimo em quem busca em um filme algo mais que carros dirigidos por retardados e tiros dados a esmo  por outros retardados. é de uma delicadeza sem par a cena do banheiro submerso, quase um balé, uma verdadeira vitória dos derrotados pela vida, um clímax poucas vezes proposto pelo cinema e o fato de Elisa morar em cima de um em uma clara homenagem ao cinema como instituição, tudo isso faz com que lágrimas teimosas rolem pelo rosto de quem ama ver histórias tão bem contadas.

Não da pra falar muito mais de A Forma Da Água sem entregar Spoilers aos montes, então fica aqui o  veemente apelo para que  você assista a este filme. Não há nele perseguições de carros em desabalada carreira, nem tiroteios, a nudez é absolutamente poética e justificável, não está ali para excitar ninguém apenas para explicar comportamentos e atitudes, enfim, é um filme para ser visto e revisto e se ganhar os prêmios aos quais foi indicados será uma das raras vezes em que a Academia fez justiça. Na verdade se houvesse uma categoria chamada "Melhor Respiração em Filme", deveriam dar o Oscar a Del Toro, pois toda a respiração do ser aquático é feita por ele, Ghillermo.

Obrigado, Guillermo Del Toro por ter entregue aos amantes do cinema um filme tão especial como é A Forma Da Água. E a você que for assisti-lo. atente-se a trilha sonora, é um capítulo a parte, um achado de rara beleza.

É isso.

Ouvindo: The Shape Of Whater Soundtrack