domingo, 22 de maio de 2016

Não Existe Amor em SP (Criolo, você tem toda Razão, Mas Creio ainda em Transformação.)


Não existe amor em SP e nem em lugar algum, esta é mais cruel verdade. O amor coletivo que deveria unir as pessoas e leva-las ao céu ou ao menos  a algum tipo de fruição básica e satisfatória da emoção de estar entre iguais. Não existe o senso de iguais. Todos nos achamos diferentes. Melhores que os outros. Seja por ter mais cultura, mais dinheiro, mais inteligência, seja lá o que for, nos achamos melhores e quando nos achamos melhores, não é possível existir amor. Seja em SP, seja em Calcutá.

A vaidade nos mata lentamente. O olhar no espelho e sentir-se melhor, mais bonito, mais bem preparado, sentir-se aquele que vai encontrar-se com aquele outro ou aqueles outros que não são nada porque nada tem e ter hoje significa ser todos sabemos. A vaidade de ter o que quer que seja, se ser dono, possuidor, do dinheiro, do poder, dos dois juntos, isso tudo embriaga, ainda que o dinheiro e o poder nem sejam tanto assim quanto parece a quem os detém, a vaidade os infla.

O amor se esvai diante de nossos olhos. O amor é como um buquet de flores que na verdade são flores mortas como brilhantemente Criolo  definiu. Ninguém quem ir para o céu, que no máximo se dar bem na Terra, e se dar bem é pisar em que indefeso é. Dar-se bem é tripudiar na condição miserável de alguém que é seu igual só que é bem diferente por que pela visão oca e inepta nos parece menor. O amor, há o amor!!! Onde ele está?

O Amor esta em frases lindas, ditas por casais apaixonados. O amor está em pequenos gestos, atitudes inesperadas que alguns ainda teimam em ter para com outras pessoas. O amor esta na família, e exatamente por isso ela, a família é tão atacada. O amor esta no nosso sentimento mais puro  e escondido e por este motivo mais valioso. Escondemos o nosso amor, escondemos os nossos sentimentos nobres para sermos duros, duros como estátuas Romanas  e suas feições garbosas, imponentes, que assustam e mantém a distância pessoas com quem não queremos dividir quem realmente somos, seja por medo, seja por puro egoísmo.

Não existe amor em SP mas ele pode existir em mim e em você. O amor pode triunfar ainda, eu creio nisso. Por mais que a Ganância grite, a ( a minha ao menos) grita mais alto. A esperança que podemos ainda olhar com doçura para o outro, que podemos ter compaixão, que podemos ter atitudes positivas para com o mundo que nos cerca por que ser positivo, ser bom, no final das contas é melhor que ser mal. Se o amor em SP acabou, ainda pode florescer no meu e nos seu coração.

Se o amor se foi, que volte, mais colorido, um Arco-Iris pleno, que viva e grite a sua vida para os quatro cantos, que encharque a minha pessoa e transborde que eu queira ou não para as outras em minha volta, Que o amor seja tão soberano que volte a SP, que volte ao coletivo, não se restrinja a poucas e selecionadas pessoas. Que amemos, todo dia, o dia todo que sejamos capaz de amar, que sejamos capaz de tolerar, que sejamos capaz de aceitar, e aceitando, possamos aceitar. Que a oração de São Francisco, um hino ao amor, se faça persente em nossas vidas, que ela nos guie, nos ilumine que a decoremos e a recitemos todos os dias. Ser instrumento de paz e automaticamente ser instrumento de amor.

Espalhar o amor, aqui, lá e acolá é o que deveríamos querer fazer. hoje e sempre. Porque o amor é bem melhor, mil vezes melhor, que o desamor. Boa semana a quem chegou aqui nesta noite fria de Domingo.

É isso.

Ouvindo: Criolo, o lúcido!

sábado, 21 de maio de 2016

Ana Paula Valadão. Santa Indignação ou Burrice Profana?


Quando o ministério diante do trono nasceu, anos atrás, foi saudado como uma novidade bastante positiva no meio cristão brasileiro. Arranjos que não eram espetaculares eram ao menos corretos, letras que evidentemente não eram escritas por João Alexandre ou Stênio Marcius fato facilmente comprovado pela repetição extrema de refrões pobres e sem criatividade, mas enfim, ainda sim conseguia ser melhor que a porcariada "gospel" que ainda é produzida no Brasil.

Acontece que evidentemente o negócio começou a ser tratado como o que de fato é: Um negócio. Uma fábrica de salsichas que se repete e se repete e se repete de forma monocórdia, feita apenas para vender mais e mais cds. Enquanto tem bobos pra comprar, beleza, que comprem, que gostem, até porque a comunidade evangélica brasileira, uma das mais manipuláveis do mundo, aceita todos os modismos que lhes enfiam goela adentro, sejam eles musicais, comportamentais ou o que mais a mente enlouquecida de algum "líder" obtuso possa imaginar.

Neste contexto, Ana Paula "Idiotinha" Valadão tem se esforçado ao máximo para se superar. Já falou que irmãs gordas são relaxadas e não se cuidam e Deus não se agrada disso. Coitadas das que tem problemas de Tireoide, Diabetes e mais coitadas ainda das que gostam de ser gordinhas, que não se vinculam a padrões estéticos específicos preferindo antes ser quem são e como são sem dar bola para torcida.

Cristãos hoje, em sua maioria, acham que precisam ter opinião sobre tudo. Não precisam. E muito menos precisam se envolver em polêmicas seculares, agir como se estivessem em defesa da fé quando estão buscando apenas auto promoção da forma mais torpe possível. Agem como se fossem participantes de uma cruzada destinada a "higienizar" o mundo todo e livra-lo de suas práticas imundas. Revestem-se do que com orgulho chamam de "Santa Indignação" ou algo parecido, quando o que os move é apenas o desejo de aparecer e vender mais discos, ou qualquer outro badulaque licenciado com suas respectivas marcas.

Investir contra uma coleção de roupas unissex como fez agora Ana Paula, se dizendo "indignada" com a campanha da C&A é de uma falta de bom senso e mesmo de falta de lógica acachapante! A anos e anos as empresas de moda lançam coleções unissex de suas roupas e posicionar-se contra elas apenas porque a C&A toca na questão da identidade de gênero e de uma pequenez que assusta qualquer ser humano.que tenha um mínimo de bom senso.

O que ganha um "líder" Cristão ao entrar em um assunto como este e com tamanha virulência? Dizer que a empresa quer testar os limites dos cristãos e ver até onde eles suportam a questão da identidade de gênero? E desde quando cristãos tem que suportar isso??? é uma inquisição as avessas o que se quiser? Fica evidente para qualquer pessoa com o o mínimo de bom senso que Ana Paula Valadão nada fez além de proselitismo barato ao jogar seu texto embebido de "Santa Indignação" nas redes sociais. Quis aparecer para seu rebanho de desvalidos intelectuais, quis mostrar que a dona do "curral" se importa, mas na verdade tudo o que conseguiu foi demonstrar uma burrice de dar dó.

Conclamar um boicote a C&A? Jura?? Participar do Festival Promessas da rede esgoto pode? Ficar anos no casting da Som Livre, gravadora da Globo, não tem problema algum?Chega a ser patética a forma de se portar deste crentes desmiolados...

Vivemos um tempo onde tudo esta se esfacelando muito rapidamente e a justa noção de cristianismo já se perdeu em um passado remoto. Agora vivemos um imenso mercado onde vale mais a pena vender noções de fé e de comportamentos ditos cristãos a incautos que buscam um sentido para suas vidas do que propriamente viver uma vida que seja ela por si só exemplo a ser seguido.

Ana Paula Valadão é uma pateta em forma de liderança cristã, isto esta claro. Se expressa de forma atabalhoada, não consegue concatenar idéias de forma razoável e inteligente mas tem uma legião de seguidores que creem em suas palavras. Prestará contas ao Eterno por cada uma das bobagens que profere e faz seus seguidores proferirem juntos com ela. Isso é certo. E isso, me conforta.

É isso.

Ouvindo. Stênio Marcius

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Os Cabelos de Dana Scully


Como assim Dana Scully não é 100% Ruiva? Como assim usa, (ou usava) tonalizante para manter as madeixas lindas? O que acontece com as mulheres? Sempre nos ludibriando com algum truque que quando revelado lhe faz a pretensa beleza cair por terra... Por que? Para que? Que deselegância de Gillian Anderson! Depois reclama porque ganhava menos que David Duchovny...  Merecidamente!!! Enganava seus fãs com seu pretenso ruivo pretenso que agora descobri ser mantido a base de tonalizante.

Comprei as temporadas de Arquivo X. Todos os boxes. Assistia com real deleite e satisfação até que Graziela me alertou para as variações de cor entre um episódio e outro no cabelo de Scully e me disse que seu tom ruivo meticulosamente pensando para enganar trouxas como eu era conseguido a base de tonalizantes específicos. Oi? Como assim? Tonalizantes? Para que? Porque?

Scully, o contraponto  nem tão contraponto assim de Mulder era a verdadeira razão para eu assistir The X Files. Eu gostava de sua segurança titubeante, de suas certezas tão incertas, de sua total dependência de Mulder  e  do amor incondicional que nutria por ele. Scully o questionava, mas o seguia. Era protegida, mas protegia, era falante, mas sempre o ouvia.

Mas eu gostava também de seus cabelos ruivos. Pessoas ruivas chamam a atenção,. isso é fato e quando são agentes do FBI, Médicas legistas e  se chamam Dana Scully (que nome do cacete, de legal, vamos falar a verdade) ficam ainda mais chamativas. Hoje, após saber a dura realidade dos tonalizantes (seria um Tonaligate?) comecei a rever a segunda temporada com um travo de amargura boca. O primeiro episódio, icônico, fantástico, um dos melhores de todas as temporadas (Little Green Man) se tornou ontem a noite em uma perturbadora sessão de desconstrução do seriado. Me senti o tempo todo enganado, falseado, como se a verdade estivesse lá fora o tempo todo e eu não quisesse me confrontar com ela. Como poderia, afinal de contas, Scully ter cabelos tão perfeitos sem os malditos tonalizantes?

Sem eles ela seria apenas mais uma ruiva normal, sem gracinha que se perde na multidão e pode no máximo ser chamada de "menina fogueira". A verdade, meus caros é que os cabelos de Dana Scully foram a maior farsa de The X Files. Só falta agora descobrir que William B Davis não era fumante e seus cigarros eram todos cênicos para a série ser a maior mentira da história recente da TV.

Estou revendo de forma emputecida a segunda temporada de The X Files. Oa que seria um prazer se tornou em ruína, pois só  penso no tonalizante fajuto que Scully usa para os seus cabelos se manterem com um ruivo perfeito. Mulheres sempre tem seus truques de beleza, admito. Mas mulheres agentes do FBI deveriam se preocupar mais com a verdade que esta lá fora.

É isso.

Ouvindo: Foo Fighters


Textos ruins


Tenho escrito textos ruins e apenas textos ruins. A inspiração parece ter me abandonado. Me sinto triste, desmotivado e sem vontade de escrever. Escrever sem vontade é tão ruim como comer sem estar com fome. O texto não é elegante, acaba sendo apenas expelido de forma forçada e não reflete o que eu quero dizer.

Palavras não podem ser encadeadas uma atrás da outra de forma ignóbil como venho fazendo. Escrever requer elegância, fluência, um requinte que raríssimas vezes possuo e sobretudo inspiração. Tudo isso tem me faltado e nem um calmante, um excitante e um bocado de Gim resolveriam a fuga que as palavras empreenderam de mim. Sei exatamente o que quero escrever, meus textos ficam dançando na minha mente, todos parecem que serão brilhantes e quando saem, me envergonham. Que lástima.

Não leio meu blog. Não releio nada do escrevo porque tenho vergonha das merdas que saem. Fico pensando como pode ter pessoas que perdem tempo vindo a este espaço, ler as bobagens que escrevo,  Porque em sua maioria, são bobagens. Sim, já escrevi textos emocionantes, pungentes, verdadeiras pinturas, mas são a minoria da minoria. Meus textos são apenas rascunhos que deveriam ser descartados sem dó. São uma miscelânea de palavras que se perdem em si mesmas por pura  falta de cadência, de ritmo.

Quanto mais leio, mais um verme das palavras me sinto. Claro, que entre editar as merdas em forma de palavras de Paulo Coelho, J.K Rowling entre outros fanfarrões da escrita eu se editor fosse, editaria as minhas mesmo, mas qual o mérito que existe em escrever coisas mais interessantes que as que Paulo coelho ou a autora de Harry Potter escrevem? Qualquer ser humano que queria ter um blog tem obrigação que escrever melhor que esses ai e infelizmente não tenho escrito nada a altura. Infelizmente essa é a verdade.

Textos medíocres e insípidos desprovidos de criatividade de assombro, tudo isso me fazem lastimar esta minha ânsia em escrever. Escrever porcarias para que? Para quem? Deveria fazer outra coisa, deveria ficar dormindo, ou deveria ler mais. É isso! A mim, o que resta é ler mais. tentar aprender com quem sabe escrever, humildemente buscar melhorar as divagações de bostas que eu escrevo. Não é fácil, mas tentarei. Por enquanto, quem for trouxa o suficiente para perder tempo lendo essas babaquices que escrevo, sinta-se a vontade. Tenho pena de mim. E sobretudo, de você.

É isso.
 
Ouvindo: Cauby Peixoto


terça-feira, 17 de maio de 2016

Cauby Peixoto se foi


Cauby Peixoto, o cantor das roupas exageradas, do cabelo exuberante (seria peruca?) dos graves impecáveis, um Barítono dos melhores que o Brasil já teve, (não, ele não era um Tenor como insistia de forma equivocada Fausto Silva), dono de um histrionismo único, que levava o público a confundir sua personalidade com sua persona,o homem dos blazers  brilhosos e em corres berrantes, enfim, um ícone do que existia de melhor na música brasileira, se foi.

Em um momento em que o que de pior existe se estabelece como padrão de qualidade e os poucos bastiões restantes aos poucos tombam pelo caminho, concluo que o processo de idiotização da música nacional é irreversível e caminha a todo vapor. O público não quer qualidade, quer idiotas de calças justas e chapéu de boiadeiro entoando versos sobre a cornitude do ser humano.  Quer nomes artísticos que beirem a infâmia como "Wesley Safadão" quer patifarias sonoras como o Funk e outras merdas.

Clássicos da canção como Cauby, viraram repentinamente "musica velha, musica de velho" A  sofisticação do canto de Cauby e uns outros poucos cantores como Nelson Gonçalves foi sendo aos poucos trocada pela falta de sutileza ao interpretar de babacas como Lucas Luco, Luan Santana e outros trastes a quem basta gritar e desafinar para serem elevados a condição de "ídolos". Gente que não serve para lustrar a fivela do cinto de Cauby é hoje visto como gênio da música. Cada povo tem o ídolo que merece.

Cauby se foi e não deixou discípulos, infelizmente. Seu legado não será levado a frente, sua forma refinada de encarar uma apresentação, respeitando o público, a ele entregando o melhor que poderia entregar. Tendo a secunda-lo uma banda nada menos que primorosa, um repertório  coerente e outras coisas simples que fazem uma apresentação merecer ser vista. Hoje, cantores(?) se valem de canhões de luzes que cegam a audiência, muito gelo seco e nada de talento. As músicas, quanto piorem forem, melhor serão compreendidas e aceitas, pois uma audiência de inteligência rebaixada está ávida por ouvir sons incompreensíveis que farão com que letras da pior categoria sejam mascaradas pela massa sonora sem sentido.

Cauby se foi e junto com ele um dos últimos shows decentes que se podia assistir hoje no Brasil. Que tristeza!!!

É isso.

Ouvindo: Benito de Paula

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Vitor Belfort, sua derrota e o Brasil, um país de toscos


Não sou o maior fã de MMA que existe. Não perco meu sono para ver homens ou mulheres se estapeando, primitivo é a palavra mais elegante que tenho para exprimir o que penso do MMA. Primitivo, tosco e por ai vai... Mas enfim, cada um sabe do que gosta e se tem gente que fica mesmerizada em frente a TV assistindo dois adultos se socarem, por mim tudo bem.

Vitor Belfort é um dos grandes do MMA. Mais que isso é um atleta de ponta. Se tomou substâncias proibidas ou não não entro no mérito, até porque isso é regra entre os atletas de ponta, os que não tomam são ET´s. Existe muita hipocrisia concentrada no assunto doping e este não é o foco do post, apenas não da para falar de Vitor, sem falar de doping, mas a grande questão é sua última derrota e como os "fãs" do "esporte" lidaram com isso.

Todo o histórico vitorioso de Vitor foi jogado na latrina e isso vem muito do fato de o brasileiro ser tosco em sua essência. Tal qual o futebol, o volley, ou qualquer outro esporte, o MMA é um esporte onde se ganha ou se perde. Derrotas são tão naturais quanto vitórias e mensurar se um atleta é de excelência ou apenas mais um na multidão é um exercício relativamente simples, basta escrutinar o número de vitórias e confronta-los com as derrotas. Quanto mais vítórias, evidentemente maior é o seu status e neste quesito, Vitor tem muito o que apresentar. Um cartel vitorioso, com vitórias inclusive sobre ícones do MMA.

Por outro lado, Vitor teve derrotas também acachapantes como no caso da derrota para Anderson Silva, que perdeu também de forma humilhante para outro oponente que nem me lembro o nome. Tal qual na NBA, para ficar em um exmeplo, o MMA vive de dinastias e Vitor teve sim a sua. Acontece que Rei Posto, Rei Morto. E Belfort, foi posto de lado e agora clamam pelo fim da sua carreira os mesmos que menos de um mês atras criam em uma sobrevida para ela em caso de vitória contra Jacaré.

É sempre para mim triste ver um campeão perder e mais triaste ainda ver que seus fãs não sabem lidar com isso,  buscando logo em seguida outro alguém, para cultuar. Embora como eu já tenha dito o MMA para mim não passe de um esporte primitivo calcado em regras frágeis e pouca elegância, ou melhor, em elegância nenhuma, Vitor Belfort merece mais do que a proclamação do fim de sua carreira. Merece honrarias, merece os elogios que sempre teve, pois a vida  e não só o esporte é construída de vitórias e derrotas e perder, ainda que da forma brutal como foi  sua última derrota não é motivo de vergonha. O oponente estava em uma noite melhor, melhor preparado e fez valer estes detalhes para sair vitorioso. E dai? Acontece.

A tosquice do povo brasileiro e sua sanha em ter esportistas que nunca perdem por mais impossível que isso seja é uma daquelas características de um povo que não cresceu ainda, juvenil no trato com questões que tenham um mínimo de profundidade. Que pena que ainda sejamos desta forma.

É isso.

Ouvindo: Rita Lee

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Gleice a mina da quebrada no Masterchef


Gleice, a menina de olhos tristes de postura tímida tão tímida  que parece que o medo do mundo é maior do que a vontade de vence-lo (mas só parece) é o motivo que me faz assistir a temporada 3 de Masterchef .

Sua postura tão naturalmente medrosa, com um sorriso que insiste em não sair e quando sai logo volta para dentro de sua boca parece gritar que ela ainda não entende o que faz ali,  ou porque ainda esta ali. Talvez ela achasse que nem entraria, mas entrou e mereceu entrar e merece ficar o quanto conseguir e por que não? Ganhar.

Entendo perfeitamente o que sente Gleice até porque ainda hoje entro em lugares em que me pergunto porque me admitiram ao recinto. Quando se vem de uma infância de lutas, pobreza e principalmente falta de oportunidades, é mais que natural que a admissão a alguns lugares que desejamos estar nos torne a estupefação plena.

Lidar com o fato de estar em uma competição onde seus oponentes são todos um pouco auto confiantes, ou ao menos aparentam ter esta autoconfiança, são mais altivos, mais, mais e mais, uma série de coisas, é assustador.

Cada vez que vejo Gleice dizer que não conhece tal ingrediente, que não conhece tal comida, tal livro de culinária, exalto sua força de vontade,  sua coragem, determinação, garra, enfim, todas as qualidades que a colocaram ali mesmo com tudo contra, com todo o estranhamento que sua presença possa trazer a uma classe média de merda que assiste o programa nem sabe bem porque, apenas para ver quem será o eliminado da semana. Um motivo que pode ser chamado no mínimo de torpe.

Gleice fala  baixo, quase sussurrando, quase pedindo desculpas por dirigir a palavra a quem quer que seja. Tem respeito pelos jurados, tem  uma não altivez que emociona, e sabe melhor que ninguém que pode a qualquer momento ser a próxima eliminada. Não importa, para mim, já é uma vitoriosa. Entrou por um funil que deixou milhares de pessoas para o lado de fora, fez uma receita simples para entrar e a executou bem. Cozinha com amor, com emoção e tem uma história tão sofrida como  quase todos pretos de tão pobres tem.

Não a vejo usar isso a seu favor. Cada lágrima que derramou foi para mim sincera. Cada passo que deu com medo, cada vez que tentou esconder sua presença, tudo foi natural, sincero. Gleice nem tem estrutura intelectual ao que parece, para ser uma estrategista que vá além do óbvio.É uma pessoa que é apenas aquilo que consegue ser, nada a mais e talvez por este motivo se torne tão cativante.

Não creio que Gleice vá ganhar, mas espero que sua participação lhe traga dividendos, lhe faça dar uma condição melhor a sua família com ela disse almejar. Gleice merece e a quebrada que ela representa torce em peso por ela. Tenho certeza disso. Ela merece a torcida. Ela representa sua área. E representa com uma dignidade impar.

É isso.

Ouvindo: Maria Callas