terça-feira, 20 de dezembro de 2016

my valentine (post para graziela)





em um ano difícil, onde metaforicamente é claro, choveu demais, ela esteve ao meu lado dizendo que o tempo mudaria. e tem mudado mesmo. as noites e os dias passando por mim, e ela ao meu lado, não como um sinal que eu esperava, mas como o único fio de esperança possível de que a vida seria melhor, ou poderia ser melhor do que estava sendo. e quer saber? a vida foi ótima, porque foi passada ao lado dela.

a gente não se importou com a chuva, não se importou com a tempestade que teve, porque ela é o meu amor e eu sou o amor dela. porque a vida sem ela seria insuportável e porque estarmos juntos nos faz vencermos desafios que sozinhos, não teríamos conseguido exito. a vida nos foi dura, mas a suavidade de suas palavras, de sua voz de suas colocações ponderadas, transformou a dureza e aridez em algo possível de ser vivido.

existiram dores, mas existiram também momentos únicos, cheio de ternura e amor, cheios sobretudo de certeza de que nenhuma dor dura para sempre. e por mais que durem, são amenizadas quando existe um amor como ponto de referência. e quantos e incontáveis vezes não foi assim comigo? e sempre que precisei e me virei para ver o nosso amor como esta referência tão forte de que tudo ficaria bem, ela estava lá. braços abertos, coração cheio de amor e perdão, uma existência tão ímpar e necessária que não tenho palavras para denominar com a elegância devida.


somos um em dois, dois em um. somos diferentes mas dificilmente duas pessoas poderão ser tão iguais. somos aqueles que se olham e se entendem, que antecipam pensamentos que seriam do outro, somos a tradução mais bela do companheirismo e cumplicidade. brigamos e nos amamos, nos amamos e brigamos, mas sempre juntos, unidos, companheiros e é isso que importa.

a companheira que se eu pudesse moldar não o faria com tanta perfeição é graziela. o amor é graziela, a vida boa de ser vivida é ao seu lado. sou feliz. muito feliz e neste ano que se encerra em poucos dias, dou graças ao Eterno por ter graziela. a vida sorriu para mim. e  eu, em retribuição, ando sorrindo como nunca para a vida.

é isso.

ouvindo: paul maccartney (my valentine)

domingo, 11 de dezembro de 2016

a.i (artificial inteligence) o filme que jamais sairá de minha cabeça


já vi milhares de filmes. impossível dizer o meu favorito. "citizen kane" considerado por muitos o melhor filme de todos os tempos para mim é de uma chatice acachapante. cinema é arte e arte bate em cada um de forma diferente e isso é bom. se todos gostassem das mesmas coisas que chatice seria o mundo e quantas linguagens e formas diferentes de contar uma história seriam enterradas para sempre em detrimento do gosto comum.

"a.i" é sem dúvida alguma o que se pode qualificar de cinemão. feito para antes de mais nada explodir nas bilheterias (não foi o caso), com atores de primeiro time, orçamento farto, efeitos especiais muito bem executados, enfim, um filme para agradar a todos.  falhou miseravelmente!

e falhou, porque "a.i" tem algo raro entre os filmes meramente comerciais. tem alma. alma em forma de roteiro. "a.i" conta um história cheia de nuances, ângulos obtusos que precisam ser explorados com calma e quando tudo o que contém sua história é por fim destrinchado, o que fica é um travo meio amargo que evidencia como a vida as vezes é feita de nãos disfarçados de sim e vice e versa. em suma, a vida na maioria das vezes não passa de uma monótona e monocórdia sinfonia de dizer e uma coisa e fazer outra.

se como diz  guimarães rosa  " a vida é um constante rasgar-se e remendar-se" ou seja, estamos em constante mutação seja através da alegria ou do sofrimento, é certo também que a vida é uma constante rotação de rumo e por vezes essas guinadas são violentas, forçadas pelas circunstâncias e deixam marcas profundas, muitas vezes irreparáveis. essas marcas nos acompanham por toda a jornada e por vezes, nos definem.

em "a.i" um  menino robô (adoro essa definição) se afeiçoa a sua "mãe" humana, mais do que o seu verdadeiro filho foi capaz. acontece que ele só entra na vida desta mãe como moeda de troca pelo seu verdadeiro filho que esta em coma sem perspectiva alguma de recuperação.aos poucos, o medo e o estranhamento natural que esta situação obviamente causa são substituídos por um amor incondicional que nasce entre ambos, ao passo que o marido desta mulher que tanto incentivou a presença deste menino robô em sua casa, no seio de sua convivência, se torna desconfortável com a "intrusão" deste ser de certa forma bizarra em sua família, situação que se torna insustentável com a volta do filho natural a vida social desta família.

fica claro que ninguém ali leu "o pequeno príncipe" e o conceito de de cada um é responsável pelo que cativa não passa de uma mera e inútil abstração na vida deste casal. pois o menino robô contrariando as expectativas passa a amar sua mãe de forma incondicional e nem mesmo o abandono que sofre por parte desta o faz deixar de ama-la. neste momento o filme se torna sombrio e ganha em densidade e profundidade, mas tal qual a fossa das marianas, ponto mais profundo conhecido dos oceanos, a escuridão é total e a pressão pode fazer a caixa craniana de qualquer pessoa mais sensível explodir.

o ponto x de todo o roteiro ao menos para mim é exatamente este: qual o direito que temos de cativar alguém, seja um ser humano, seja um menino robô e depois abandona-lo porque isso se tornou mais conveniente? a vida, ou os sentimentos que temos e despertamos seja em outra pessoa seja em nós mesmos pode sere governada pela frieza e muita vezes frivolidade de nossas motivações? podemos abandonar em uma floresta escura e fria alguém que nos tem como objeto de devoção? descartar pessoas ou as emoções destas pessoas porque para nós elas nada dizem é um direito que nos é facultado? fechar os olhos para o que abandonamos muda o destino destes?

são questões que eu mesmo reconheço muitas vezes como piegas, mas a vida não é feita apenas de intelectualismos baratos e pensar nos sentimentos alheios as vezes é vital. se não temos a sensibilidade de sentirmo-nos tocados pela dor alheia merecemos nós mesmo a sensibilidade de outrem?  se você não assistiu "a.i", assista! essas e outras questões certamente dançaram em sua cabeça. ao menos, é claro, que você seja um adulto robô sem emoções.

é isso.

ouvindo: a.i soundtrack


segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

sobre helicópteros, casamentos e choro


não sei se a noiva que morreu era afeita a alta tecnologia, ou se queria causar impacto já que não é o usual chegar de helicóptero a um casamento. mas fato é que acabou não dando certo. o helicóptero caiu e ela, juntamente com os demais ocupantes, morreu.

a vida, fica cada vez mais claro para mim, é só um piscar. morremos e tudo se vai, tudo termina. seja de helicóptero, seja de avião, navio, ou mesmo andando a pé ou até mesmo dormindo, morremos e tudo o que resta são outras pessoa a nos recordar. tudo acaba, cessa de forma irreversível e quem fomos e o que vivemos fica gravado apenas na memória de quem nos queria bem e essas memórias são o que resta como tentativa de perpetuação do indivíduo que partiu.

mas morrer no dia do seu casamento é algo especialmente cruel. para quem fica, a dor de uma lembrança que será especialmente cruel ao pulsar a memória de um fato que jamais deveria ter acontecido. a perplexidade ante o acontecido é tão atroz que faz com que a incredulidade prevaleça ante o acontecimento provado em si, porque simplesmente não nos é natural que a morte chegue em um dia de celebração da vida como um casamento. alias, a morte nunca nos é natural, ainda que saibamos que é a única certeza que temos.


se é verdade que helicópteros talvez não sejam o veiculo mais comum ou mesmo apropriado para deslocamentos em dias de casamento, não é menos verdade que eles podem acrescentar charme e sofisticação a tal cerimônia e se alguém pode pagar pela sua utilização, e utiliza-los fará com que o dia da pessoa seja ainda mais feliz, não há porque não faze-lo.  o sonho de quem quer que seja jamais deve ser limitado por convenções ou regras pois a felicidade de vive-lo pode ser única.

o choro dos que ficam é intenso e a dor permanente. morrer, quando se ia jurar viver uma vida toda ao lado de alguém é algo inexplicável, e mesmo em um mundo onde inexplicáveis acontecem a toda hora, nada ajuda a confortar uma perda como essa ou mesmo a explica-la. helicópteros, casamentos e choro até poderiam conviver em harmonia se o choro fosse de felicidade após o sim.

vivemos em um mundo conturbado onde o horror e a barbárie coletiva nos anestesiam, mas jamais serão lenitivos para o nosso horror particular. a dor e o sofrimento contidos neste mundo são nada perto do que uma tragédia dessa pode ocasionar na vida das pessoas envolvidas diretamente com ela.

sofremos todos os dias ao vislumbrar o mal que existe no mundo, mas casamentos devem sempre ser ilhas de paz no espaço-tempo que nos cerca. quando eles são afetados por acontecimentos como os de ontem, uma fenda se abre e rasga o equilíbrio de um momento que deveria ser mágico e se torna apenas, trágico.

que Deus, em sua magnifica grandeza conforte a alma e coração dos que ficam.

é isso.

ouvindo: the Carpenters

terça-feira, 22 de novembro de 2016

sobre a paz que buscamos



onde esta a paz? em igrejas? monastérios? a paz esta nos confins do mundo? nos polos inabitados? ou estaria a paz dentro de nós, mas tão bem escondida que não a achamos? a paz esta em mim? esta em você que lê? a paz existe? e se existe, porque é tão difícil encontra-la? e que paz buscamos, afinal de contas?

a paz de um mundo sem guerras? a paz interior também chamada de paz de espírito? a sorte de uma amor tranquilo para muitos é a mais genuína forma de paz. como diz a canção, pode cair o mundo se eu estiver em paz ou a minha paz apenas não basta se meu semelhante estiver em turbulências? eu posso ajudar a paz coletiva se tiver minha paz individual? ou a paz de um independe da paz do outro?

nunca se falou tanto sobre a paz e nunca a paz pareceu estar tão longe. guerras, guerrilhas, grupos terroristas tocando o terror como nunca se viu, países se armando ante a possibilidade ínfima de uma agressão por parte de outro país. tratados comerciais suscitando rumores de guerra, protecionismo extremo, xenofobia, práticas medievais voltando a tona em um mundo cada vez mais tecnológico onde as fronteiras praticamente inexistem e ainda sim mulheres são massacradas nos rincões e esquinas do planeta como se isso fosse comum por questões religiosas e culturais.

o mundo clama por paz mas não nos enganemos: a paz que se busca não é a que visa o bem coletivo. tem muito mais a ver com nosso bem estar pessoal e no máximo o de nossa família. não queremos ceder em nossas demandas paras termos paz. não queremos nos doar para termos paz. queremos a melhor paz que o dinheiro possa comprar, essa é a verdade. o bem comum é menos interessante que a tranquilidade de um condomínio de muros altos e cercas eletrificadas. a paz, que queremos é a nossa.

até onde estamos dispostos a ceder para a paz se instalar? seja nas relações familiares, a base de todas as outras, ou ao menos a que deveria ser a base de todas as outras, seja nas relações em geral? até onde vamos ceder e aceitar coisas minimas que atreladas a outras coisas não tão minimas que se conectam com as grandes coisas e formam a imensidão de coisas que no final das contas é a nossa vida e a vida do outro também? aceitando o outro como ele é, a paz se torna mais próxima. a intolerância é o que nos separa, o preconceito igualmente nos divide e a falta de uma noção concreta do que é a paz que realmente buscamos torna esta busca obtusa, quase impossível de se concretizar.

a paz que buscamos no meu entender depende muito mais de nossos gestos, de nossos pequenos gestos diários e cotidianos do que dos grandes tratados que são escritos para fazer da paz algo palpável entre os povos e nações. se entre nossos relacionamentos conseguirmos infundir a paz, se ensinarmos para os nossos filhos os conceitos básicos do amor e do bem viver e ensina-los a sermos pessoas do bem a paz talvez não nesta, mas nas próximas gerações seja um sonho  mais próximo de se realizar. a paz não esta em ensinamentos religiosos e muito nenos na falta deles. ela está na boa vontade entre os homens e no desejo puro e simples de sermos bons. ser bom, ou buscar ser bom é buscar a paz.a gir como uma boa pessoa é alcança-la  dia a dia. difícil, porém possível.

é isso.

ouvindo: estevam queiroga

quinta-feira, 17 de novembro de 2016

eu e a bolsa que eu queria


antes de mais nada uma nota importante: tudo em meu blog que for escrito a partir de hoje será em letra minúscula. seja nome próprio, seja o que for, tudo seguirá este padrão. minhas opiniões são pequenas e desimportantes, a verdade é esta assim como eu sou pequeno e desimportante, inclusive para mim mesmo. o post de hoje da uma boa ideia disso.

eu passei este ano todo "namorando' uma bolsa. é, uma bolsa. todo santo dia entro no site da empresa que a vende, vejo o vídeo e admiro o quanto ela é bonita e funcional. para os meus padrões, ela é cara, são 900 dinheiros que sim, eu poderia ter em algum momento colocado de lado e usado para compra-la. mas sempre pensava  e ainda penso que não é para mim. ela é toda de couro, feita a mão, uma cor linda e exatamente por tanta beleza, creio que eu ficaria ridículo ao utiliza-la.

quando morei em moema, achava que o bairro não era para mim e me sentia opresso. foram três anos de dilemas existências fortíssimos que me fizeram detestar o melhor lugar que já morei, ao menos quando falamos em endereço. quando morei na rua, me senti a vontade. sem regras, sem ter que mostrar ou provar nada a ninguém, apenas deitando onde quisesse e dormindo da forma que desse. eu gosto de coisas boas, mas acho que elas não gostam de mim, não me cabem e nunca me pertencerão. sou meio pateta, a verdade é essa.

eu não sei conviver, eu não sei falar direito, me expressar, me fazer entender. mas sei gritar com as outras pessoas, ser mal educado, rabugento, incapaz de não brigar por motivos fúteis. eu ficaria ridículo fazendo tudo isso com a bolsa que quero nas costas. um ogro com um acessório bacana, uma visão do inferno.

na verdade dias como hoje me fazem ver que não sou uma visão do inferno, sou "o" inferno.  me fazem perceber que por mais que eu queira vencer, talvez eu seja destinado a sempre estar em segundo ou terceiro lugar, nada além disso. até minha melancolia é de quinta e consegue produzir nada além de textos esquisitos e sem muita noção.eu deveria saber escrever melhor, mas não sei.

quando olho para o couro da bolsa que eu namoro, não penso na morte do animal do qual o retiraram, não tenho essa nobreza e na verdade, estou cagando para este detalhe. mas penso na inevitável sofisticação que o couro empresta a tudo em que é utilizado e me sinto um paspalho. não sou sofisticado.  ao contrário, sou bem chinfrim. olho no espelho e vejo minha barba mal feita e me pergunto para que quero aquela bolsa? seria risível.

eu não tenho porque comprar esta tal bolsa e se comprasse, não usaria. minha vida já é em muitos momentos sem graça demais para eu querer achar que mereço usar tal peça. eu, estando com o corpo coberto para evitar a exposição da minha nudez, que é deplorável, já esta de bom tamanho.a vida não me sorri. e eu não sorrio para vida.

é isso.

ouvindo: maria calas

    

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Admito Minha Total Ignorância Em Um Mundo de Sabichões


Eu admito que sou um tremendo ignorante. Chega a ser comovente a minha falta de conhecimento sobre os mais variados assuntos. Não entendo nada, por exemplo sobre politica externa. Não se Donald Trump será um bom presidente para os americanos e péssimo para o restante do mundo ou vice e versa. Não sei se Hilary faria melhor que ele, ou é tão lesado quanto ele parece ser. Não sei, não sei, não sei.

E não sei por um motivo muito simples: Não sou americano e nem vivo na América. Nunca nem visitei por lá.  Não sei nada sobre as sutilezas do país que mesmo enorme, tem sim suas sutilezas que ajudam a compreende-lo melhor. Não sei nada sobre o dia a dia dos Yankees, A minha referência mais sólida sobre o estilo de vida dos americanos é Friends, o antigo seriado. Para mim,  o americano tipico mora em Nova York, em bairros transados e gasta fortunas em casas de café. Para mim eles tem horários de trabalho ultra mega flexíveis a julgar pelo mesmo pessoal de Friends.

Bom, os americanos também tem tendências a serem psicopatas de  forma muito acentuada. Isso eu aprendo com Criminal Minds. Eles se matam com uma facilidade extrema, ou ao menos tentam se matar o tempo todo. Nesse cenário, seria bom ter um presidente que adora armas como Trump, ou uma presidenta que quer controla-las como Hilary? Não sei, não sou americano.

Minha referência sobre politica americana é a espetacular série The West Wing. Ela me ensinou que os Democratas são legais (ponto para Hilary) e que os Republicanos são pouco menos que demônios enviados enviados a Terra para foder com os americanos (nessa Trump se fodeu!)  Acontece que eu creio que na verdade os Democratas são bonzinhos na série porque o roteirista é Democrata ou ao menos simpatizante e a maioria dos atores americanos também o são. Dai, continuo sem saber nada.

Claro que tudo o que escrevi acima é balela, sou altamente informado, tenho opinião própria e tudo o mais, mas me irrita demais ver tanta gente falando tanto sobre assuntos que não dominam e muito menos lhes dizem respeito. Estou considerando seriamente sair do Facebook, não aguento mais esta onde que não arrefece de forma alguma capitaneada por gênios da politica externa que infelizmente se mantém apenas nas brumas que o Facebook proporciona. Lá eles podem falar o que quiserem da forma que quiserem, criticar o que não entendem, exaltar o que não entendem também, em outras palavras, falar merda.

O Facebook dia a dia se torna um lugar mais insuportável onde sabichões acham que sabe,m de tudo e opinam sem medo sobre tudo. Lastimável, mas é a pura verdade. E quanto a Trump que ele e os ignóbeis americanos que os elegeram se fodam de verde e amarelo nos próximos 4 anos.

É isso.

Ouvindo: Madredeus

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Trolls, O Filme


Tenho um sério problema com os desenhos animados de hoje em dia. São violentos demais, místicos e cínicos ao extremo. Sim, os desenhos de minha época também tinha violência e misticismo (Thundercats e He Man são apenas dois exemplos), mas não eram cínicos. O Cinismo me incomoda, como também  a distorção de valores, a falta de sinceridade e a sobra de falsidade, os roteiros frouxos baseados em uma ação desenfreada e a nulidade de diálogos minimamente palatáveis. Afinal, ainda que sejam desenhos para crianças, elas merecem sim ter diálogos que as estimulem a falar melhor também, por que não? Não precisa didatismo, mas um pouco de respeito pelos espectadores mirins cairia muito bem.

Neste contexto caótico de desenhos abobalhados e infelizes, "Trolls" animação da Deamswork surge como um refrigério para quem tem que acompanhar seus petizes ao cinema. Um desenho como a tempos eu não via, terno, com uma temática sobre amizade e suas implicações e sobre responsabilidade de uns para com os outros de uma mesma comunidade mas sobretudo sobre a felicidade e como ela é simples de se encontrar e de como complicamos todo o processo apenas por acreditar em bobagens e esquecer o essencial.

Infelizmente, talvez Trolls não impacte positivamente a geração Cartoon Network, pois não tem a menor correspondência com bobagens como  Bob Esponja, Laranja Irritante, Gumballs e outras bobagens, mas ontem eu sai feliz da sessão a qual assisti Trolls. E sai feliz porque pude ver um desenho em que os personagens eram muito bem delineados em sua moralidade, sem surpresas, ambiguidades, sem meias palavras e o roteiro além de enxuto não ridicularizou nem crianças e nem adultos que se dispuseram a sentar e acompanhar o seu desenrolar com reviravoltas mirabolantes (a única que houve estava perfeitamente encaixada no contexto e muito menos com diálogos frouxos.

Claro que há de se levar em conta que Trolls é antes de mais nada um musical em forma de desenho animado, mas mesmo os números musicais acompanham o desenrolar da história sem ser um apêndice desconectado do restante do filme e sim  se comportam como um suporte a estrutura narrativa.

Trolls não é nem de longe o melhor desenho infantil já produzido, mas em um momento em que as idéias para este segmento seja no cinema, seja na TV são rasas e sem conteúdo algum, assistir um filme como este faz valer a pena com sobras o tempo que se fica em uma sala escura com outras crianças além da sua e que não são tão educadas como a sua além de tudo.

A velha lição de moral estava lá, nítida, muito bem explanada e mesmo o final dos "vilões" foi tão sutil que não traumatizou a criança alguma. Ainda bem.

É isso

Ouvindo: Justin Timberlake