domingo, 19 de fevereiro de 2017

de como perdi meu alter ego


"alter ego", locução advinda do latim, que significa literalmente "outro eu".

bom, eu perdi m eu alter ego. perdi charlie, o bonequinho que ilustrava minhas fotos em que  obviamente falava de mim mesmo e fazia comentários hora ácidos, hora engraçado sobre situações do meu cotidiano. porque charlie? porque  charlie brown, dono do cão snoopy personagem criado por charlie s. para as tirinhas "peanuts" era anrtes de mais nada o protótipo perfeito do garoto loser porém sensível, com uma paixão incontida pela vida, e também pelas pessoas, embora obviamente não fosse correspondido por nem pela vida e muito menos pelas pessoas.

charlie para mim tem todo um simbolismo, creio que se o seu criador o tivesse feito crescer nas tirinhas, ele também seria alguém muito próximo do que eu sou, com uma boa vontade inata, um gênio difícil, por vezes irascível e sempre incompreendido. fato é que as fotos de charlie em que pese o quanto fui ridicularizado por  muitas pessoas por publica-las falavam de mim e de como eu vejo o mundo e de meus pensamentos. falar com charlie era obviamente falar comigo mesmo e como nunca tive medo do ridículo, nunca me importei com os comentários jocosos que recebia de alguns.

estou realmente triste hoje por ter me dado conta que perdi o boneco. é apenas um pedaço de plástico, mas sua perda fala muito sobre mim e de como eu não consigo dar o devido cuidado a coisas que me são importante. se porn um lado, as pessoas que me importam tem de mim total atenção, objetos, coisas em geral vivem sumindo de minhas mãos, escorrendo pelos dedos, sumindo nas brumas de uma vida levada de forma displicente.

não sei me relacionar com as pessoas e charlie era de certa forma um porta voz informal de ninhas emoções, de como eu via a vida, pequenos comentários mordazes. tinha planos de fazer uma página própria apenas com fotos e respectivos comentários, mas agora, perdendo o boneco, meu alter ego, o protagonista disto tudo, só ficou a ideia e a tristeza trazida pela realidade de ser assim, uma pessoa sem eira nem beira que não consegue manter de forma minimamente organizada sua vida.

charlie se foi, mas ele não se foi realmente,. eu o abandonei, creio eu na última reunião da empresa. devo ter  o esquecido em algum canto, isso é péssimo pois serve como metáfora para a vida. gostar de alguma coisa, ainda que esta coisa seja inanimada, requer método, requer  apego, apreço. não consigo. eu sou desastrado, eu deixo as coisas de lado, mostro o contrário do que sinto. lamentável.

perdi meu boneco, meu alter ego, minha voz. voltarei a represar sentimentos, as emoções ficarão guardadas. as fotos, não eram para as pessoas eram para mim antes de mais nada, uma forma de dizer o que sinto, colocar para fora. acabou. que pena.

é isso.

ouvindo: uma seleção de yo yo ma


sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

marisa letícia lula da silva


não tinha virtudes dona marisa? não tinha ela qualidades? ao menos aquelas que são inerentes a quase todos os seres humanos, aquelas standard, sabe, que vem de "fábrica" em quase todos os seres humanos. acho difícil. e por mais que dona marisa tenha se tornado paulatinamente em uma pessoa que chegou a beira da repulsão por boa parte dos brasileiros, ainda sim, ao ver chegar o seu ocaso, sua morte, (que chegará a todos nós mais cedo ou mais tarde) mereciam ela e a família todo o ódio que a eles vem sendo destilado via redes (anti) sociais?

não separar a pessoa de dona marisa, mãe, avó, esposa, cidadã brasileira daquela que acuada foi de uma deselegância extrema ao mandar os brasileiros enfiarem as panelas por um orifício que obviamente demandaria um malabarismo imenso para que ato sugerido fosse consumado é ser tão deselegante como foi dona marisa. dona marisa antes de mais nada uma mulher de recursos intelectuais obviamente escassos o que obnubilava sua capacidade de construir raciocínios elaborados, inteligentes, palatáveis, enfim, que prestassem, esta sendo julgada como se outra primeira dama fosse, a saudosa Ruth Cardosos. mulher de uma inteligência e capacidade ímpar que só tinha maior que a inteligência a discrição, ao contrário de dona marisa, dona de uma personalidade se não exuberante, no mínimo incontida por assim dizer.

se sabia sobre as estripulias de seu marido ou não e é uma ingenuidade absurda achar que não, não importa em um momento como esse. em minha opinião todo e qualquer meme, palavras torpes disfarçadas de piadas que nada são além de inoportunas e qualquer outra manifestação de deleite com a morte do ser humano em questão não podem ser chamadas por nenhum outro nome além do que de fato são: crueldade. e crueldade das grandes, que faz com que o autor de qualquer uma dessas ações inoportunas seja tão vil e torpe quanto a quem ele deseja atingir.

a morte, a nossa grande inimiga, não vê cara e não se guia por critério algum.a única certeza que temos sobre a morte é que um dia ela nos ceifará sendo nosso comportamento bom ou mal, sendo nós pessoas dignas ou indignas. a morte nos alcançará.  e nossas virtudes, que aparentemente servem de escudo e arma ao mesmo tempo para que possamos atacar o seu comportamento supostamente pouco probo e nos defender de eventuais criticas, não nos livrarão da morte e de seu aguilhão.

não tenho a menor simpatia por dona marisa letícia e muito menos por seu marido o chefe da quadrilha, mas sou sim solidário a alguém que não teve a morte de sua esposa respeitada e teve que ouvir e ver coisas que não cabem em momento algum, seja o  motivo que se alegue. lula fez um mal absurdo ao país, mas nem este mal pode ser usado como desculpa para o que vem ocorrendo, para a bandalha em que se tornou a morte de sua esposa. lamentável sob todos os aspectos o comportamento de algumas pessoas. de qualquer pessoa que fomente o mal feito que esta sendo realizado. que Deus se compadeça de almas tão mesquinhas e pequenas.

é isso.

ouvindo: Pavarotti

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

miss universo, a miss canadá e os infelizes apresentadores da band



é triste, ao menos para mim é claro, que ainda existam concursos como o miss universo. entendo que eles mexam com a imaginação de um sem número de pessoas e sejam ainda populares. entendo também que por conta de anos e anos de pasteurização da imagem do que seja uma miss universo, (com este nome só acho injusto júpiter e marte ao menos não enviarem representantes) as pessoas  esperem que todas as candidatas tenham o mesmo padrão de beleza, preenchendo requisitos mínimos para serem admitidas a concorrer.

o que eu não entendo, de verdade, é porque em pleno século 21 ainda existam pessoas que ao apresentar este tipo de concurso não consigam, ver as coisas sob uma ótica progressista que não leve em conta apenas o que é padrão, mas abrindo suas mentes e corações para diferente, o novo, o inusitado. pior do que ter a mente fechada para o que é diferente é despejar para o público que ainda que diminuto merece respeito, tanto preconceito e tanta indelicadeza como fizeram os apresentadores da band raphael mendonça  e cassio reis.

raphael se diz personal stylist e cassio, ator. atores, até pelo ambiente em que vivem, deveriam ser pessoas mais abertas ao diferente, e um personal stylist deveria da mesma forma acompanhar a mudança dos ventos, já que seu oficio é aconselhar as pessoas sobre como elas devem se vestir para parecerem mais belas e a população esta em um processo inexorável e aparentemente irreversível de ganho de peso tornando-se cada vez mais obeso, um personal stylist que não consiga criar looks belos para gordinhos e gordinhas, talvez não tenha muito campo para trabalho em um futuro próximo.

até quando ter alguns quilos (ou muitos quilos) a mais será motivo para piadas, comentários desnecessários, preconceituosos e infelizes? onde esses dois abobados estavam com a cabeça ao afirmarem que "a moça só esta aqui para cumprir cota" que cota? a mesma que a band cumpre com eles ao dar voz a acéfalos? dizer que a moça estava "cheinha" com um desdém absolutamente inoportuno e mal disfarçado é de uma falta de elegância atroz, que não condiz com o glamour do concurso.

vivemos em mundo onde os valores ainda carecem de mudança e mudança rápida. um mundo onde um canal de tv aberta da voz a dois abestados para que eles desfilem toda a sua ignorância e falta de humanidade para com alguém com quem nunca conversaram e nem sabem como pensa ou vive. um mundo, onde infelizmente raphael e cássio são apenas porta vozes de um número imenso de pessoas que pensam como eles, pessoas que preferem viver de aparências, focando no que é exterior, no que é embalagem achando que assim mostrarão uma sofisticação que evidentemente, não possuem

a band pisa na boa enormemente  com este fato e deveria pedir desculpas públicas por colocar pessoas tão despreparadas e imbecis para falar em um programa transmitido em rede nacional. claro que não haverá este pedido de desculpas. mas deveria.

é isso.

ouvindo: thiago iorc

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

a vida precisa de coerência (do porque eu não me sinto e não me denomino mais um cristão)


a definição mais simples e mais cristalina para mim sobre ser cristão é aquela que diz que cristão é qualquer um que siga o modelo de vida ensinado por Cristo aqui na terra. simples assim. viver como ele viveu, portar-se como ele se portou replicar os seus ensinamentos, enfim, ser um espelho de quem foi Jesus Cristo neste planeta enquanto ele aqui viveu.

bom, não consigo ser assim. gostaria, mas não consigo. gostaria mesmo, de todo meu coração. queria ser um modelo de cristão. tentei por muito tempo, muito tempo mesmo mas cresci na igreja e quando se cresce na igreja, seus fracassos dizem mais sobre você do que seus acertos. o cristianismo é um estilo de vida perfeito, ou seria, não fossem os cristãos os primeiros a foderem com ele. é foderem!

siga uma igreja, qualquer uma. diga aos seus irmãos de fé que pretende seguir suas diretrizes. eles te acolherão. agora vá e cometa um erro, dois, três, 100 erros. sabe aquele lance de perdoar 70x7? pura retórica. os verdadeiros cristãos que até gostariam de colocar em prática esse e outros preceitos, serão simplesmente esmagados por uma doutrina que parece tudo menos cristianismo que só pensa em punir, retirar do rol dos membros, disciplinar, mostrar que se você errou, tem que ser punido. ai vem a conversa da punição com amor... com amor? é sério isso produção? pergunte a qualquer cristão de qualquer denominação se ele se sentiu amado ao ser punido por seus erros? abraça...

não vou tornar este texto uma peça de acusação contra os que fazem partes de igrejas organizadas. cada um faz o que bem quer, segue a doutrina que melhor lhe aprouver e em última análise os iguais se atraem. eu não deixei de ser cristão por conta dos que frequentam igrejas. para mim, as palavras de acusação proferidas a meu respeito nada dizem uma vez que eu sei bem quem eu sou e sou o primeiro a me acusar.

deixo de ser cristão exatamente porque não consigo seguir os conselhos de Cristo. faço tudo ao contrário. sinto é claro ser uma pessoa do bem, mas para ser do bem, basta não ser do mal e isso é muito pouco ao meu ver, sou um medíocre no fim das contas, porque ser do bem é o mínimo que eu poderia esperar de mim mesmo e não passo disso. uma pessoa que não comete grandes erros, que aprendeu com os que cometeu mas não sai da zona de conforto do "ser legal". um arremedo de mediocridade mal ajambrado.

como posso ser cristão se ainda hoje tenho questionamentos sobre Deus? como posso ser cristão se conhecendo bem o que cristo pede e sobretudo o seu exemplo eu faço tudo em contrário? sou uma vergonha para os poucos verdadeiros e devotados cristãos que caminham sobre a terra. dizer que sou cristão é zombar de uma teologia séria, do esforço  que muitos fazem para  ser e sim, ser cristão demanda  um esforço muito grande com tudo o que se tem hoje antagonizando com o cristianismo. então, para que denominar-se cristão? para ser melhor que os que supostamente servem a satã? se tudo o que o cristianismo prega for verdadeiro, você já serve a satã se não servir a Deus. não existe neutralidade nesta "batalha espiritual" para ficar em um termo que os pentecostais adoram (eles meio que acreditam que a vida é um enorme jogo de war) e se você não esta nas fileiras dos que servem a Deus, você serve ao outro.

e veja, até esta é uma forma contaminada de ver a vida. contaminada por anos de crença no cristianismo. afinal, você pode sim não servir a ninguém além de suas próprias convicções. você viver como se Deus não fosse mais que uma abstração e ser feliz, mas o contato com a religião cristã, ainda mais quando se dá desde criança como eu, introjeta dentro da pessoa uma crença tão profunda de que ou se é de Deus ou do demônio que não existem outras alternativas possíveis. isso é triste, porque eu deveria aceitar as diferenças que existem nas diversas correntes de pensamentos que existem para serem estudadas e apreciadas.

uma ligação que nunca deixarei de ter com o cristianismo é o meu amor pela música cristã. eu amo música e amo a música cristã e suas diversas vertentes. isso nunca mudará em mim. mas não posso mais ficar postando músicas no por do sol de sexta para sábado como se eu fosse um adventista por 10, 20 minutos (o tempo que dura o processo de escolha e postagem das canções) e no sábado pela manhã vir para o meu plantão vender meus imóveis que tanto gosto. é uma perfídia que cometo sexta após sexta comigo e com as pessoas com quem compartilho as canções. para que fazer isso? tenho que ser sincero, tenho que ser transparente e abdicar da hipocrisia do ato.

ja vivi mais da metade de minha vida e  muitas de minhas  lembranças estarão sempre atreladas a momentos que passei nos limites de uma igreja adventista, isso jamais vai mudar, mas não consigo mais dizer que sou cristão vivendo fora desses limites e questionando-os o tempo todo. minhas lembranças deste período serão como lágrimas na chuva que se misturam umas as outras até se diluírem de forma irreversível e escorrerem por mim até que se por fim elas se vão.

é isso.

ouvindo: a trilha sonora de blade runner


segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

grupo vokalyse e sua capa absurdamente bela





esta é a capa de um cd de um grupo vocal do interior de sp (sorocaba) criada pelo meu amigo anderson novais. anderson é um artista de refinada sensibilidade e quando o deixam trabalhar entrega um resultado final sempre surpreendente e belo de se ver. eu amo capa de cds. sei que isto está chegando ao fim e pra ser sincero amava mais ainda as capas dos antigos lp's, com seu tamanho imenso e igualmente imensas possibilidades de fazer a arte florescer. os cds, com suas dobras também oferece muitas oportunidades para o bom artista e o anderson aproveita todas. de forma brilhante.

claro que as vezes o seu trabalho fica limitado ao que o cliente entende por arte e dai saem projetos nada mais que medianos, afinal a vaidade muitas vezes impede o cliente de admitir que nem todos nascem com sensibilidade artística e é sempre melhor se guiar por quem entende. mas enfim, o que gosto neste capa que a faça merecer um post?

 antes de mais nada o despreendimento das pessoas do grupo que entenderam que uma capa com todos os integrantes na capa ficaria algo sem graça e com margem quase nenhuma para criatividade. ao aquiescerem com a ideia de ter algo visualmente belo e delicado emoldurando o seu trabalho, acertaram na mosca já na saída.

anderson acertou em cheio quando optou por uma paleta de cores baseada em tons pastéis. passam a suavidade necessária para se colocar uma criança no centro da capa sem esconde-la pelo excesso de cores ou evindencia-la pela falta das mesmas. ao contemplar a capa, percebe a equilibrada harmonia que foi construída através da escolha das cores certas.

também contribuiu em muito,  a escolha de objetos "vintage" na composição do cenário que além de dialogar com o estilo charmoso proposto para a arte não deixou ambiente entulhado de informações visuais desnecessárias que em nada contribuiriam para um resultado final agradável como o conseguido.

um detalhe que talvez pareça "bobo" mas que contribuiu ao meu ver de forma definitiva para a beleza da capa foi a escolha das fontes. a escrita tanto do nome do grupo quanto do título do cd emprestam leveza, elegância e são inseridas no local correto dentro da arte. nada de enquadramentos metidos a besta, fontes sem sentido., um trabalho simples e exatamente por este motivo, muito bonito.

o figurino da "modelo" é um capítulo a parte também. simples, sem firulas e de uma felicidade ímpar.  a foto de perfil evitando o close fácil e desnecessário, entrega a beleza da garota sem explicita-la de forma desnecessária. mais um entre tantos acertos.

dois toques finais precisam ser mencionados. o megafone que a menina segura esta ali com se dissesse: "veja bem, por trás de toda a delicadeza do visual, a um conteúdo forte, poderoso, que precisa e será proclamado, então atente-se as músicas e as letras e as escute em alto e bom som". piração minha? talvez? mas é isso que ele, o megafone, me disse.

a claquete compondo o cenário, é a cereja do bolo. lembra, ainda que de forma inconsciente, que um trabalho de rara beleza como esse com um resultado tão bom, precisa ter uma direção de arte segura, que sabe o que faz. amei!

parabéns, anderson novais!  parabéns grupo vokalyse! que este trabalho cumpra de forma brilhante o seu papel de levar a mensagem do evangelho a lugares onde vocês não chegariam de outra forma. Deus os abençoe pela iniciativa e assim que for lançado, deem um feedback de onde posso encontrar para adquirir.

é isso.

ouvindo: Felipe Valente (porque não tenho nada do vokalyse aqui para ouvir)

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

felipe valente e seu magnifico "reversos"


reversos, o novo álbum de felipe valente é exatamente o que dele se espera, um trabalho acima de todas expectativas. estão ali todas as marcas registradas de seu trabalho, a coesão de repertório, as letras todas incrivelmente bem estruturadas, os arranjos impecáveis, enfim, será difícil algum trabalho superar a grandiosidade de  reversos neste ano. o novo ep dos arrais talvez se iguale pois se superar será uma obra prima.

apesar de todas as músicas seres muito boas, duas para mim se destacam: "canção de quem ficou" que é obviamente uma música romântica com toda a dor que uma música assim pede mas também uma poesia profunda, uma serenidade na interpretação que a torna única, fugindo do lamento fácil e situando-se naquele raro registro que arranca solidariedade de quem ouve, não pena. "reversos" a música que da nome ao trabalho é simplesmente uma das melhores que já ouvi no que diz respeito a música cristã moderna. uma letra que dispensa comentários, tem que ser ouvida para ser entendida e absorvida. o arranjo então é simplesmente fabuloso, me lembra e creio que não sou o único a fazer tal associação, "los hermanos", principalmente na parte final. pode ser piração minha, sei lá, mas de qualquer forma é uma canção para ser ouvida milhares de vezes sem cansar, muito pelo contrário, quanto mais se ouve, mais se renova o desejo de ouvi-la novamente.

o ponto central no novo álbum de felipe no entanto esta em algo que já o acompanha desde o lançamento que é a sua integridade musical. felipe não faz música para o mercado, para vender cds ou ter o maior número de faixas baixadas nas plataformas digitais. claro que como um músico profissional, é disso que vive, da venda de seu material, mas sua postura deixa claro que suas músicas não são feitas com este objetivo primeiro e sim o de tocar a quem escuta, de emocionar, levar a uma reflexão mais profunda, trazer novas propostas, novas idéias.

é preciso ser ousado para tanto, para ficar  anos sem lançar um projeto novo até ter relevância no que se vai dizer. existem artistas que todo ano lançam novos projetos e o vazio das idéias fica claro já na primeira audição. felipe tem o que dizer, e o diz com uma desenvoltura realmente fascinante. letra, música, arranjos, enfim, tudo é muito bem estruturado e elaborado em reversos. não sai dos meus fones e deve ficar lá ainda por um bom tempo até que eu possa extrair tudo o que o álbum tem a oferecer.

é isso

ouvindo: reversos, de felipe valente


quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

"o que eu posso dizer é que lá não tinha santo. só ladrão, estuprador, traficante..." e na cadeira de governador do amazonas, temos um boçal que diz coisas como essa.



o titulo do post foi pinçado de uma declaração que é tão esdruxula quando esdruxulo é quem a deu: o governador do estado do amazonas. nem vou citar o seu nome, pois palavrão limite aqui é "caralho". mais que isso, fere o decoro e citar o nome do bobalhão quer governa o amazonas é falar palavrão demais.

este senhor deu tal declaração ao explicar o inexplicável sobre a morte de 60 presos que estavam sobre a custódia do estado que ele governa em uma rebelião que teve todos os ingredientes de negligência estatal para que acontecesse. esse senhor, além de tudo é um parvo. só uma personalidade encharcada de insensatez permitiria que o estado do amazonas pagasse 5.000 dinheiros por detendo, você não leu errado, são 5.000 dinheiros por detento a uma empresa privada para que ela gerisse o presídio onde ocorreu o descalabro.

alguns dirão que bandido bom é bandido morto. eu obviamente discordo. primeiro porque não existe bandido bom, em nenhum cenário, nem no de sua morte. para mim bandidos são todos ruins e precisam cumprir suas devidas penas, até a de morte se as leis do país em que vivem assim determinar. não é o caso do brasil, então versar sobre a pena de morte e porque eu não concordo com ela seria proselitismo barato

para mim, basta que se cumpra a lei. mas no país da imoralidade e da falta de cumprimento das mesmas, eventos como a barbárie que aconteceu no amazonas são comuns a uma população cada vez mais anestesiada que toma por natural uma fala tão imbecil como a proferida pelo (des)governador do amazonas. presos não são mesmo santos, anjos ou nada que evoque a candura celeste, mas uma vez que o estado optou por ter a custódia dos infratores e não fuzila-los e acabar com o problema, eles tem que ser protegidos sim, ainda que deles mesmos. vira obrigação do estado que os trancafia garantir a sua segurança, não importa o que a "bancada da bala" tanto a nível federal quanto estadual pense a respeito deste tema. uma vez que um infrator se transforma em preso e o estado passa a ser o responsável por sua vida intra-muros não pode permitir nem regalias (as quais uma casta privilegiada de  presos tinha acesso) e nem que benefícios que são de direito de todos os presos virem  também regalias apenas para alguns.

o governo do amazonas e sua secretária de administração penitenciária agiu e ainda age de forma completamente equivocada tentando imputar aos presos ou a empresa que geria os presos uma responsabilidade que é sua. o governador do estado bem faria a todos os cidadãos de seu estado se renunciasse, pois se não consegue gerir os presos de seus sistema penal, o que mais ele conseguiria gerir para o bem de seu estado?

a perfídia desta situação é ainda maior por conta da completa inação dos governantes, mas é claro que os presos tem a maior parcela de culpa em todo o acontecimento.afinal eles se organizam em facções, lutam pelo controle dos presídios e de dentro deles querem controlar o tráfico de drogas entre outros crimes. é inaceitável que  nós os cidadãos de bem vivamos em paralelo com estes parâmetros que fazem com que nós, cumpridores da lei, fiquemos com cara de palhaços, pois vemos os fora da lei terem uma vida aparentemente melhor que a nossa, ainda que muito mais breve pois há sempre um acerto de contas esperando na próxima esquina na vida desses bandidos.

nós os de bem, não podemos mais aceitar este nível de situação escorchante que acaba com o moral do trabalhador e o empurra para lentamente para a ilegalidade, uma vez que ele percebe não haver mais punição para os corruptos que governam os estados e o país e não estão nem ai para nada do que acontece com nosso povo tão sofrido.

sem querer ser messiânico, dia chegará em que o povo não mais aguentará tanta desfaçatez e os que hoje zombam de nós, terão o seu merecido fim. tomara que o governador do amazonas seja um dos que estarão puxando a fila.

é isso

ouvindo: oficina g3