quinta-feira, 25 de maio de 2017

eu consegui



sim, era algo que eu queria, e queria muito. nunca escondi de ninguém, nunca falei em contrário. eu queria e agora eu consegui.não tenho vocação para ser o nico rosberg da corretagem então não desistirei. ao contrário, agora é pé em baixo o tempo todo, mostrando do que sou capaz. a pressão será imensa, eu sei, mas e dai? eu aguento. meu couro é duro.

estou falando sobre o fato de que desde segunda feira última sou um dos gestores da maior conta da imobiliária que trabalho. é outro mundo. não cuido agora de 5, 6 corretores. são 100, em um dia bom. 100 pessoas que pensam, agem e vivem de forma distintas uma das outras e que não necessariamente acham uma boa ideia ter alguém ditando o que devem fazer ainda que profissionalmente.

me orgulho de ter chegado aqui sim. e me orgulho porque não cheguei puxando o saco, agindo de forma dissimulada, prejudicando ninguém. cheguei apenas pelo meu trabalho. não tem nada que me deixe mais feliz, satisfeito do que saber que triunfei pelos meus méritos. e chamo de triunfo sim, porque é isso que esta conquista significa para mim, o triunfo da dedicação integral ao trabalho, do doar-se, dar sempre o melhor, sem meias medidas. não havia outro caminho a não ser o do reconhecimento. e ser reconhecido é um prazer absurdo.

desde segunda feira me vejo como que embebido em alguma droga altamente estimulante.  meus pensamentos estão borbulhando, estou louco para sentar em algumas mesas e "derruba-las" sem dó nem piedade. preciso exponenciar os meus resultados aqui nesta nova etapa. não posso ser o mesmo de quando não estava aqui, aqui é o meu lugar de destaque, a minha chance de provar de uma vez por todas do que sou capaz.

sim, eu tive que pedir, diversas vezes. tive que provar também e provei, com resultados expressivos em outras contas que atendemos. mas destes ninguém a começar de mim, lembra mais. me importa o que farei a partir de agora, o gestor que me tornarei ao fim desta experiência, o quanto ela vai durar, o quanto eu vou extrair de conhecimento e quanta sabedoria eu terei para não deixar escorrer pelos dedos a oportunidade que me foi dada.

volto a alphaville, meu lugar profissional no mundo, depois de muito tempo em osasco e volto renovado, pronto para encarar de frente meus defeitos e lapida-los e potencializar as minhas qualidades para ser a cada dia melhor, superando as expectativas em mim depositadas e as minhas próprias expectativas.

serenidade, calma, resiliência, paciência e sobretudo disposição para mudanças diárias serão as minhas armas e todo o meu talento para quebrar paradigmas, resistências e sobretudo convencer mentes e corações a comprarem os projetos que trabalho. Não assumi esta gestão a passeio. Serei o melhor que puder ser, dia a dia, sem descanso. vou triunfar, não aceito nada menos que isso.

é isso.

ouvindo: arcade fire

ariana grande butera e a imundícia do terror


ariana grande, em que pese o fato de como artista ser mais do mesmo no universo pop-teen e não ter o estofo necessário para ser considerada uma verdadeira artista é antes de mais nada um ser humano e como tal, certamente esta devastada pelo protagonismo indesejado que os calhordas do estado islâmico lhe impuseram.

não existe causa plausível para estes animais além de é claro se provarem seres animalescos e sem o menor traço de humanidade possível. atacar adolescentes e crianças que apenas começaram a viver neste mundo mal onde gente sem escrúpulos matam pessoas sabe-se lá porque,  é de uma covardia inominável e nada, nada que eles possam dizer ou alguns poucos estúpidos que o defendam digam pode justificar a barbárie ocorrida em manchester.

neste turbilhão em que foi envolvida, ariana estava apenas divertindo as pessoas que lotaram o seu show. estava trabalhando, tentando trazer alegria a um mundo cada vez mais cinza onde sentimentos positivos são obliterados a larga por atos insanos. ariana tem apenas 23 anos e duvido que imaginasse em seu mundo plastificado de pop star que tão crua violência pudesse bafejar seu hálito imundo tão perto de si. seu choque e devastação pessoal é completamente justificável e o cancelamento do restante de sua turnê pelo reino unido não é nada mais do que o esperado ante tamanho horror.

o terrorismo é por si só inexplicável e toda e qualquer ação que deriva em mortes estúpidas e desnecessárias deve ser repudiada com todas as forças por todos nós. não podemos deixar o terrorismo roubar a nossa capacidade de indignação e nossa disposição em lutar contra tantos malfeitos. se querem eles terroristas nos acuar, devemos nós acua-los e a melhor forma de fazer isto é vivendo uma vida dentro da normalidade, recusando-nos a baixar a cabeça amedrontados e acovardados ante seus atos anormais.

devemos sim erguer a cabeça e através de uma rede de solidariedade internacional levar as nossas orações e melhores pensamentos a todas as famílias que tiveram seu seio devastado em fração de segundos por ordens de seres bestiais que claramente não sabem o significado do que é a liberdade e se um dia tivessem suas demandas atendidas e vissem o mundo viver da forma com que sua cartilha reza, ainda sim arranjariam um jeito para matarem-se entre si arrumando nos pontos de conflito pois a essência destas pessoas é o mal e a "causa" que abraçam é apenas um pano de fundo roto para tentar justificar seus atos injustificáveis.

envio minhas orações solidariedade e todos os meus melhores sentimentos ao povo de manchester mas em especial a ariana, que sensível como todo artista o é, deve estar sofrendo uma dor que não pode ser descrita em palavras.

convido a você que lê o meu blog a fazer uma prece por todos os envolvidos neste terrível acontecimento e que sua indignação não seja muda. de a ela uma voz. faça-se ouvir, de que forma  for, mas faça-se ouvir.

é isso

ouvindo: Sean Lennon

quinta-feira, 11 de maio de 2017

rua pedro fioretti, osasco, são paulo



semana passada, ao levar graziela ao médico,  fiz o percurso da rua acima a pé. andei praticamente por toda sua extensão, pois o médico era em uma ponta e estacionei na outra. claro que deixei graziela no destino antes, ou ela morreria ao andar tudo o que andei...

neste percurso, vi cinco tipos. sou muito observador quando me interessa, e esses cinco tipos em uma caminhada de mais ou menos 1km me chamaram demais a atenção. a vida em uma grande cidade, quando observada com olhos um pouco mais atentos traz surpresas ora engraçadas, ora tristes ora impressionantes. só não te deixa indiferente, a menos que a indiferença seja uma escolha, uma forma de viver a vida.

de qualquer forma estes foram os tipos observados e aqui vão algumas observações esparsas que obviamente não pretendem traçar perfil ou coisa do tipo, são apenas pensamentos que uma mente a tormentada não consegue conter e nem manter encapsulados.

1. o maconheiro desencanado
logo nos primeiros metros de caminhada topei com um maconheiro absolutamente desencanado. daqueles que não escondem o back, muito pelo contrário, ostentam um certo orgulho ao empunha-lo fumando-o quase como que mandando um foda-se as instituições estabelecidas. claro que para mim, que cresci em uma muito diferente em vários aspectos, algo assim choca, mas quer saber? choques são importantes para abrir nossos olhos seja para o que for, ainda que seja para fazer ver que drogas são uma realidade inexorável em nossa sociedade e em algum momento, por mais atrasada que seja a sociedade brasileira, teremos que falar seriamente sobre este assunto. o maconheiro me põs a pensar no mundo em que meus netos, (se algum eu tiver) viverão.

2. o tipico morador de rua com problemas mentais.
deve ser daqueles que comem bosta eventualmente. roupas imundas, trapos na verdade. uma sujeira que faria o cascão corar de vergonha, um sorriso esquisito que rapidamente é trocado por uma expressão agressiva. neste momento o rapaz em questão, até que novo, não mais que 35 anos com certeza estava fuçando o lixo em busca de alimento. não me penalizei dele, mas de mim mesmo. sou muito bom para escrever, mas completamente incompetente para agir. passei reto quase tapando o nariz pra me livrar do odor que dele vinha. fui o típico cretino enquanto ele nem sequer tomou conhecimento de mina existência. mas teria ele conhecimento de sua própria existência?

3. uma mulher, três crianças e a luta para mante-las ao seu lado
pobre mulher. ainda jovem, muito jovem. dois meninos gêmeos e uma menina que deve ter vindo no susto logo depois. coitada!!! como todo ser humano só tinha dois braços, mas tinha que agir como um polvo para manter todas as crianças sobre sua guarda. tudo distraia a tenção delas. carros, cachorros, buzinas, sorvete, o que fosse enfim. a pobre ainda tentava dar água a um deles quando o outro pegou a garrafa e a derrubou no chão. o prejudicado chutou a perna do que derrubou e curiosamente a menina começou a chorar. deve ser daquelas pessoinhas pacifistas que odeiam conflitos. mas adoram bagunça... pobre mãe, seguiu seu caminho. mas sei que existe uma pontinha de orgulho por ter três rebentos tão belos. algo tem que conforta-la né?

4.um casal de velhinhos.
era lindo como ele a amparava. era sublime o seu braço em volta dos ombros dela, seu cuidado, seu olhar terno , sua preocupação e seu passo vigoroso porém lento porque ela jpá usava uma bengalinha e andava devagar. era uma conexão evidente, muda em palavras mas gritante em gestos e enquanto os fitava e principalmente quando passei por eles, o mundo ficou mais bonito. depois voltou ao cinza habitual.

5. alguém como eu.
uma pessoa andando rápido, claramente escrava do tempo, passos largos, decididos embora passassem a impressão que estavam meio perdidos  tinha a mesma gravata azul que eu tinha e isso me chamou a atenção. alguém que não chama a atenção, ordinário assim como eu sou. ao vê-lo e nele automaticamente me ver, desejei ser o rapaz de 30 e poucos anos que revirava o lixo. é uma vida de não perceber-se e por este motivo, menos angustiar-se. mas continuei a caminhada e cheguei ao hospital. e graças a Deus, graziela vem melhorando.

é isso.

ouvindo: Leonardo Gonçalves

quarta-feira, 10 de maio de 2017

existe um cansaço em mim



existe um cansaço em  mim. não é físico, ou não apenas físico. é interior.  as marcas de diversas lutas, decisões certas, erradas, irrefletidas, enfim, um cansaço que me feito perder a vontade, o brilho, o eterno otimismo.  aquela certa de que tudo no fim vai dar certo, a tempos eu perdi. me sinto meio a deriva, uma repetição mecânica de gestos, palavras, ações tudo isso misturado a uma incredulidade com o mundo e as pessoas que nunca tive. há tempos a vida não me é gentil.

e esse cansaço, essa falta de paciência, esse não saber mais me expressar como gostaria e preferir o silêncio entrecortado por gritos de insatisfação tem me enfastiado. o entusiasmo me abandonou. olho para cenas que antes me animavam, me encantavam e tenho total indiferença. belas canções que sempre me emocionaram passam batidas e nem um sorriso arrancam mais. esse cansaço que há em mim vai me corroendo aos poucos e ganhando a batalha contra o que ainda há de bom em mim.

na verdade é tão pouco o que tenho de bom, há tão pouco o que me orgulhar quando me confronto comigo mesmo, com a pessoa que me tornei, que me canso. gostava de quem eu era a muito tempo atrás. gostava de verdade. uma pessoa essencialmente boa, gentil. sim, eu já fui gentil, de riso fácil. o que mais escuto hoje é que tenho cara de bravo. isso também me cansa.

minhas palavras saem da boca sem cuidado, cruas, sem tratamento algum, sem uma reflexão sobre o poder que elas tem de magoar, ofender, intimidar e prefiro que seja assim porque estou cansado de pensar nas pessoas e não ter contrapartida alguma. sim, um pensamento extremamente egoísta eu sei, mas é nisso que me tornei. uma pessoa egoísta, sem paciência para com as outras, uma pessoa cansada.

existe um cansaço em mim, e ele é sem dúvida alguma culpa minha. culpa de não caber em mim. meu problema é ser um rio, não um fugitivo, apenas sigo meu curso e no mar que desemboco cabem multidões de mim, cabem 500 bilhões de mim mesmo e eu continuo a me produzir em larga escala, mesmo sem caber em mim.

todo dia eu acordo e me produzo. todos os dias, todas as horas a produção de mim mesmo me deixa extenuado, cansado, sem rumo. eu estou a deriva. existe um cansaço em mim.

é isso.

ouvindo: kades singers

segunda-feira, 8 de maio de 2017

sobre bolinhos de chuva salgados



não tenho frescura para comer. nunca tive e a esta altura da vida, nunca terei. poucos alimentos não me apetecem e mesmo os que não gosto, se apenas apenas eles estiverem sobre a mesa, tapo o nariz e mando para dentro. mas se puder, não como: berinjela, abobrinha, giló e quiabo. alias, esse quiabo é uma coisa medonha. uma comida com uma baba, um ranço... como pode? mas se tiver só quiabo, fazer o que?

mas uma coisa, me da mais prazer na vida do que qualquer outra coisa. nada para mim é mais gostoso, saboroso, me da tesão de comer, me causa alegria, paz, tranquilidade, enfim, boas sensações, do que bolinhos de chuva salgados. na verdade, a massa do bolinho de chuva, sem a adição do açúcar tanto no momento de fazer a massa quanto aquela "chuva" de açúcar em cima.

por muito tempo, me perguntei por que gostar tanto de algo tão trivial e mais ainda, por que  tanto bem estar ao comer os bolinhos, uma sensação que vai além da saciedade ou de ser gostoso, um sentimento que transcende em muito a vontade de comer, que vira uma "experiência" a cada vez que eu como e hoje eu finalmente descobri.

tem a ver com a minha mãe. desde criança minha mãe fazia esses bolinhos para mim. desde sempre, desde que me entendo por gente, esses bolinhos acompanhavam meu café da manhã ou da tarde ou mesmo a noite e consigo me lembrar da trivialidade deles naquela época. nada de especial, apenas algo para se comer de forma rápida. mas depois que eu e ela nos afastamos, e la se vão mais de 15 anos sem vê-la, percebi que os tais bolinhos são a única conexão possível com ela, a que me colocou no mundo, a minha progenitora, minha mãe.

os bolinhos ficaram tão gostosos porque a cada mordida eu revejo minha mãe no fogão, fazendo o bolinho, colocando café com leite para eu tomar, conversando comigo, quando eu era pequeno até que falamos um pouco, mas depois, os assuntos rarearam, nos tornamos pessoas muito diferentes e fomos paulatinamente nos afastando, seguindo nossos rumos, mas eu sentia todo amor de mãe quando ela fazia os tais quitutes e acho, no fim das contas, que é isso que procuro a cada vez que alguém faz esses bolinhos para mim.

porque a massa é sempre a mesma. mas o gosto nunca é igual e mesmo sem ser igual, a sensação de paz, volta. são minutos em que nada me abala, nada me faz infeliz, e me sinto inteiro, abraçado, como se fosse de novo um pivete de 10, 11 anos que acabou de jogar bola na rua e chegou em casa com bolinhos na mesa, quentinhos.

bolinhos de chuva salgados me trazem a infância de volta, mas mas do que isso, me trazem a sensação de que mesmo que por breves momentos minha mãe tenha gostado de mim, porque ninguém faz bolinhos assim tão gostosos para quem não gosta. sei lá, tenho que me apegar em algo e hoje me dei conta de que me apego a isso quando como os danados. a gente sempre tem que ter algo que nos de alento sobre assuntos mal resolvidos né?

sempre tive dúvidas sobre o amor de minha mãe mãe por mim e hoje, esses bolinhos que comi no café da manhã, tão gostosos feitos pela Graziela de forma tão amorosa, me fizeram ter este clique. se é possível ser feliz com suposições eu não sei, mas bora tentar.

é isso.

ouvindo: Elvis Presley

domingo, 30 de abril de 2017

domingo de bosta, belchior se foi



só os caras legais estão morrendo. os bobocas do sertanejo universitário estão todos vivos. os do funk então, nem se fala, todos ai fazendo suas músicas imbecis. dai, semana passada jerry adriane se vai e hoje, belchior.

"paralelas" para mim seu maior sucesso e uma das músicas mais brilhantes da nossa mpb (tarefa muito difícil quando se leva em conta a quantidade de musicas excepcionais que a mpb comporta) tocará ainda por muitos e muitos anos e sempre haverá o debate se a melhor versão é a de vanusa ou a do próprio belchior, (eu sou do time de vanusa).

e sou vanusa porque belchior ao contrário de jerry adriano sempre foi um intérprete de dar dó de tão ruim. sua voz anasalada e abestada só era suportável porque embalava músicas que eram de uma qualidade indiscutível. belchior não veio ao mundo para brincar de compor, veio para ser um dos grandes. e conseguiu.

a morte de belchior serve para lançar uma luz também em duas músicas que podem até ser melhores que paralelas, porém menos conhecidas e muito menos palatáveis por sua inteligência extrema e som absolutamente anti comercial. certamente a audição de "na hora do almoço" faria um adorador do sertanejo universitário ter um aneurisma de tanto usar o cérebro pra tentar entender sequer uma frase e evidentemente um funkeiro se suicidaria ante a angustia de ouvir tal canção.



claramente um contraponto a não menos brilhante "panis et circensis" na hora do almoço é um retrato do vazio que acompanha a familia brasileira a décadas. enquanto panis claramente debocha da hipocrisia reinante no seio familiar padrão, hora do almoço destroça a tudo isso sem dó. um tapa na cara  daqueles que defendem modelos falidos de relacionamento, mostra toda a genialidade de belchior. vale ouvir



"a palo seco", é um chamado a um sentimento de latino-americanidade, tem pretensões de hino, mas não chega a tanto. brilhante, porém menor que as acima citadas, tem uma linha de baixo fantástico no arranjo original, mas resvala, por conta do pensamento vigente na época entre os artistas ditos de vanguarda da qual belchior não conseguiu se desvencilhar um ranço desnecessário da citada latino americanidade que não serviu para nada. mas vale ouvir



belchior estava sumido. dividas, o esquecimento da mídia, tudo isso fez com o que cantor, compositor e também professor da rede pública de fortaleza estivesse escondido em algum grotão do rio grande do sul, velho, entristecido e infelizmente, esquecido. espero, assim como também espero no caso de jerry adriane que a gravadora responsável por seu acervo lance uma caixa que honre o seu legado.

Domingo de bosta, belchior morreu.

é isso.

ouvindo: belchior

terça-feira, 25 de abril de 2017

jerry adriani se foi.



jerry que era jair, morreu. adriani,  sobrenome que evoca a italia, pais aos qual tinha descendência, não o fez um cantor de tarantelas ou coisas do tipo, em que pese o fato de que seu primeiro trabalho (que passou praticamente desapercebido) foi um disco inteiro composto de músicas italianas. jerry se fez grande, mas cantando e compondo músicas brasileiras, integrante do movimento  da jovem guarda, foi no entanto muito maior que qualquer rótulo que o tentassem colocar em seu talento. jerry era um cara único, fosse cantando jovem guarda, legião urbana, raul seixas ou o que mais fosse.

raul seixas que diga-se de passagem foi descoberto pelo próprio jerry em algum cafundó da bahia e depois por mérito próprio, é claro se tornou quem foi, mas é sintomático sobre quem foi jerry um detalhe como esse ilustrar sua biografia. um cantor que não se atinha a gêneros ou regras musicais rígidas, buscando seja em shows, seja em álbuns um caminho que fosse livre, que trouxesse o frescor de novas idéias e é claro que em meios a álbuns menores que são necessários a qualquer artista para mante-lo íntegro e faze-lo esforçar-se sem se ater a uma zona de conforto, jerry é responsável por alguns dos melhores álbuns da música brasileira.

claro que para a geração atual jerry seja talvez uma mera nota de rodapé no rico cancioneiro nacional mas é preciso lembrar por questão de verdade e justiça que muito mais que nota de rodapé, jerry foi sim fundamental na construção da identidade musical brasileira das últimas cinco décadas. não foi um mero crooner, tupiniquim, sendo antes um artista completo que tratava suas canções com o respeito que a música séria merece. para os jovens de hoje que tem em porcarias como lucas luco e cia a referência de música boa e bons vocalistas, fica o convite para que conheçam  a obra de jerry e ao tomar contato com sua rica produção artística possam de algum forma entender  porque a música nacional de alguma forma sempre esteve entre as melhores produzidas no mundo.

jerry se vai mas deixa um legado que espero eu seja honrado não apenas com caixas caça niqueis que as gravadoras ardilosas costumam lançar quando alguém de relevância se vai, mas com o tributo sério e apaixonado de artistas que saibam honrar  um cantor e sobretudo homem de valor que fez de nossa música sua história, sua vida e honrou-a da melhor forma que pode.

quando um país perde um artista do tamanho de jerry deve se preocupar. não é fácil a reposição de alguém como ele. uma lástima. jerry, rip!

é isso

ouvindo: cartola