quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Sobre verdades inventadas

E o que é enfim a verdade? Ela existe em termos absolutos ou é apenas uma variante de opiniões emitidas conforme o ponto de vista de quem olha? O contrário da verdade sempre é a mentira? Ou é a falta de informação, a falta de capacidade de elaborar e entender situações por parte de alguém, que acaba levando a pessoa a dizer algo tão equivocado que acaba sendo rotulado de mentira?

E as mentiras que inventamos para fugir ou para nos refugiarmos de alguma situação limite? São mentiras "brancas" ou temos que ser julgados perenemente por elas? E Se ao contrário, inventamos "verdades" para seguirmos com a vida?

Se é inventada, pode ser verdade? A verdade é em por si só algo tão duro e tão definitivo que não aceita manipulações? Que se apare as arestas? Se assim fosse, coberturas jornalistas jamais poderiam ser opinativas não? Teriam que se ater sempre ao estrito fato, sem buscar motivações, sem entender contextos, sem levar em conta enfim a miríade de elementos que compõe uma única noticia. Jornalistas seriam apenas relatores, desprovidos de emoção de talento para a redação e principalmente de opinião.

Agora, se uma simples noticia tem uma "miríade" de fatos e contra fatos, a sua volta o que dizer da nossa vida? Ok, nossa vida, a vida que levamos, comezinha, simples, muitas vezes mediocre não é noticia para ninguém na medida que não desperta interesse maior, mas mesmo assim em muitos momentos a verdade tão nua e crua e sem margem para discussão não nos serve.

A vida muitas vezes é ventania que muda segundo a repetição dos dias. Nada alem disso. Nossos dias como eles são sempre iguais e tonitruantes na maioria das vezes não tem emoção, cor, sabor, não tem o que nos satisfaça e então inventar verdades, moldar a nossa vida ao nosso gosto as vezes é vital.

Na busca de uma sanidade minima, aceitar os fatos como eles são pode ser insano demais. Não se insurgir, não mudar, não ser outra pessoa quando preciso, não gritar, sempre calar é opressor demais. Quem não grita, quem não se insurge se perde, se afoga no mar das verdades constituídas.

Se não há o desejo de ir em frente, de alongar os limites até o máximo e ir ainda mais além depois disso, de na verdade estabelecer seus próprios limites sem medo do desconhecido não há vida plausível e pulsante dentro de nós, apenas uma entidade que aceita calado tudo que o mundo impõe como barreira final.

Verdades inventadas é o que eu quero pra minha vida, ainda que as pessoas possam confundi-las com mentiras deslavadas ou com uma total falta de compromisso com a realidade. Eu me liberto nesse momento e na verdade, todos os dias da obrigação de viver apenas o que é imposto e aceito como razoável. O razoável é muito irmão do mediocre e essa família não me interessa no momento.

É isso.

Ouvindo: Clumsy do sempre genial Chris Rice

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