Fomos para o MS. Amambai pra ser exato. Fomos para um acampamento de Carnaval. Foi abençoada a nossa estadia lá. Pessoas bacanas, organização impecável, temática perfeita.  Mas sou "o" inquieto, "o" chato e o que ficou para mim dessa estada naquele lugar foi outra coisa.
Índios. Sim, índios. Em Amambai existem reservas indígenas.  Tivemos que sair do acampamento algumas vezes para irmos a cidade e em todas elas, mesmo tendo que manter o foco na estrada não pude deixar de notar os índios vagando tanto pela estrada como no centro da cidade.
Antes de mais nada eram pessoas sujas e como todo e qualquer índios, ridículos eles estavam com suas roupas de "homem branco". Basta olhar um deles mais de perto e ver como eles se sentem desconfortáveis com aquela vestimenta.
Minha atenção começou a ser chamada na verdade quando a galera do acampamento se reuniu para levar sobras do café da manhã e do jantar do dia anterior para uma reserva. Como assim? Louvável o ato é claro, afinal de contas minorar a fome de quem quer que seja é sempre algo que se deve fazer quando possível, mas desde quando um povo ancestral, que estava aqui antes dos malditos Portugueses nos colonizarem tem que se contentar com sobras?
Rodamos um total de quase 8 horas de carro contando a ida e a volta e sobretudo as vezes que nos perdemos. Só vimos dois cenários: Pasto pra gado pra todo lado ou imensas plantações de soja e outros grãos, e quando digo imensas não  é mera figura de linguagem.
Os índios? Vivem em bolsões miseráveis em que o que reina é a bebida alcoólica, a maconha e sobretudo, o crack. Sim, o crack, esse devastador de vidas está presente  de forma epidêmica entre os índios daquela localidade.
Os moradores da região claramente odeiam os índios, não se misturam com eles, acham que suas terras deveriam sr tomadas pelo estado e a Funai é peça de ficção naquela localidade. Vi uma índia jovem carregando duas crianças claramente mestiças o que mostra que os índios servem para comprar crack e satisfazer os desejos sexuais dos moradores, muitas vezes em troca de um prato de comida ou um saco de sementes para o plantio em uma terra que claramente é de pior manejo que a dos fazendeiros, haja visto que eles não contam com a ajuda de nenhuma entidade governamental  no sentido de aprenderem a lidar co uma terra que não é mais como a 500 anos atras.
Curioso e doloroso é que na cidade existem uma instalação da Embrapa, uma empresa governamental que serve para justamente ensinar boas praticas na agricultura e ajudar na escolha de matérias primas entre outras coisas, beneficio esse relegado aos homens brancos da região.
O olhar triste e perdido dos índios e sobretudo das índias que vi naquela cidade me faz pensar em quão injusto somos e sobretudo quão indiferentes somos ao sofrimento de um povo que estava aqui nesta terra antes de chegarmos e aos poucos vai sendo dizimado no que para mim é claramente uma forma silenciosa de genocídio um genocídio lento e sem fazer barulho algum que beneficiará a uns poucos em detrimento da coletividade.
Que não se iluda entretanto o morador dessas cidades que tem a cia dos índios: Seu desaparecimento não é bom negócio para ninguém além dos fazendeiros que na sua maioria detém terras descaradamente griladas e que todo orgulhosos exibem títulos falsos de posse e se definem como os reis da soj,a do gado e de outras tantas culturas.
A 500 anos atrás todo dia era dia de índio no Brasil e hoje, o máximo que temos é uma dta esquecida por todos para celebrar sabe-se lá o que. O Brasil está muito longe de se quer começar a resolver sua questão indigena e pode ser que quando tome essa consciência e tente fazer algo já não hajam mais índios para se proteger.
É isso.
Ouvindo: INXS
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário