Confesso que tentei escrever esse post de várias formas sem ter que ser direto. Sutileza não é meu forte, então vamos lá:
Sandy é hoje uma das melhores cantoras brasileiras, isso é fato inconteste. Sim, ela ainda tem muito o que evoluir e melhorar e talvez seja uma das melhores pela total indigência que o cenário musical secular Brasileiro vive. Cantoras modorrentas e chatas como Céu, Tiê e outras acabam ocupando um espaço que já foi de grandes interpretes. 
Sandy, em que pese suas limitações tem algo que a faz grande: Sua verdade. Sandy não abre mão em ser quem é, não se posiciona como um produtinho de mercado, produz um som de delicada sensibilidade, que emociona e não apenas distrai quem o ouve. Percebe-se na primeira audição o cuidado que existe em entregar ao seu público algo mais que 40 minutos de música e sim uma experiência  de interação com quem canta. Sandy, em suma, dialoga com seus ouvintes.
Claro que existem Marisa Monte, Mariana Aydar, Maria Rita para ficar em três exemplos de cantoras muito mais preparadas tecnicamente do que Sandy, mas o que se tornou Marisa Monte hoje?  Ela é mais do que uma cópia de si mesmo? Mariana Aydar ainda não disse a que veio e Maria Rita, bom... Quanto mais tenta se livrar do mito que foi sua mãe mais é engolfada por ele.
Vi um vídeo de Sandy cantando Uninvited no youtube. Só um fã acharia bacana, mas como me tornei seu fã, acho bacana. Ela desafina, ela erra descaradamente, mas ela também se entrega de uma tal forma, sem medo de errar e ser ridícula que não há como não aplaudir de pé sua performance, pois vivemos em uma época em que cantoras e cantores controlam de tal forma suas aparições tentando parecer melhores do que fato são, que sua coragem em cantar uma música reconhecidamente difícil mesmo errando é admirável.
Como disse, Sandy ainda tem muito para crescer, muito espaço para evolução técnica, e hoje parece ter o controle de sua carreira, fazendo o que lhe agrada. Lamento profundamente que meu preconceito tenha feito com que demorasse tanto para descobrir quem de fato ela é: uma artista singular que em meio a porcaria habitual do cenário artístico brasileiro, onde cantores como Seu Jorge cantam canções de amor para uma cachaça (Sagatiba), ainda consegue se manter integra e dona de suas vontades, gravando o que gosta e nos fazendo gostar juntamente com ela.
P.S Meu preconceito atingia também seu irmão, Júnior, um dos melhores instrumentistas do Brasil.
É isso.
Ouvindo: Manuscrito o excelente álbum de Sandy, o qual farei questão de comprar para te-lo como se deve: Em casa, folheando o encarte. Coisa de quem gosta de música mesmo.
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