segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Jesus e a periguete (Evangelho de João, Cap 4 do versc. 5 em diante)


Eu pecador incorrigível que sou, amo esta história. Dentre todas é a minha preferida da Bíblia.  Não tem outra que ombreie com ela em minha opinião. Sinto a paz que Cristo dá quando medito neste texto embora eu medite muito pouco nele... Mas hoje me senti impelido a tecer alguns comentários por conta de um lindo texto que a amiga Andreza Novais postou em seu Facebook. Me tocou, n~´ao dava pra ficar quieto depois do que li. Azar de vocês masoquistas que veem a este blog ler o que publico sei lá porque.

A mulher Samaritana que ia ao poço todos os dias no pior horário possível, quando ninguém ia pois o Sol estava a pino, e este era exatamente o motivo dela ir, para não encontrar com ninguém e assim tentar evitar passar por mais humilhações do que já passava, era sim, uma periguete. Ainda que pelas circunstâncias, por erros cometidos no passado, seja o que for, nada  tira dela este título, periguete.

E sabe por que? Porque sempre temos que categorizar as pessoas. Desde que Adão e Eva erraram, comeram do fruto e jogaram a humanidade em pecado,  nosso esporte favorito e falar mal das pessoas, é categoriza-las como mais ou menos corretas, ainda que tenhamos que usar para tanto a nossa própria régua, que obviamente não é a mais adequada para julgar quem quer que seja, pois eu , você, o Manoel, o Joaquim, a Venância, a Olegária e todos os outros seres do mundo que nasceram, morreram e  os que ainda nascerão são em essência pecadores fadados a errar.

Jesus, essa pessoa radical, descrita nos evangelhos como alguém que veio para revolucionar o mundo, ainda que poucos tenham entendido o teor revolucionário de sua mensagem, era antes de mais nada um cara bacana. É, um cara bacana. Me perdoem os conservadores mas antes de qualquer outra coisa é isso que Jesus era. Um cara bacana. Que como diz minha amiga Andreza, jogaria bola nos campinhos das periferias de São Paulo por exemplo se vivesse nos dias de e é)hoje. Que iria a cracolândia pra continuar no raciocínio da Andreza e levaria esperança com palavras e com atitudes aquelas pessoas. Um cara que seria mal visto quando fosse a igreja por andar com quem anda e conversar com quem conversa.

Fecho os olhos e vejo Jesus se aproximando da periguete. Nível de julgamento? 0% Quem precisa ser julgada por um estranho e pior, Judeu, que por definição odeia os Samaritanos? Ela já tinha gente suficiente para julga-la e maldize-la, o que queria aquele Judeu meio esquisitão se achegando ao poço??? Posso apostar que uma livre tradução possível para o primeiro pensamento daquela mulher quando viu que Jesus estava lá no poço foi: Que saco!!!

Jesus, que não dava bola para torcida contrária e quando tinha que mandar seus recados, não manda, antes entregava pessoalmente, se achegou e ainda pediu água. Um cara completamente fora das regras e padrões. Pedir água para uma Samaritana? Qual é a sua  Jesus??? Ta louco? Ta andando muito com o pessoal da cracolândia lá da Judéia? Que conversa é essa???

Resumindo, a mulher diz a Jesus que ele é Judeu e não pode pedir água para ela, uma Samaritana e Jesus diz que se soubesse quem ele é e que tipo de água ele tem para ela, ela tomaria desta água e nunca mais teria sede,pois da água do poço,  ela bem sabia que teria novamente que tomar e novamente, e novamente e quantas vezes fosse necessário para aliviar sua sede. Mas a água que ele Jesus tinha... Há! que água abençoada que lhe cessaria anos e anos de opressão, tristeza,  magoas. Uma água que limparia o mal que havia nela, o mal que ela sabia existir mas que os moradores de sua cidade faziam questão de lembra-la diariamente.  Uma água que a faria deixar de ser uma periguete para ser uma serva do Senhor Deus. é um texto, sem dúvida alguma lindo.

Dai Jesus que era (e é) um cara bacana, falou pra moça ir lá e buscar o marido dela pra ele também ficar sabendo desta água e tals. Só que ele já sabia que ela não tinha marido, que ela já tinha tido cinco maridos e o que estava com ela era tipo um amante, já que nem marido era. E ela disse isso para ele. Sem meias palavras. E sabe o que é legal nisso?  Pessoas sinceras, sendo periguetes ou não, não tem medo de expor quem são. Não fazem teatro, não mentem descaradamente, não falam qualquer bobagem apenas para encerrar o assunto. Dizem quem são e como são na lata. Gostam de Jesus exatamente porque ele também assim o era ( e o é). Sem meias palavras, sem conversinhas, sem politicagem, sem falar uma coisa para fulano e outra para ciclano.  Foi empatia a primeira vista a beira do poço.

Jesus falou com a periguete, falou com o leproso, e a ele curou a enfermidade física. Subiu a um monte e fez um discurso arrebatador e absolutamente revolucionário (sermão da montanha), andou com coletores de impostos,  com as mulheres, inclusive as tratando como iguais, o que na época era um crime, andou com toda a baixa "casta" da época e com eles se sentia muito mais a vontade do que com os pretensos dominantes. Quando estes quiseram o embaraçar ele foi de uma classe sem par sempre falando a favor das instituições, pregando a resistência em nome de seu Pai, nunca pela força terrena. Jesus era um radical, porém era antes de mais nada uma pessoa responsável, que não colocava os seus queridos em risco com ações atabalhoadas. Jesus era (e é) o cara!

Mas a pergunta que não cala é exatamente esta.; Como veríamos a Jesus hoje? Se fosse membro de nossa igreja, se frequentasse o local onde frequentamos para adorar a Deus? Nos sentiríamos confortáveis com uma pessoa que anda com bebuns, drogados, iletrados, bandidos e claro, periguetes?

Será que não encostaríamos em Jesus para uma conversa de "alerta" ou de mesmo de "advertência" sobre quem são aquelas pessoas com quem ele anda? Alguma coisa do tipo, "Mas senhor aquela moça já casou cinco vezes e agora tem um amante"... Fica bem o Senhor ir lá falar com ela? Sabe que as pessoas comentam né Senhor? E aquele político, aquele vereador (correspondente que achei para coletor de impostos) lá que viram o Senhor de bate papo? Acha que fica bem? Desculpa ai Jesus, mas não é legal não viu?"

E Jesus em sua santa paciência daria um sorrisinho e continuaria  seu trajeto. é assim que vejo. O encontro de Jesus com a periguete do poço, relatado no Evangelho de João  é crucial para entendermos quem era ( e quem é) este Deus que se fez homem para nos dar vida e liberdade. Aconselho a leitura não só deste texto como de todos os textos contidos nos quatro evangelhos de Cristo, a saber: Mateus, Marcos, Lucas e João. Garanto que você se surpreenderá e se não mudar sua de um jeito, de outro ela será impactada. Ninguém fica indiferente as palavras de Jesus, esse cara tão, mas tão legal que escolheu aqui na Terra andar com quem precisava de sua cia, não com quem lhe emprestaria status e poder, e Nós? com quem escolhemos andar?

É isso.

Ouvindo: Grupo Elo


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