quarta-feira, 18 de março de 2015

Gays na igreja. Seja ela qual for.


Evidente ser uma ideia minha e apenas minha, mas para mim, uma igreja ideal não diria para os gays que os ama mas odeia o seu pecado ou coisas do tipo. Uma igreja ideal os acolheria de forma integral. Celebraria casamentos, os batizaria, apresentaria seus filhos perante Deus quando eles os adotassem, enfim, seriam cidadão de primeira classe no templo onde fossem ao invés de serem relegados aos bancos do fundo, encobertos pelo nosso desprezo velado e pela má vontade em te-los ali. Deus os ama e isso basta para que a casa que é Dele em última instância aceite quem quer que seja, independente de orientação sexual.

Esse medo que a maioria tem dos homossexuais, por diferentes que são, por terem comportamentos que diferem totalmente dos que não são, ao menos aos olhos dos heterossexuais, faz com que a segregação seja palavra de ordem e não só em igrejas. Criamos nossos filhos para acharem o homossexualismo algo sujo e as pessoas que vivem este estilo de vida, se é que se pode chamar de "estilo de vida" são vistas como ameaças, a verdade é esta. Será que são mesmo?

Alegamos antes de  mais nada que homossexuais são mais promíscuos que a média e a sua inserção em um ambiente "Cristão" poderia levar ambiente a deterioração. Nada mais falso. A promiscuidade existe em todos os grupos da sociedade sejam héteros ou homo e isso é visível a qualquer pessoa que queira ver evidentemente. Pessoas heteras tendem apenas a serem mais discretas quando optam por comportamentos promíscuos, este é o fato. Homossexuais são mais desabridos, sem tantas máscaras e isso incomoda.

De qualquer forma somos capazes de expressar amor e perdão a uma pessoa "normal" que erra, seja o erro que for, pois em um ambiente onde a palavra de Deus é a regra, devemos ser assim, amorosos e perdoadores. Porém, quando falamos sobre homossexuais tendemos a sermos extremamente justos, esquecendo que o amor precede a justiça e aplicando-a de forma implacável e fazendo com que o "infrator" seja exemplo para as outras pessoas da comunidade.

Nem vale a pena falar que Jesus andou com todo tipo de gente quando esteve na Terra pois isto é mais que sabido por todos e não é capaz de servir como exemplo de compaixão pois o homossexualismo ao invés de ser visto como mais um pecado entre tantos que cometemos é visto como uma abominação especial, categoria "AAA" que não pode de forma alguma ser tolerada.

Esquecemos que julgar as pessoas por fácil que é, mascara a realidade de que se não erramos por sermos homossexuais, erramos por sermos adúlteros, ou ladrões, ou incapazes de perdoar e amar, enfim, erramos o tempo todo e nem por isto cabeças são pedidas em bandejas de prata todo final de semana durante os cultos, ao contrário, quanto mais proeminente é o pecador da vez, mais tentamos ocultar o seu erro e atenua-lo até praticamente eximi-lo através de argumentos que são criados sob medida para perdoar a quem erra mas sempre conseguiu construir uma imagem "exemplar" junto a comunidade. Aos homossexuais no entanto esta reservada a danação em vida, pois nõa merecem nada além disso.

Para além da promiscuidade costuma-se alegar que a Bíblia condena de forma categórica o homossexualismo. Ok, é verdade de certa forma mas vamos então tratar com a mesma régua outros pecados que de forma categórica a Palavra de Deus tem repulsa? Que tal? Não dá, né? Pra tudo achamos o condão do perdão mas para o homossexualismo apenas dizemos que Deus ama o pecador e odeia o pecado. Cara, que frase perfeita. Perfeita e  comoda.  Nos exime de sequer tentarmos entender ao "pecador" uma vez que seu pecado é odiado por Deus. Obrigado, Deus, por me amar apesar de todos os meus pecados e obrigado ainda mais por eu ter a opção "correta" de ser heterossexual.  Quanto aos que pensam e agem diferente, continue odiando o pecado deles, eles que se lasquem.

A igreja, seja de qual denominação for, precisa abrir suas portas para quem se comporta diferente da maioria. Precisa amar genuinamente, incluir e ao invés de falar em cura, falar em amor, em aceitação. Se não formos capazes de sentar lado a lado com um casal de orientação sexual diferente da nossa em nossos bancos macios de igreja e não formos capaz de após o culto convida-los para conosco almoçar e partilhar uma tarde de estudo e alegria Cristã, o que estamos fazendo na igreja? Buscando um espelho que reflita apenas pessoas certinhas e iguais a nós mesmos? Queremos que nossos filhos sejam pessoas sem um amor completo que contemple os que pensam e agem diferente? Até quando nós Cristãos vamos empurrar para baixo do nosso tapete os homossexuais que sim, existem em nosso meio e levam uma vida de privação e medo de exposição apenas para não nos incomodarem?

A opção sexual de cada um é algo que compete apenas a cada um. E é com Deus que cada um de nós vai se ver no dia final não apenas se formos gays, mas por qualquer outro delito que cometermos. Quando entendermos e aceitarmos que é assim que as coisas são, talvez, e eu disse talvez, as portas de nossas igrejas não terão um detector de opção sexual que segrega quem de nós pensa diferente.

É isso.

Ouvindo: Sierra

Nenhum comentário: