terça-feira, 11 de agosto de 2015

Eduardo Sterblitch, racismo, humor ruim, esquetes equivocados e a geração dos politicamente corretos


O mundo anda chato demais. Os politicamente corretos dominaram  a cena. Dito isso, racismo é inaceitável, uma bosta completa e tem que ser duramente combatido, assim como o  machismo,e tantos outros "ismos" que assolam a sociedade.

Eduardo S. é integrante do programa "Pânico na Band". Gosto do Pânico no rádio porque ali eles tem, creio eu, uma liberdade maior e uma pressão menor por audiência e tudo o mais, mas veja, eu posso estar redondamente enganado, eu apenas acho isso não da pra cravar. Creio também que esta pressão por audiência os faça muitas vezes seguirem a trilha  do mal gosto pura e simples, seja apelando para mulheres semi nuas, seja ridicularizando pessoas com dizeres pouco agradáveis de se ouvir, seja com qualquer outro tipo de ação pouco louvável.

Acontece que humor que não é transgressor é mera assessoria de imprensa  disfarçada, servindo a alguém ou a algum propósito e pode-se acusar o Pânico de tudo, menos de se utilizar deste expediente. Revelou (e revela) humoristas que são sucesso hoje tanto la mesmo como em outros canais, não tem medo de dar a cara a bater com píadas que algumas vezes parecem ser editoriais disfarçados que revelam a opinião da trupe (que não é composta de imbecis, muito pelo contrário) e cumpre enfim, o seu papel de divertir pessoas um tanto quanto acéfalas que não entenderiam uma piada mais elaborada, um humor digamos, vindo de Woody Allen.

O problema não está de forma alguma na formação dos integrantes da trupe, mas no púlbico alvo em que eles miram, adolescentes ou adultos sem formação e estofo para dar risada com algo elaborado e quando se mira para este público o que se precisa é ser raso e direto, "explicar" a piada, ser muito visual e pouco verbal, desenhar, não escrever.

Eduardo S. se destaca neste contexto. é muito maior que seus pares seja pela evidente formação cultural que transborda de si, seja pelo óbvio talento que tem. Não é um qualquer, não é mais um, é de longe uma das melhores coisas que apareceram na tv brasileira nos últimos tempos e mesmo quando exagera e carrega nas tintas em personagens como o "Poderoso Castiga", sendo muitas vezes machista e destilando misoginia, ainda sim o faz de um jeito transgressor e consegue a cumplicidade dos entrevistados de uma forma que não se pode sentir pena deles apenas achar que eles são o que aparentam, patetas rematados, sanvando-se sua entrevista com Edgard Vivar o Senhor Barriga, que foi de fato a única real entrevista que ele fez, as outras foram apenas exercícios de humilhação alheia aos que os humilhados como já disse aqui se entregaram com o maior prazer.

Mas dai veio a "black face" as tiradas consideradas racisastas e aviltantes tanto ao povo negro com as religiões de matriz afro e pronto. Eduardo S. virou racista. Deixou de ser um humorista e se tornou o opressor do povo negro brasileiros e ONGS que vivem de financiamento público agora querem sua cabeça. Eduardo, talvez tenha usado de mal gosto, algo que os humoristas sempre correm o risco de fazer dado a natureza de seu ofício, mas o racismo, creio eu, é algo que se caracteriza quando é intencional, quando é premeditado, quando as palavras ou atitudes saem para ferir, magoar. Quando saem de forma não intencional são erros que devem ser pontuados e corrigidos.

Acontece que em nosso país onde pop stars da ignorância tem status de gênios, trazer uma pessoa ao centro da arena e lincha-la seja de forma literal, seja de forma moral, é esporte bastante popular em tempos como estes que vivemos. Não podemos apenas admitir e aceitar que alguém errou, temos que massacrar, buscar o pior, alimentar a "polêmica" por mais vazia que ela seja e esquetes ruins de humor viram atos racistas. O humor do Pânico não me serve. É tosco demais, não me faz pensar, me constrange ver como pessoas se submetem a tanta patetice, mas é apenas isso. Humor ruim. Quando dão um passo em falso no entanto, joga-los aos leões e trata-los como tolos levianos racistas, só evidência que esta geração politicamente correta não quer pensar, quer atacar no automático, quer ofender, quer espicaçar quem já errou.

Esta postura não agrega e muito menos resolve problemas e corrige erros, é apenas um grito vazio em um universo escuro onde o som nem se propaga, quanto mais faz-se ouvir. Não precisamos deste tipo de postura, não precisamos de ONGS mais preocupadas em encher seus cofres do que com as cuasda que dizem defender. O país precisa de um debate sério,  precisa (re)criar uma identidade nacional, hoje esfacelada não pelos humoristas, mas pelos governantes. Precisa de cabeças pensantes que questionem sim, a tudo e todos, mas sem ofender, sem acusar, questionem buscando soluções, não a criação de conflitos tão vazios quanto inúteis.

Precisamos de pessoas que pensem  e sobretudo de pessoas que sejam legais e bacanas o que é extremamente mais díficil do que ser legal e bacana.

É isso

Ouvindo: Foo Fighters

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