quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Paola Carossela, a digna.


Masterchef é como qualquer outro programa de tv, um produto feito para dar audiência. Não tenho certeza, mas desconfio ( seria fácil checar, mas estou com preguiça) que seja a maior audiência da Band. Com absoluta certeza, no entanto, é de longe a melhor atração do canal, ou a újnica na verdade que preste e valha a pena ser assistida.

O trio de jurados é competente. Fogaça, o brutal que com grunidos se expressa é sem dúvida o figuraça pra sentar em um bar e jogar conversa fora em um fim de tarde. Erick, o gordinho francês, tenta ser durão mas não passa nem perto disso. Mas é de Paola que quero falar.

É evidente que para assistir Masterchef é necessário levar em conta algumas questões. Não são cozinheiros que estão ali, são pessoas que gostam de cozinhar mas tem seus afazeres do dia a dia, sua rotina, suas razões e porques. Não vivem de cozinhar, não conhecem muitos dos ingredientes propostos pela produção, não tem enfim, obrigação alguma de entrega pratos fantásticos a cada episódio e ainda sim, se esforçam para tanto porque evidentemente querem ganhar, querem se projetar e quem sabe, depois de ganhar o programa, viver de cozinhar, por que não?

O que diferencia para mim o Masterchef de tantos outros programas com o formato de tentar se parecer com algo minimamente real, é que os jurados parecem entender estas questões a despeito de estarem em um programa e não ofendem os participantes ou os colocam abaixo de 0 como em "Esquadrão da moda" por exemplo, onde a tônica é chamar de imbecil, ainda que disfarçando com um bom humor que parece mais humor negro o que se esta fazendo.

Ainda que os jurados pareçam ser boa gente, a eliminação de ontem teve ingredientes únicos. Eu disse "ingredientes únicos" e estou falando ede um programa de culinária? Que horrível... Mas enfim, o que ontem aconteceu me me emocionou muito.

Paola, a encarregada de dar a triste e fátidica noticia a Lucas, não se aproveitou de uma mal disfarçada antipatia da audiência para com Lucas e ao invés de jogar para a audiência, usando de irônias e gracinhas que aniquilariam ainda mais  um já aniquilado Lucas, usou de compassividade, ternura e nem sequer usou termos como "eliminado" ou equivalentes, antes, agradeceu o candidato por ter chegado até onde chegou. E chorou.

Chorar é para atores e atrizes parte de seu trabalho. Para chefs de cozinhas delicadas como ela é uma válvula para aliviar a tensão ou tristeza. Ou ambos. E ela assim a utilizou. Sem vergonha, sem falsidade, sem sentimentos ruins. Buscou o ombro de Erick, chorou sozinha, se emocionou e esta emoção se deve ao reconhecimento do esforço do garoto Lucas, alguém tão ou mais  atrapalhado que eu e por quem tive identificação imediata. Chorei junto ao ver o vídeo de eliminação e a expressão terna e sentida de Paola, que lhe conferem uma dignidade impar e não reconhecer este tipo de conduta que faz com que o mundo ainda seja um lugar minimamente respirável seria injusto e leviano.

Hoje em dia é fácil ligar a tv e percorrer a infinidade de canais a disposição sem nem ter que passar por todos para ver cenas de ofensa a dignidade humana em forma de píadas jocosas que ressaltam defeitos que todos tem, mas parecem sempre ser apenas dos outros. Então, Obrigado, Paola, por sua postura digna e humana! O Masterchef e principalmente você ganham em estatura e eu, que nunca me interessei muito por frequentar restaurantes estrelados, faço agora questão de assim que tiver oportunidade, conhecer o seu apenas para poder dizer pessoalmente a você o que você já sabe, que você é uma pessoa única!

É isso

Ouvindo: VPC

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