quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

E o camaleão, (David Bowie) se foi...


O mundo anda muito, muito chato. E ficou bem mais, no último Domingo, quando David Bowie, o camaleão, se foi. Raramente me sinto triste quando um artista morre, mas é porque existem poucos artistas no mundo atualmente. David Bowie era um, na mais completa acepção da palavra. Não fazia concessões, fazia arte. Não estava interessado em  agradar, estava interessado em mostrar o que tinha dentro de si, trazer a tona em forma de música e uma música tão elegante, que mesmo sem ser o objetivo principal, sempre agradava. David fará falta.

Em um mundo onde pessoas destrambelhadas como o tal Barreto, da dupla sertaneja com o tal Bruno, canta como um pato de desenho animado e faz sucesso no Brasil todo, raros artistas podem servir de lenitivo contra o mal que nos é inflingido diariamente por pessoas sem a menor capacidade ou mesmo pendor para a arte seja ela qual for e detentoras de um senso estético horrível, quando não absolutamente ausente mas que ainda sim (e talvez exatamente por estes motivos) conseguem fazer sucesso e impor sua horrível "arte" a pessoas de  gosto refinado apenas por estas serem minoria em um planeta cada vez mais idiotizado que demanda espetáculos chulos e da pior espécie em quantidades cada vez maior.

David já seria genial apenas por ter dado ao mundo "Space Oddity" mas fez muito mais que isso. Além de cantor e compositor de mão cheia David também se arriscava (com sucesso) como artista plástico e até como ator de cinema. David tinha também era uma pessoa consciente de seu lugar e importância no mundo e não deixava de se posicionar, sempre com elegância sobre temas de interesse geral, mas suas opiniões jamais eram  vulgares, antes eram opiniões que no mínimo mereciam reflexão por parte dos pensantes deste pálido ponto azul.

Bowie vai deixar saudades nos que admiram a música feita com qualidade e amor. Claro, ele vivia de música e evidentemente tinha um lado comercial em sua canções e isso é desejável, afinal, uma obra hermética não interessa a ninguém além de seu criador, mas Bowie tinha refinamento mesmo em seu lado comercial e o equilibro entre arte e necessidade de venda, sempre permeou de forma positiva sua carreira.

Vanguardista sem ser incompreensível e restrito a poucos, seu estilo sempre foi um retrato fiel da época e que vivia, se reinventando e renovando de forma sempre  constante. David Bowie não deixa discípulos, pois sua arte não é fácil de ser imitada pois esta intrinsecamente ligada a quem ele era como pessoa, então qualquer um que se proponha a ser seu "discípulo" o fará de forma manca, pois personalidade não se copia.

Enfim, morreu a pessoa, nasceu o mito.

É isso.

Ouvindo: David Bowie

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