sexta-feira, 11 de março de 2016

Regina Mota, a que não faz concessões.


Nos dias de hoje, é cada vez mais difícil ser um artista  autêntico, seja ele cristão ou não. Vivemos em um mundo em que as pessoas cada vez mais acham que produtores, cantores, enfim, pessoas que trabalham com a arte, devem trabalhar pelas suas demandas. Livros devem ser escritos sob medida para o que cada um gosta de ler, músicas devem ser compostas levando em conta apenas o gosto muitas vezes (na maioria das vezes) raso de quem as escuta e por ai vai. Em um cenário desses, gravadoras e músicos fazem cada vez mais concessões.

Desprezo músicos assim. Vejo  um músico, seja ele cristão ou não, como alguém que tem algo a dizer. Se ele não tem algo a dizer, não deve gravar nada, pois acaba virando assessoria de imprensa. Gravar o que produtores determinam a mando das gravadoras e pior de tudo, gravar querendo agradar ao público é ser subserviente e a subserviência não combina com a liberdade que o músico deve ter para ser respeitado.

O que mais se vê hoje em dia são "artistas" se comportando como bois em uma manada. Fazendo todos o mesmo som, do mesmo jeito e  querendo agradar ao mesmo público. Esquecem-se que a originalidade é o fio condutor da arte, que a independência quanto ao que se canta e compõe e sobretudo a certeza de que se esta fazendo a coisa certa é que define a qualidade de um trabalho como aceitável ou não. Alheios a isso, a grande maioria dos artistas hoje imploram aceitação por parte do público que buscam atingir e se comportam como bobolinos vendidos que cantam não do que gostariam mas do que querem que eles cantem. Deplorável.

Neste sentido, Regina Mota sempre foi meu modelo de artista. Lançando cds de forma bissexta, sem pressa entre um e outro, fazendo parecer que cada um deles é o último que ela lança, só presenteia seu público pequeno porém fiel quando tem algo a dizer. E é ai que ela me ganha, pois o que ela tem a dizer, sempre tem um conteúdo consistente e recheado não de lugares comuns, mas de fraseados que pedem reflexão, que pedem para serem ouvidos com calma, com atenção e sobretudo deleitando-se com arranjos que se são absolutamente econômicos, não significam nesta economia que indigentes sejam. São na medida, não agridem a ouvidos sensíveis com notas desnecessárias e nem firulas que nada agregam. Regina é a interprete que entrega o que a música pede nada além disso.

Não quero aqui dizer que interpretes mais exuberantes por assim dizer não sejam bons cantores e não produzam bons trabalhos, nada disso um grande exemplo de interprete exuberante é Leonardo Gonçalves e um paralelo entre ambos é quase inevitável, pois ambos entregam uma mensagem necessária e pensada para tocar corações e sobretudo mentes daqueles que as ouvem, mas entregam cada um a sua maneira uma mensagem limpa, sem ruídos. Regina com seu jeito econômico e Leonardo exuberante como só ele sabe ser, não fazem um trabalho repleto de lugares comuns e escondem uma ou outra música que digam o que eles querem dizer no meio deles, não. Ambos falam exatamente daquilo que precisam falar.

O repertório de Regina é sempre um capítulo a parte, talvez  o mais importante em toda a sua produção. Músicas que encaixam com sua interpretação, músicas que contam um boa história ou falam de assuntos que tocam a audiência de forma que ficar indiferente não é uma opção. Regina Mota é uma cantora que vai além do simples ato de entregar uma interpretação, ela faz com que a mensagem te toque e isso, é raro demais ons dias de hoje.

Regina, enfim, é uma artista que fala através de suas canções, ou das canções de outros compositores que escolhe para gravar, daquilo que ela entende ser importante dizer. Creio que como uma artista cristã ela tenha evidentemente um direcionamento de Deus na hora de produzir seus trabalhos, mas creio também  que a sua necessidade de ser quem ela é, sem filtros e máscaras fica evidente a cada música que ela interpreta. para mim, é a melhor artista cristã do Brasil

É isso.

Ouvindo: Regina Mota

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