Qualquer maneira de amor vale a pena?

"Paula e Bebeto" a canção de Milton  Nascimento contida no álbum "Minas" e regravada diversas vezes tanto pelo próprio Milton quanto por outros interpretes de nossa MPB, afirma: "Qualquer maneira de amor vale a pena, Qualquer maneira de amor valerá". E quer saber? Eu concordo em número gênero e grau.

Qualquer maneira de amor vale a pena sim. E vale a pena porque só duas pessoas que se amam, independente do sexo que tenham, sabem como viver este amor e não cabe a ninguém julgar como se vive ou porque se vive tal amor. E não falo aqui especificamente do amor homossexual. Embora ele entre na conta também, mas falo das diversas formas que duas pessoas podem ter para viver o seu amor ou seus amores. A quem interessa? O que importa para uma terceira pessoa a forma com que o amor é vivido entre duas pessoas que efetivamente se amam?

Julgamentos sempre existiram e sempre existirão, mas qualquer maneira de amo sempre vai valer, independente do que se fale, do que se julgue. A verdade é que só sabe do amor que se vive, quem vive o amor. E amor, não cabe em julgamentos, rótulos, "ouvi falar" ou "por assim dizer". Amor é para ser vivido, da forma que se apresenta, no momento em que explode e extrapola o sentimento silencioso e precisa ser gritado ao mundo. Amor é uma força da natureza, a mais poderosa, e tentar domestica-lo, inventando maneiras de vive-lo, padronizando atos e gestos, é uma vã tentativa de entender o que basicamente não tem explicação

Buscar regras e impo-las para categorizar um amor vivido por duas pessoas como saudável, aceitável ou outras palavras congêneres é algo tão inútil como varrer areia na praia ou contar as estrelas no firmamento, uma vez que idade, sexo, cor e tantos outros fatores que podemos considerar como excludentes para o bom andamento de uma relação, são na verdade a liga que faz com muitos outros funcionem. Não é possível traçar uma linha por ondem os relacionamentos caminhem e dizer que fora dela não há amor possível.

Mas é importante também esclarecer que falo de amor e não de paixão ou o puro e simples desejo. Esses sentimentos embora contidos dentro do verdadeiro amor quando isolados não servem para nada além de causar uma euforia momentânea que pode além de tudo magoar e ferir sem necessidade alguma além da satisfação de uma vontade própria o que pode ser devastador para o lado magoado.

Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá. Mas vale mais ainda, certificar-se de que é de amor que se fala e o poeta sabiamente disse: "Falais baixo se falais de amor.

É isso.

Ouvindo: Paula e Bebeto com a interpretação de Milton Nacimento