sábado, 4 de junho de 2016

Considerações Sobre a Morte


Quando os olhos se fecham, o que acontece? É só a escuridão? O silêncio total? O vazio? Nada além? Nada no Além? Um sono imperturbável  e ao mesmo tempo tão perturbador e é só? Tudo tão solitário mesmo? E, ao mesmo tempo, para ser solitário é preciso se ter a consciência de que se está só, e ao morrer, não temos tal consciência. Então, quem somos nós ao morrer além de nada, de corpos  se decompondo, adubando a terra?

E quando o coração cessa os seus batimentos? As emoções, sejam alegres, tristes, ou de que espécie for, que por anos ficaram armazenadas, para onde vão? Sentimentos que permearam uma vida se vão no segundo seguinte a morte física? Voam para longe ? Ou se esvaem nas brumas de uma tarde fria e chuvosa? O coração, bombeando sangue ininterruptamente, ao parar serve para que? Dissecação com fins científicos?  Me parece tão pouco... Salvar outra vida?  Apesar de nobre, é de outra vida que se está falando, não da que morreu e perdeu o direito de emocionar-se.

O sangue, de que vale se esta frio, sem circular, reduzido a uma massa pastosa e sem utilidade alguma? Se ele não pode ferver por qualquer motivo que seja, se ele não pode ser bombeado com mais força e rapidez por um coração apaixonado, é tão inútil...

A morte no final das contas é o que nos mostra como a vida é linda. Como é sublime amar e ser amado. Como é maravilhoso ouvir e poder apreciar na plenitude uma linda canção. Observar a morte de perto, é celebrar a vida em sua plenitude. Respeitar a morte é não colocar-se em risco de obte-la, pois ela jamais será um presente, sendo sim, uma condenação, o opróbrio final.a

A morte nos afasta de quem amamos, nos afasta as vezes de nós mesmos tal a falta de conexão que ela provoca. A morte é nosso pior inimigo e ainda sim, existem muitos que com ela simpatizam, esperando que ao encontra-la novos portais existenciais se abram. A morte, para mim não pode existir como catalisador de vida, ou de novas vidas, novas percepções, como alguns propõe. A morte é o frio e impessoal silêncio. é quando tudo cessa, toda atividade,  se torna impossível, quando a festa acaba por que a vida deveria ser, ao menos em meu entender, uma festa.

Não penso no dia que vou morrer e nem como. Só sei que um dia isso vai acontecer e minha existência enfim, findará. Não sei também se existe como ficar pronto para morrer, mas sei que a vida é bonita de ser vivida e enquanto der pra ficar por aqui, eu vou ficando.

É isso.

Ouvindo: Bach

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