quarta-feira, 20 de maio de 2020

A Tubaína, a Cloroquina, e o Demente



Tubaína... Há! Que delícia! Uma de minhas  lembranças mais valiosas da infância, basta que eu feche os olhos e o seu gosto vem em minha mente. Aquela garrafa de vidro de 600ml, aquele sabor adocicado que descia gostoso, o barulho das garrafas na sacola quando ia comprar mais de uma... Tubaína é uma bebida que faz parte do imaginário popular brasileiro a décadas e é tão inofensiva quanto saborosa. Cada gole gelado descendo garganta a baixo é como se fosse um elixir da felicidade momentânea.

Bebida de baixo custo (até hoje é assim), houve uma certa desvirtuação da mesma quando foi lançada a mal fada versão PET de 2l e foi adicionado mais gás que o necessário a sua fórmula. Tentou-se massificar o que já era popular e não obstante as vendas de uma determinada marca  terem aumentado de forma dramática, a circulação daquelas tubaínas quase artesanais, que vinham de cidades como Jundiaí, Valinhos e que tais se restringe hoje a essas cidades apenas. A Tubaína de verdade perdeu espaço para as versões lights, diets e outras que em nada lembram a real tubaína. Que pena!

Cloroquina. Indicada para o tratamento de Malária, Artrite Reumatóide, Lúpus Eritematoso entre outras desordens médicas ganhou recentemente status de salvadora da pátria  e tem sido proclamada por um curandeiro que por acaso também é presidente do Brasil. Curandeiro, não Messias como ele mesmo já disse, embora tenha um comportamento messiânico e perigoso. A Cloroquina na visão deste pajé de quinta categoria, pode ser toda cura para todo mal, cientistas de todos os quadrantes do Universo já tenham dito que NÃO EXISTE evidência alguma quanto a sua real eficácia no tratamento do mal deste que nos assola, chamado Covid-19, o bufão que governa a nação insiste em utiliza-la como panaceia para curar o que ainda não tem respaldo clínico. Isso nos leva ao Demente.

Demente é o nick name carinhoso (na verdade um entre tantos) Para Jair Messias Bolsonaro, que também é o curandeiro (ou acha que é) do país chamado Brasil. Demente, contra todas as probabilidades lógicas, se lança contra a comunidade científica nacional e internacional na vã tentativa de fazer valer sua opinião de leigo absoluto sobre um medicamento apenas porque ele não entende que é presidente, não líder de uma Teocracia. Demente não é um Faraó imbuído de poderes supostamente divinos, é apenas um Demente a quem uma população zangada com outro malucão de plantão que o antecedeu, elegeu em busca de alívio.

Ao invés de honrar a confiança que lhe foi depositada, Demente  conseguiu na tarde ontem transformar a Tubaína e a Cloroquina em símbolos involuntários de uma disputa que jamais deveria ser política e sim sanitária/médica. Disse Demente: "Quem é de Esquerda, toma Tubaína, quem é de Direita, toma Cloroquina", como se uma crise como esta que vivemos, pudesse ser jogada na vala comum do partidarismo puro e simples. Não pode, não deve e é impróprio e indigno, mesmo para um presidente que é um Demente, que ele se comporte desta forma.

Nosso país esta na UTI e infelizmente faltam respiradores para mante-lo vivo. Demente vai de Cloroquina. O país, de mal a pior.

É isso.

Ouvindo: Pato Fu

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