sábado, 28 de dezembro de 2024

Quando Ouço Madredeus, o Coração Salta Para Fora Do Peito

 

Eu não viveria sem Graziela. Não viveria sem Vitoria. Sem, Rafaela meu coração pararia de bater e sem Isaac, eu não saberia mais o que é o amor em estado puro e inocente. Essas são as pessoas que me movem. dito isso:

São 17:30 do último Sábado de 2024. Estou no plantão, solitário mas não triste ou infeliz com a solidão e sim satisfeito com a minha Solitude, palavra que define "a glória de estar sozinho". Outro dia ouvi que as pessoas procuram ficar apenas com quem elas gostam, automaticamente repelindo as que não satisfazem seus parâmetros, relegando-as ao ostracismo que na cabeça mentecapta de quem assim pensa levará o excluído ao suicídio por não ser considerado bom o suficiente para privar da companhia de quem dele não gosta.

Eu, sinceramente, prefiro que não queiram ninha companhia, porque eu quero a companhia de muito, mas muito poucas pessoas. É assim que sou e sempre serei. Não sei me portar no meio de muitas pessoas. Na verdade, mais de cinco pessoas reunidas para mim é multidão e multidão me incomoda, me intimida, me faz agir de forma desconexa e estranha, então, quanto mais pessoas não me quiserem por perto, mais alívio eu sinto. 

Pode parecer um raciocínio de quem quer se defender da rejeição, mas no meu caso é a mais pura realidade. Estar só, em solitude me acalma e se eu estiver em posse de meus fones de ouvido e neles estiver tocando as canções do Madredeus, ai seria um bom momento para morrer, pois morreria feliz ouvindo o grupo que me emociona a níveis absurdamente altos, seja com Tereza nos vocais, seja com Beatriz.

Os arranjos sempre delicados ainda que fortes combinado a um vocal sublime e a letras todas elas de uma beleza ao mesmo tempo intensa e poética (quem disse que poesia precisa ser sempre doce? as vezes ela tem que te rasgar para que depois você possa se remendar).  Eu poderia passar dias e dias ouvindo a suavidade de "Coisas Pequenas", os violinos poderosos, ferozes mesmo, de "O pastor", o encantamento de "Haja o Que Houver" e tantas outras. Será que realmente é preciso mais do que isso para reclamar para si a felicidade plena?

Eu trabalho com o desejo da grande maioria dos brasileiros, mas vendo para uma parcela da população que não ultrapassa 5% dessa mesma população que pode desembolsar a partir de 800 mil dinheiros até o infinito para comprar seu imóvel. Isso não me torna especial e nem torna especial o meu público. Especiais são os músicos do Madredeus e alguns poucos outros artistas que com beleza única emocionam, fazem o coração sair pela boca batendo fora do peito e fazem rolar lágrimas da mais pura felicidade e contemplação ante o belo em estado puro.

Porque existe o belo fabricado e o belo imposto que tentam o tempo todo se impor ante o belo real, que é simples e de imediata identificação, não necessita de explicação ou mesmo de tradução se em outro idioma estiver. O belo é visível, tangível e emocionante. Não é uma suposição como a matéria escura que esta semana teve sua real existência questionada por estudiosos sérios e passou a ser agora algo que "pode existir ou não". O belo se vê, se escuta, se apalpa e se absorve, não como comida ou bebida mas se absorve pela mera contemplação.

O belo entre tantas e tantas manifestações é o Madredeus. Eu agradeço a Deus por permitir a existência deste grupo, agradeço ao grupo por saber emocionar e sobretudo por fazer em momentos raros em que consigo a solitude desejada, fazer meu coração bater fora do peito.

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