Talvez fosse a luz daquele fim de tarde na praia, quando o Sol caia atrás de alugmas ilhotas e projetava um amarelo-ouro sobre o seu rosto que de tão iluminado ficou muito mais lindo do que o de costume. Talvez fosse o seu sorriso que iluminou o Sol ao virar uma gargalhada solta e sem medo de parecer exagerada. Alias, nada em você era exagerado pois nada era suficiente. Fosse sua beleza, fosse a forma com que você caminhava com so pés descalços na areia, fosse o contraste da nossa finitude com a imensidão do mar que em você parecia não existir pois você era tão infinita como as aguas que por trás de ti chegam ao limite da areia.
Eu não sei se era a luz, se era seu sorriso ou se era o infinito. Talvez, fosse o apanhado de tudo isso que em um quadro perfeito emoldurado pela vida que era vivida naquele breve momento fez tudo valer a pena. Os óculos escuros escondiam seus olhos de jabuticaba como os de Capitu porékm sem serem de ressaca, sendo pura beleza, pura fluidez, puro encantamento. E o encantamento, os raros momentos de encantamento real (que ao menos no meu caso foram raros), se fez pleno como se a eternindasde se condensasse nos poucos segundos em que a percepção desse quadro perfeito veio a mim e eu pude eterniza-lo em uma foto.
Poucos fora os momentos em que a felicidade se anunciou mim e me tomou pelas mãos para uma ciranda em pés no chão. Este dia, foi um deles. E por mais que eu seja feliz em silêncio, por mais que eu não saiba gargalhar e saiba na verdade apenas sorrir de forma tímida e seja pouco afeito a grandes explosões públicas de alegria, naquele dia, naquele momento, eu entendi porque os físicos dizem que o Universo como conhecemos explodiu em milessegundos.
Eu percebi que a alegria genuína se apresenta de forma tão intensa e tão explosiva quanto surpreendente. Precisamos estar prontos para a surpresa de ser afetivamente feliz, pois a felicidade não tem nada a ver com aquela alegria que as vezes sentimos que não nos completa e nem preenche completamente sempre parecendo faltar um pouco. Mas quando a alegria vem e nos surpreende, ela nos toma e nos preenche e transborda.
E naquele dia, naquela praia, naquele fim de tarde, eu não sei se foi a luz, se foi o seu sorriso, se foi o mar ao fundo, se foi a sua plenitude. Como eu disse, deve ter sido um apanhado de tudo isso, mas fui feliz aquele dia, naquele momento. Foi raro, foi breve, mas foi o suficiente para ser um bom dia para se morrer. Afinal, eu quero morrer no dia que eu for mais feliz.
É isso.
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