domingo, 23 de novembro de 2014

Mais amor, por favor


E não é disso que precisamos? De mais amor, de mais afetos, assim mesmo no plural, porque os desafetos nunca são no singular, então, mais amor e mais afetos por favor. Mais Romeu e Julieta, seja na linda história contada pelo Bardo, seja na sobremesa com goiabada cascão e queijo, seja nas ruas quando casais de meninas moças e rapazes imberbes andam de mãos dadas como se não houvesse amanhã.

Mais amor, por favor. Mais compreensão, pois sem ela não existe amor.  Mais cartões postais, mais flores, mais desejos de felicidade para mim, para você, para o Zé da esquina, para o Rodrigão, para o Jamelão. Mais retorno, mas eco, mais grave, mais agudo, mais tudo!!! Não era um gênio esse Tim que tanto de amor cantou e sempre exigiu o máximo das qualidade porque era a contra a norma culta e douta e também poética que diz "Falais baixo se falais de amor", cunhada por Shakespeare. Esse Tim sabia das coisas. Sabia que se era pra falar de amor bom mesmo é gritar e gritar bem alto. Acender o farol, berrar, acorda a vizinha, é de amor que estamos falando porra!!! Não é de economia, não é de futebol, é de amor!!!

Mais amor, por favor. Porque o complemento da frase acima, a do "falai baixo, se falais de amor",é tão lindo porque diz que "o amor que se perdeu, ao retornar sempre haverá de ser mais lindo, e maior, e mais grande e mais forte" e no fundo é disso que se trata quando falamos de amor, ele só pode se renovar dia a dia pra ser maior e mais forte e morrer todo fim de noite, pra renascer revigorado e melhor no dia seguinte e encher nossos peitos com a sensação de que sem ele nada mais importa e nem dará certo.

Mais amor, por favor e certamente eu prefiro uma porção dobrada de amor do que uma Mega Sena acumulada, pois se a ganância vibra por um lado o amor esta ai para colocar no seu devido lugar os reais sentimentos que importam. Sem amor não se é compassivo, terno, bom, gentil. Tudo o que é positivo passa pelo amor. Tudo o que é grande, passa pelo amor, tudo o que real e importa, passa pelo amor.

Mais amor, amor por você. Mais poemas, mais canções que falem dele, do amor. Mais livros sejam escritos onde ele, o amor, seja o tema principal. Mais conversas de botecos que falem dele, do amor e menos falar de futebol ou politica, temas que não trazem a guarida necessária para que ele, o amor, floresça.  Amor é alegria e se é tristeza, não é amor, ou é bem passageira, no máximo uma melancoliazinha leve daquelas gostosas, que logo passam porque o amor, que tinha ido até ali a esquina, voltou. E quando ele, o amor, volta... há o amor...

Mais amor por favor. Mais Graziela na minha vida, que hoje é a mais perfeita tradução do que para mim seja este tão misterioso amor, que embora misterioso se revela dia a dia no sorriso teu e na alegria de acordar ao teu lado, minha Graziela.

É isso.

Ouvindo: Criolo

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Sabor de Mel, uma analise (ou de como Damares foi usada pelo cão ao gravar esta música)


Agailton Silva. Este é o nome do compositor da malfadada canção "Sabor De Mel". Febre entre os evangélicos que não possuem qualquer base teológica séria (99%) da galera que se diz crente, é interpretada pela "abelinha vingativa" Damares.

Damares é inegavelmente um fenômeno da música "gospel". Uma cantora que embora não cante absolutamente nada, apenas grite e seja toda refeita em estúdio caiu nas graças do povo dito crente graças as suas letras que não passam de manuais de "auto ajuda" sem como já foi mencionado, base teológica alguma.

Não vou analisar é claro frase por frase da canção, já que todo mundo, seja crente ou não por forçada massacrante mídia em volta desta canção, já conhece toda  ela, então vou me concentrar no  entrecho principal, as palavras que o Cão fez questão de colocar em sua boca para enganar a crentes estúpidos que adoram uma canção tão maligna.



Quem te viu passar na prova
E não te ajudou
Quando ver você na benção
Vão se arrepender
Vai estar entre a plateia
E você no palco
Vai olhar e ver
Jesus brilhando em você

Você pode até questionar que isto é só uma estrofe de uma música que por massante que é, tem várias delas. Bom, tudo que o Outro precisa  é uma estrofe pra te destruir, ou ao menos tentar.

Vamos lá. Pra início de conversa a vitória de Jesus foi na Cruz. Não houve nada de sabor de mel. NADA!!! Ele foi humilhado, escorraçado pelos seus. Apanhou, foi cuspido, foi enfim, vilipendiado ao máximo, tudo isso por você e por mim, a vitória dele veio através de sua morte. Alguém pode me dizer onde está o mel disso tudo???

Mas ai, vamos a letra propriamente dita. Este arremedo de verso, diz entre outras coisas absurdas que quem te viu passar na prova e não te ajudou vai se arrepender quando você estiver bem!!!!! Socorro Stênio Marcius!!!!!! Socorro!!!! Como pode??? Quer dizer que se eu não ajudei o João quando ele estava mal, agora que ele está patrão, que ele está podendo eu vou me arrepender, sentir inveja e obviamente não ser digno do amor tanto dele quando do de Jesus???? é assim??? Jesus ajuda ao João e incute em sua alma um sentimento de vingança para comigo???? Tem Certeza Agailton, Tem certeza, abelinha vingativa???

E ai, não contente, Jesus ainda coloca o João em um palco, para que ele tenha toda visibilidade e eu na platéia me sinta humilhado???? A ideia é essa???  João, lá, grandão, no show bizz e o trouxa aqui que se recusou a ajuda-lo sabe-lá por qual motivo tendo que aplaudi-lo??? Desculpe, mas não quero conversa com um Deus deste não Que permite que seu filho faça este tipo de traquinagem com os seres humanos.

E pior. Vou olhar e ver Jesus brilhando no João???? Tem certeza???? Como Assim???? Volto a dizer, o "o palco" de Jesus foi a Cruz do Calvário, junto aos seus apóstolos que eram no máximo "figurantes", homens sem o menor pendor ao estrelismo. E o que dizer deste Jesus que quer ir ao palco???

Desculpem o termo que vou chupar aqui de um vídeo dentre os muitos que espicaçam com razão esta canção, mas é um "Jesus Diabo". Um Jesus que precisa de um palco para se mostrar, para afligir aqueles que não os seguem, que ao invés de fazer o João ter amor por mim que o desprezei, prefere coloca-lo em um palco onde ele possa me ter como claque para o seu sucesso, não é um Jesus como o da Bíblia. Vergonha!!!!

Quem sabe no teu pensamento
Você vai dizer
Meu Deus, como vale a pena
A gente ser fiel

Mas ai tem outra... João, se ferrou, se ferrou, se ferrou. Jesus foi lá, foi bacana, deu mel pra ele, deu vitória, colocou ele no palco, mais que isso, foi ao palco com ele pra brilhar e ao narrar a história do João o Agailton diz isso??? Que quem sabe no pensamento dele,  ele vai dizer que "Meu Deus", como vale a pena ser fiel??? Mas perai, também!!!! Só vale a pena ser fiel se Deus colocar você em um palco com o filho dele luzindo??? Se não, não vale a pena??? Só vale a pena ser fiel se a vitória for ofertada por Deus hoje, neste planeta claudicante??? Mas não foi Jesus quem disse que o seu reino não era para este mundo??? Eu entendi errado esta parte da sua palavra???

Não é a fé que nos salva? Seremos salvos apenas se barganha houver, pois só ai aceitaremos o sacrifício de Cristo na Cruz??? Fora disso é melhor deixar a gente no lodo mesmo? Se não for pra dar vitória que deixe a gente se ferrar???

Não sou ninguém para julgar o coração de Damares, mas a palavra de Deus diz que "enganoso é o coração do homem", ou seja talvez esteja faltando um pouco de racionalidade na hora de compor seu repertório. E certamente falta entendimento a este povo "evangélico" que se deixa levar por canções escritas em parceria com o DEMO para ridicularizar a palavra de Deus e que este povo enche a boca para cantar.

Lamentável!!!

É isso.

Ouvindo: Alessandra Samadello



segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Ave Maria


Existe uma beleza nesta "Ave Maria" interpretada por Maria Callas que me leva as lágrimas quantas vezes eu a ouvir. E esta versão em Alemão, é ainda mais linda e significante pelo impenetrável da língua para mim. Não preciso me preocupar se é uma louvação tola a Maria, tão tola quanto inútil alias, mas posso sorver a beleza do arranjo, a delicadeza que Maria impõe a sua apresentação, mesmo sendo ela dada em alguns momentos a histrionismos vocais desnecessários, reconheço, (e, se você, não entende o que quero dizer com histrionismo vocal, pare de ler e vá ouvir Michel Teló, não escrevo para bárbaros) ainda sim sua voz aqui é toda dulçor e delicadeza.

Sua interpretação é um enlevo para alma, coração e mente. Em contraponto por exemplo a do ceguinho imbecil alçado a pop star Andréa Bocelli, que destrói a mesma canção com sua interpretação açodada e cretina. Callas aqui, da provas mais do que suficientes de que foi a maior voz que caminhou  na face desta Terra e digo que se eu tivesse que imaginar um anjo cantando, ou algo ao menos próximo disso, imaginaria Maria Callas.

Mas esta  "Ave Maria" me intriga não apenas pelo que tem de belo, mas pelo que tem de emocional E a emoção muitas vezes não precisa ser bela, antes muitas vezes é feia e com sua feiura atinge pontos antes inimagináveis em nosso ser. Esta interpretação no entanto é envolta em uma beleza tão genuína, tão pura, tão singela, que não cabe um reparo, e Callas que sempre soou tão racional para mim, quase uma maquina de cantar ao qual não se permitia a fraqueza da emoção, não se permitia o escorregão do erro, se torna aqui humana, quase frágil, quase que se despindo de rótulos para ser apenas uma correligionária de sua fé, ainda que eu duvide que ela tivesse alguma fé além de sua inabalável fé na música, em sua música para ser mais exato.

E dai eu me surpreendo com a força da devoção. A força que um tema religioso, não  importa a que denominação ele possa pertencer, tem de nos trazer para nosso ponto de inflexão mais íntimo, nos tirar de toda a nossa pretensa infalibilidade, superioridade ou o nome que se queira dar ao nosso sentimento de estar por cima.

Maria Callas, para mim uma voz quase inumana de tão perfeita, se fez mulher aqui. Se fez alguém nestes poucos mais de seis minutos, ao qual se é possível ver a mulher apaixonada, a mulher que teve que conviver com o declínio de sua voz (o que seria natural em algum momento), a mulher enfim que bem diferente de "La Mamma Morta" ou "Nessun Dorma" ou mesmo "Mio Babbino Caro" para ficar em três simples exemplos mostrava-se sempre impenetrável, sempre dona da situação, sempre a voz a ser admirada e mesmo invejada.

Em "Ave Maria" Maria Callas, permitiu-se ser o que no fundo nunca deixou de ser. Uma mulher com suas vicissitudes, e tão complexa e ao mesmo tempo simples com qualquer outras.



É isso.

Ouvindo: Maria Callas

domingo, 16 de novembro de 2014

Irmã Dulce


Não vou aqui me dirigir aos "meus irmãos Católicos" já que nutro apenas um desprezo surdo a religião Católica que para mim nada mais é do que um poder politico muito bem disfarçado de  igreja.

Não vou muito menos tecer loas ou sequer elogiar a sua doutrina, que na verdade acho tão que abjeta que nem merece maiores esclarecimentos. Mas tenho que falar de uma mulher que mesmo sendo Católica, mesmo tendo como regra de fé esta doutrina que tanto repudio, fez muito mais do que os "meus irmãos protestantes" e sua doutrina baseada em tudo o que Lutero, Zuínglio e Oekolampad ensinaram ao contrapor a fé Católica baseada nos feitos pessoais para a busca da salvação trazendo eles uma salvação baseada no amor e na caridade.

Mas ao falar sobre Irmã Dulce, cujo filme estréia ainda este mês ao qual estou louco para assistir, é preciso se despir de rótulos, preconceitos, sectarismos e falso moralismos para se concentrar em alguém que busco desde sempre, desde a descoberta de sua vocação que o amor é  e sempre será enquanto mundo houver o melhor caminho a se seguir.

Irmã Dulce acolheu a todos sem distinção. Aos pobres, aos bandidos, aos imundos, aqueles aos quais a sociedade tratava como párias ou simplesmente não se importava ao ponto de nem rotula-los. Irmã Dulce sabia que para Deus, o seu Deus que também é o meu, eles eram filhos queridos que necessitavam de mais atenção do eu, você ou ela. Irmã Dulce se despiu de vaidade, se desnudou de qualquer orgulho e pedia aos "seus pobres", pois para ela eles eram "os seus pobres" pessoas que Deus confiou a ela e que sob seus cuidados deveriam ficar enquanto ela aqui estivesse.

Não existia vanglória, não existia  o desejo de reconhecimento, apenas o incansável sorriso ao pedir para os seus o que não ousava pedir sequer para si mesma. Passou a vida construindo um exemplo sem jamais querer se-lo pois estava ocupada demais ajudando ao próximo.

Muitas vezes parece que a vida não se lembra de tanta gente... Pessoas que tem uma existência relegada ao limbo da pobreza, da humilhação, do direto negado a cidadania, da falta de perspectiva, do ser culpado de tudo mesmo sem ser, enfim, uma não vida que vivida desta forma é apenas uma forma de sofrer até o extremo limite.

Era de pessoas assim que Irmã Dulce se ocupada. Doentes, pobres, flagelados, não queria levar primeiro religião e depois pão, pois o faminto quer o pão antes de qualquer coisa e era isso que ela fazia. Sua obra assistencial lhe valeu a indicação para o Prêmio Nobel da Paz e apesar de só ter visto Irmã Dulce pela TV, tenho certeza que a viagem para recebe-lo e toda publicidade avinda dela só valeria a pena se junto viessem recursos que expandissem sua obra para além do que ela já alcançava. Nunca se acomodou a nossa Irmã com o que já havia conseguido, sua luta incansável por mais e mais recursos que lhe permitissem ajudar o maior número de pessoas possível é tão admirável que deveria ser ensinada como matéria obrigatória na rede de ensino público, para que as crianças soubessem quem foi e o que fez Irmã Dulce.

Precisamos seguir seu exemplo, precisamos viver uma vida que seja menos centralizada em nossas demandas e muito mais centralizada em ajudar a quem precisa e não pode muitas vezes sequer nos pedir. Irmã Dulce é o exemplo supremo em nosso país de que a caridade vale a pena, de que o amor e o afeto mesmo que a estranhos deve ser praticado dia a dia. Irmã Dulce transcende religiões ou crenças, pois ela foi antes de mais nada um exemplo de como se viver a doutrina do amor, a mais importante doutrina que pode existir.

É isso

Ouvindo: Leonardo Gonlçalves

sábado, 15 de novembro de 2014

O amor não é feito de sobras


Não se ama sozinho. Amor é a dois. é sentimento que flui em mão dupla, em que se sente a batida do coração do outro no mesmo compasso do seu. O amor não é feio de sobras. Não se constrói uma relação se não for entrega plena, emoção plena, amor total e fulgurante, daqueles que derrubam qualquer obstáculo, que nos fazem viver a vida em uma outra dimensão.

Para isso não se pode amar com as sobras do que temos. As sobras são para os outros. O melhor de nós deve ir para quem amamos, sempre, sem reservas e sem medidas. Emoção, que não cabe no peito, acordar todo dia feliz, ir dormir feliz e se triste for o dia, ainda sim o amor pelo outro deverá proporcionar alegria. É assim que o amor tem que ser. Senão, está sendo vivido de forma errada, inadequada.

Se não é possível entregar 100% do que se sente a quem se ama, é melhor que não perdure. A vida quedará triste, amofinada, jogada em um canto como um cão que espera por sobras, que se satisfaz com o que ficou no prato, no canto dele e que iria para o lixo. Se amamos alguém é isso que a pessoa merece? O que iria para o lixo por estarmos fartos? Ou merece a pessoa fartar-se ela com o nosso melhor para que nos retribua na justa medida de forma alegre e desabrida? A resposta parece obvia, mas nem sempre esta a nossa vista pois a vida pode ser completamente turvada com sentimentos que nada tem a ver com o amor, com pessoas que nada agregam a relação. Ao contrário, atrapalham.

Se é amor é blindado. Tem que ser e enquanto ele existe, sempre é tempo de se construir tal blindagem. Sempre é tempo de erguer um muro intransponível entre o casal e o mundo lá fora. Um portão que será aberto apenas quando ambos concordarem, e que para isso necessita de uma chave que é composta de duas partes, a chave chamada cumplicidade. Se a cumplicidade esta no seio do casal, nada nem ninguém, os detém ou mesmo divide. Nada que se diga, nada que faça, nada que se sugira será forte o suficiente para entre eles estar e plantar a discórdia ou o desamor.

O amor é feito de gesto inteiros, de palavras inteiras, de abraços inteiros, carinhos inteiros, nunca nada pode ser pela metade, nunca nada pode ser o que sobra.  Na frente sempre quem se ama, na frente apenas quem nos faz feliz e se sobrar para as outras pessoas, sejam elas quem sejam. O amor foi feito para ser vivido a dois e nada além disso. É feliz quem consegue viver assim, sem a necessidade de agentes externos para completar o que não precisa ser complementado. A vida nos cobrará, caso o amor seja vivido de outra forma. A tristeza, a angústia a desilusão, tudo isso se tornará companhia constante para quem não consegue viver o amor na plenitude e dimensão que ele pede e a vida que é uma só, será assim desperdiçada.

Tenho aprendido ao longo de minha vida que sem amor ninguém se vive. Que ao contrário do que o magistral Crioulo canta, existe sim amor em SP, em MG, RJ ou qualquer outra cidade do mundo desde que duas pessoas decidam viver de forma harmoniosa e com o seu sentimento sendo exclusivo um do outro. Não é fácil, seria patético dizer que o é. Mas é possível. Seria cruel dizer que não o é.

O amor para acontecer, florescer e vivificar precisa de cuidado,. Diário. Precisa de afetos, de dizeres, de gestos tão sutis quanto únicos. Precisa de respeito, contrição e renúncia. O amor, para existir, precisa ser inteiro, não feito de sobras. Ele não admite e não tolera  que seja de outra forma que a forma da entrega total. Quem não entende isso, não pode amar. Tenho aprendido isso a cada dia. E talvez este aprendizado salve a minha vida.

É isso.

Ouvindo: Alessandra Samadello

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Ser pai da Rafa


 É dor e delicia. Não troco minha filha por 50 filhas certinhas. Quero no entanto que ela seja certinha. Não abro mão de ouvir suas certezas tão definitivas, tipicas de quem tem 14 anos. Me orgulho de seu jeito combativo, sua clareza ao expor suas idéias e sua força para defender seus ideais. É uma alegria sem tamanho ter uma filha que tem ideais diga-se de passagem. Orgulho, orgulho, orgulho.

Ser pai de menina já é em si uma experiência única, uma experiência que excede o entendimento. Meninas são tão mais interessante que meninos, tão mais argutas, mais prontas para o entendimento que não consigo me imaginar sendo pai de menino. Meninos são, é claro, bem legais também e tem seus pontos positivos. Mas prefiro o "legal" das meninas e em especial o legal da Rafa.

Aprendo com ela e isso é o máximo. Ela tem visão, capacidade de processamento das informações que obtém e embora cometa os erros comuns as meninas de 14 anos, consegue percebe-los e ao menos tentar trabalha-los.  Por mais que me acuse de dar "sermões", sei que me ouve, o que já é maravilhoso, pois ser ouvido é tudo que um pai quer. Claro que ela meio que ouve do jeito dela, filtrando as palavras para ficar só com o conveniente, mas ainda sim, ouve.

Eu me preparei para ser pai de menina, para ser pai da Rafa. Nunca imaginei que teria um Rafael, (que seria Bruno), por exemplo. Sempre soube que seria a Rafa (que quase foi Beatriz), sempre estudei o comportamento das meninas, sempre preparei a linguagem e o discurso para te-la perto de mim. 

Claro que me orgulho também por ter como filha uma xerox emocional de mim mesmo. Igualzinha. Mas muito mais inteligente do que eu era na sua idade. Uma poeta, uma menina com pendores de fotógrafa profissional, não pelo conhecimento técnico, mas pela sensibilidade em entender o que é e para que serve uma simples fotografia, por mais Polaroid que seja.

Sofro quando ela sofre, me alegro mesmo estando triste se ela esta feliz. Planejo seu futuro sabendo que são planos meio inúteis, afinal ela mesmo definirá na hora certa o que quer e o que busca, mas sei que levará minhas orientações a sério.

Hoje, ao deixa-la na escola, pois a preguiça a impede de andar, percebi enquanto ela levava sua figura alta escola a dentro, o quanto a amo. Um amor que independe de retribuição, independe de motivo, independe de porques. Apenas a amo. E amarei para sempre e sempre e sempre.

Ela nem gosta de me abraçar mais, ao contrário de quando era menininha. E não percebe que será sempre minha menininha. Sempre, por mais alta e linda que esteja, ela será a minha menina e se um dia em der netos, ainda sim será mãe de seus filhos e minha filha. Uma felicidade que não cabe no peito, um sentimento de orgulho por ter feito algo tão sublime em uma vida tão pouco interessante como a minha.

Agradeço a Deus por minha vida, as agradeço muito mais por ter podido ter uma filha como minha Rafa. Um orgulho, uma alegria, um bem querer, minha Orquídea mais rara, meu raio de Sol, meu tudo, minha eterna filha amada e amada e amada. Por quem eu choro, seja de alegria, seja em momentos triste, por quem eu daria minha vida sem exitar um instante sequer, o ser que me fez entender o amor de Deus, o ser que me faz tentar ao menos ser melhor dia a dia.

Ser pai da Rafa é um privilégio que só eu tenho e por este motivo agradeço todos os dias.

É isso.

Ouvindo: Heritage Singers

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

"Eu que te amo tanto" mas poderia chamar: "Eu que te aborreço tanto"


Mariana Ximenes é evidente, nunca foi uma atriz no sentido estrito da palavra, isso é um, fato. Rostinho bonito, corpo sedutor, Mariana no máximo tinha lampejos de alguém que poderia ter sido, quase uma Lindsey Lohan só que mais bonita e um tantinho só mais talentosa, o que no frigir dos ovos, não é lá grande coisa.

Claro que há de se admirar sua coragem em  atuar sob a direção de uma não diretora, Amora Mautner, que de direção mesmo deve entender apenas quando se trata de um automóvel, caso seja habilitada para tanto. Suas obras, sejam novelas, sejam qualquer outra coisa, carecem de personalidade, de um toque pessoal que qualquer diretor por pior que seja deve ter e ela, não tem.  No entanto, não sei se devo categorizar o ato de Mariana como corajoso ou subserviente, afinal é a Globo chamando e que não ator, jogaria fora a oportunidade de aparecer no Fantástico, por mais decadente e sem conteúdo que o programa global esteja.

"Eu que te amo tanto" é baseado nos depoimentos que a sempre ótima Marilia Gabriela recolheu e transformou em livro e que desafortunadamente a maquina da globo resolveu destruir ao entregar para a adaptação rasa e sem tempo hábil enxertada no Fantástico algo que mereceria uma mini série ao estilo "Carandiru, outras histórias", não poucos minutos de suplício como foi apresentado ontem.

Posto que o texto é ótimo a adaptação é horrível e a direção uma vergonha, sobraria a Mariana Ximenes e a Marcio Garcia, (deste ser, nunca tive qualquer esperança de ver algo que preste), tentarem salvar o quadro, mas foi ai que Mariana se desconstruiu.

Porque o que era apenas uma atriz sem sal virou uma não atriz, incapaz  de qualquer lampejo  que seja de uma atuação digna. Usar o recurso da maquiagem mínima como forma de tentar dar uma dimensão mais humana e real a personagem falhou fragorosamente ante a total incompetência tanto como narradora ( a narração é um capítulo a parte em sua incompetência, de gritar de ruim), e principalmente como atriz. Uma atuação tão fora de esquadro que era difícil para mim ontem sequer continuar assistindo até o fim após dois minutos apenas de sua miserável presença em cena. Talvez a pior atuação que já vi em minha vida e se levarmos em conta que sou Brasileiro e os atores aqui tirante poucos que podem se equiparar aos melhores do mundo são todos um lixo, é certo que Mariana teve que se esforçar para conseguir ser a pior.

"Eu que te amo tanto" prometia ser algo novo, um sopro de revitalização na combalida grade de atrações do Fantástico. Conseguiu ser apenas um arremedo muito mal ajambrado de algo que talvez pudesse ter sido bom mas foi pateticamente mal concebido e executado. Uma pena.

É isso.

Ouvindo: Arcade Fire