terça-feira, 16 de agosto de 2016

Colegas - O Filme



Quando foi lançado a um tempinho atrás, Colegas - O Filme, não me animou a sair de casa e me dirigir ao cinema. Me arrependo amargamente. Deveria ter tido a experiência fantástica de ver Colegas na telona e não na telinha do meu notebook.

Absolutamente tudo em Colegas, funciona. Da trilha sonora fantástica que pinça as melhores canções de Raul Seixas ( aqui, se não é uma referência diretamente a I Am Sam de Jessie Nelson, com Sean Penn  quebrando tudo, é no mínimo uma clara inspiração no filme citado que  teve em sua trilha sonora, apenas musicas dos Beatles) até  a narração soberba de Lima Duarte que embora muitas vezes tente explicar o filme, em nada  o atrapalha, antes o abrilhanta.

Colegas, é uma fábula, mas são tantas referências cinematográficas, de Silvester Stallone  a  Psicose e seu Bates Motel, que não ter um razoável conhecimento sobre o cinema talvez prejudique o entendimento de algumas cenas ou no minimo faça com que algumas delas fiquem no vácuo. Embora isso não estrague a beleza ou compreensão total do filme, ter tais referências é sinal de que ao menos você não vê só filmes debiloides como Esquadrão Suicida.

A maior característica de Colegas é ser antes de mais nada embebido em um fino lirismo quer faz com que cada cena seja degustada como um biscoito fino, e mesmo que o filme tente se situar em uma época ao menos cinco ou seis décadas atrás e apresente em cena objetos atuais, isso não depõe de forma alguma contra o filme, faz apenas com que a magia se amplie.

As atuações de Ariel, Rita e Breno, todos eles com Síndrome de Down  (embora estejam anos luz a frente da maioria dos atores brasileiros ditos "normais") é primorosa e leva o filme a um patamar ainda mais alto. Interessante notar que o fato de eles terem Down  já foi esquecido depois de no máximo 20 minutos de filme, pois interessa muito mais a história que eles estão vivendo e vai sendo desenrolada  com brilhantismo que o fato de os atores serem "especiais".

No fim das contas, Colegas é um dos poucos filmes brasileiros ao qual se pode colocar o rótulo de Sublime.

É isso.

Ouvindo: Ruffus Wainwrigth

sábado, 13 de agosto de 2016

Amanhã é dia dos pais. Alguém viu o meu por ai?


A cada ano eu me convenço mais que ficar gritando que os dias dos pais é algo apenas comercial, feito pra aquecer as vendas e fazer a alegria de associações comerciais é inútil para mim. Tenho 43 anos e sei que nunca, nunca vou me recompor da terrível tragédia de não ter um pai por perto. é impressionante como isso faz falta para mim.

Não ter a aprovação de quem me gerou as vezes me leva as rais da loucura. Vou me perguntar a´te o fim da vida se meu pai gostaria de mim. Ninguém gosta, é bem verdade, mas será que ele gostaria? Será que meu pai teria a grandeza de me enxergar como ninguém mais enxerga? Será que ele me entenderia, me daria um abraço quando as coisas estivessem feias para o meu lado?

Ainda que nada disso acontecesse e ele fosse todo censura, ainda sim, seria meu pai me censurando, o que seria completamente diferente de ser censurado por pessoas que nem meu bem querem verdadeiramente. Não ter pai é uma desgraça irreparável em minha vida. Nada vai mudar isso, não importa o quanto eu tente me convencer que isso é bobagem, que sou um homem maduro que não preciso de alguém que não me quis desde o início de minha vida. Bom, eu preciso. Mas não terei. Isso é para mim é o horror, o horror!

Cada pensamento, cada respiração, cada abrir e fechar de olhos, cada movimento seja voluntário, seja involuntário de meu corpo acabam redundando na mesma pergunta: Por que meu pai não me quis? Por que não gostou de mim? é por este motivo que mais ninguém gosta? Será que tenho um selo de procedência na testa invisível para mim mas visível para todos os demais? Nasci malhado? Vai saber?

Todo dia dos pais para mim sempre é o pior dia do ano. Todo. Se amanhã eu por ventura vender todas as coberturas do prédio que estou comercializando para mim não haverá alegria nisso. Se eu pudesse, dormiria hoje a noite e só acordaria na Segunda Feira. Não consigo entender as pessoas que tem pai e não se dão bem com ele, não sentem afeição, amor, pela figura paterna. Ok, existem certos tipos de pai que não merecem mesmo amor, mas são, eu sei a minoria.

Desde de ontem me sinto amuado, chateado mesmo. Vai passar, porque não posso me permitir ser triste. Mas a ausência paterna, machuca, magoa, acaba comigo. Tudo bem, não sou lá grande coisa, não sou coisa nenhuma na verdade, mas é doido e ao menos a dor, eu tenho direito de sentir.

A vida não é justa em muitos momentos. Sinto que comigo ela não é justa por mais vezes que o aceitável. Mas e dai? Ela segue  né? E sempre vai seguir.

É isso.

Ouvindo: Christina Perri

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Pokemon Go, Irmã Sofia e a banalidade escondida no assunto.


Canta a notória cantora Cristã Angolana Irmã Sofia: " O mundo viro de pés pra cima, o mundo virou de patas para o ar. Cuidado, cuidado povo de Deus, é uma armadilha de Satanás". Não, ela não fala sobre o famigerado jogo Pokemon Go, que nem existia na época que a canção foi composta. Fala sobre homens e mulheres que se vestem conforme a moda vigente, são adúlteros, seguem o mundo através de uma vida dissoluta entre outros assuntos pertinentes a vida cristã em geral. No entanto, se Pokemon Go fosse a coqueluche (uia!) do momento, certamente a música reservaria alguns versos para falar sobre ele.

Pokemon Go, até quem esta em Marte sabe, é a febre do momento no Brasil e no mundo. Como quase tudo que mesmeriza multidões é uma bosta de jogo, embora te ponha para andar e fazer exercícios ainda que de forma indireta. Há relatos também de autistas que movidos pelo jogo começaram a sair do estado mais severo da doença e começaram a se sociabilizar ainda que em níveis insipientes.

Acontece que a crentaida não só do meu Brasil, mas do mundo, resolveu demonizar o tal jogo. Na verdade, o jogo é simplesmente ruim, enfadonho, nada mais do que isso. Mas tem quem goste. E quem gosta, tem todo direito de gostar e não pode ficar sendo taxada de zumbi, servos do Demo ou coisas do gênero. Tem gente que gosta de Pokemon Go e tem gente que gosta de assistir as novelas "cristãs" da Record. Na boa, o nível de perda de tempo é quase o mesmo, mas e dai? Ninguém, é melhor ou pior por gostar de um ou de outro. Simples assim.

Temos, nós Cristãos o péssimo álbum de demonizar a tudo. Indiscriminadamente dizemos que  tudo o que não gostamos é do capiroto. Seja música, seja uma roupa, seja jogos  de celular, seja o que for, enfim, tratamos como demoníaco caso não esteja nos conformes não de Cristo, o fundador do Cristianismo, mas de nós, seus seguidores que desvirtuamos toda a sua mensagem para adapta-la as nossas próprias conveniências transformando assim a mais bela mensagem jamais produzida em algo repulsivo, enojante e que afasta qualquer um que pense do cerne do Cristianismo.

Não creio que o que não gostamos e não nos serve deva ser categorizado como do mal. Não creio também que Pokemon Go é um jogo que vai trazer algo de bom para a humanidade, sendo na minha visão apenas mais uma entre tantas modas passageiras e inofensivas. Relatos de mortes ligadas ao jogo me fazem rir, pois se alguém morre por uma desatenção ou por ser assaltado e morto quando "caçava" pokemons, isto me parece muito mais uma fatalidade do que qualquer outra coisa. Pessoas caem por acidente e morrem em vias de metrô, em escadas, sejam rolantes ou fixas, atropeladas, enfim, de diversas formas e não usamos do artifício de imputar essas tragédias pessoais na conta de Satã, que afinal já ta ferrado mesmo por todas as merdas que fez.

E vamos ser sinceros, o grau de hipocrisia contida nas falas contra Pokemon Go é tão nauseante como o próprio jogo em si. Que cada um faça o que achar que deve fazer e que não misturemos um jogo trivial, banal mesmo, com a desvirtuação da mensagem do evangelho para os dias finais. Uma coisa não tem nada ver com a outra e tentar linca-las é antes de mais nada, desonestidade intelectual da brava.

É isso.

Ouvindo: Irmã Sofia


sábado, 6 de agosto de 2016

Brasil, luzes, cores, contrastes


Bastou Paulinho da Viola cantar o Hino Nacional para que uma das músicas mais chatas e enfadonhas da história da humanidade virasse algo belo de se ouvir. Bastou Anita adentrar ao palco de sua apresentação para toda a vergonha alheia aflorasse me lembrando que nosso país talvez não tenha mais jeito mesmo.

Luzes, cores, fogos, coreografias impecáveis, um estádio lotado de pessoas de boa vontade saudando a abertura dos Jogos Olímpicos. Em um pequeno espaço deste mesmo estádio reservado as "autoridades" políticos notórios por sua corrupção se abraçavam e festejavam seu convescote particular a custa de dinheiro público.

Gisele desfilando, Garota de Ipanema revisitada em todo o esplendor possível, levando ao mundo todo a beleza da mulher brasileira. Lá fora porém na passarela do dia a dia carioca e brasileiro, milhares, milhões de mulheres ainda apanham de seus maridos e tanto a polícia quanto a sociedade se calam ante este grotesco espetáculo que dia após dia se repete ante nossos anestesiados olhos.

Tomamos posse do título de "centro das atenções do mundo civilizado" durante o tempo que durarem estes jogos e ao mesmo tempo não conseguimos explicar até agora este mal explicado Impeachment de uma presidente que se errou, errou exatamente nas mesmas proporções do seu até aqui sucessor.

Luzes que ao se apagar revelarão um país doente e sem um bom caminho aparente. Cores que se esmaecerão nas brumas de  um cinza acachapante assim que o último atleta embarcar de volta para seu país de destino. Contrastes que revelados aos turistas que com um um olhar apenas um pouco mais realista verão que nosso país jamais deveria ter se metido a sediar as olimpíadas por pura falta de capacidade para tal.

Brasil país que amo, loucamente amo. Brasil, tão vilipendiado por seus governantes que não estão nem ai para ele e querem apenas se apossar do maior quinhão possível de recompensas indevidas por seus malfeitos. Brasil, que sonha em ser uma potência olímpica e logo depois acorda para ver que não é nem potência, nem olímpica nem de nada pois é apenas um gigante eternamente adormecido.

Luzes, cores e contrastes fizeram da abertura das olimpíadas no Brasil, apoteótica. A realidade no entanto é indigente e continuará sendo por muito, muito tempo. Uma lástima.

É isso.

Ouvindo: João Alexandre

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Antiteses


Para cada  pequena lágrima, um sorriso imenso.
Para cada feiura, uma beleza incontida.
Para cada dor, um amor e para cada amor, uma certeza que é eterno ao menos enquanto durar.
Para cada botão, uma flor e para cada pétala que dela cair, outro botão que surge.

Para cada contrariedade, uma sabedoria, para cada problema, uma resolução.
Para cada instante, uma eternidade, para cada eternidade uma parceria pois ser eterno só, não é delicia, é dor.
Para cada pingo de chuva, um raio de Sol, e para cada Sol, um sistema planetário completo.
Para cada beco, uma saída. para cada saída uma felicidade escondida por de trás.

Para cada suplício, um alívio. Que este alívio  traga a paz que dure até a próxima sevícia. porque sempre haverá a próxima.
Para cada dia que se vai, um novo que surge. Para cada ressurgimento, uma nova oportunidade.
Para cada perda, um achado, e que se ache sempre algo melhor.
Para cada pergunta, uma resposta. Para cada nova resposta que derive outra indagação. E que seja sempre assim. Que não haja satisfação com respostas curtas e definitivas.

Para cada tormenta, uma calmaria. E que ela, a calmaria, seja muito mais longa que a tormenta que se foi.
Para cada aflição, um lenitivo, para cada medo a coragem que se faz necessária para enfrenta-lo.
Para cada sensação de vazio, um rápido preenchimento. E que sentir-se preenchido, pleno, seja rotina.
Para cada silêncio, muito barulho em troca e quando o barulho for insuportável, que o silêncio volte e reine pleno.

Para cada desilusão, novas ilusões muitas delas e que elas sejam tornadas em realidades lindas e floridas.
Para cada queda, um rápido levantar-se e ao se levantar, que se corra cada vez mais rápido.
Para tudo que é ruim, tudo de bom o dobro de vezes.
Para o desamor, mais amor, por favor. E CADA VEZ MAIS AMOR.

E para cada medíocre que se acha escritor como eu, que nasçam apenas hoje mais 100 futuros gênios literários.

É isso.

Ouvindo: POG

quarta-feira, 27 de julho de 2016

Estou cagando para a as Olimpíadas


Na boa, quem leva a sério esse lance de Olimpíadas no Brasil? Do momento em que foi anunciado que esta patacoada aconteceria aqui, qualquer brasileiro não retardado mental sabia que o que se veria seria um festival de obras inacabadas e superfaturadas, políticos se promovendo a custa do evento e enriquecendo (ainda mais) por conta de obras suspeitas tocadas de forma escusa. Tudo isso aconteceu, e agora a poucos dias da abertura oficial dos jogos estamos passando vergonha (mais uma vez) para o mundo ver.

É evidente que toda esta bandalha não incomoda em nada aos governantes do país e em especial aos administradores públicos da cidade do Rio de Janeiro. O prefeito carioca é uma peça de ficção de tão sem noção e acha que negar tudo sempre é a melhor alternativa, embora suas negativas de que as coisas estão erradas, muito erradas causem nada mais que risos em quem as escuta. O governador do Estado do Rio de Janeiro segue a mesma linha e a vida segue o seu curso natural aqui em Terras Brasilis que é o do quanto pior, melhor,

Uma Olimpíadas com vários desfalques, com nomes de peso se recusando a comparecer já seria por si só, desastrosa, mas a coisa fica ainda pior quando a infra estrutura oferecida aos atletas é risível, de qualidade questionável, com furos gritantes e  nada que se possa fazer para arruma-los a tempo. Modalidades terão resultados comprometidos por conta da infra estrutura tatibitate implantada para receber a elite do esporte mundial e para nós brasileiros, está tudo bem,

A segurança é uma capítulo a parte neste show de horror que se torna ainda antes de começar as Olimpíadas brasileiras. Aeroportos despreparados para barrar terroristas e suas armas são só a ponta do iceberg. A força policial brasileira além de mal preparada é mal equipada também. Agentes de segurança mal  alojados, que não falam inglês e alguns que se comportam como personagens dos filmes "Loucademia de Polícia" tornam a segurança dos jogos um quesito ao qual se deve temer e tremer.

Por tudo isso e muito mais estou cagando para os jogos Olímpicos. Se fossem cancelados amanhã eu soltaria rojões de felicidade. Não vão nos ajudar em nada, não deixarão legado algum, apenas um rastro de destruição e dilapidação da coisa pública que demorará anos e anos para ser desfeito.

Olimpíadas, Vão comer tomate crú!!!!

É isso.

Ouvindo:My Way com Frank "The Voice" Sinatra



domingo, 24 de julho de 2016

Maria Callas é o meu refúgio


Não existe, nunca existiu e creio que jamais existirá, uma voz como a de Maria Callas. Já falei dela aqui algumas vezes. Para mim Maria Callas é uma amostra, ainda que muito pálida, do que poderia ter sido o ser humano se não tivesse caído.

Em momentos de tristeza, ou de raiva, ou de qualquer outra alteração de humor, é em Maria que me refugio.  A beleza contida em suas interpretações, a força que embala a suavidade de seu timbre, o poder de emocionar apenas abrindo a boca e cantando, tudo isso me faz admira-la de forma profunda e definitiva.

Eu sei que existe Montserrat Caballé, Jessye Normam e tantas outras interpretes, mas quantas delas, ou qual delas melhor dizendo tem  a entrega que Maria tinha? Maria não cantava, ela se entregava. Nos minutos que duravam suas interpretações, Maria não era Maria, era "a voz", o sentimento, a verdade em forma de música.

E é fato que a música pode prescindir até mesmo de uma bela voz, mas jamais poderá abrir mão da verdade. é a verdade contida em cada nota que define quem é quem quando o assunto é música. Maria tinha esta verdade impregnada em suas interpretações. Não havia concessões, não havia possibilidade de ouvi-la e afirmar que ela havia faltado com a verdade.

Me refugio em Maria porque vivo em um mundo cínico, mentiroso, que não tem qualquer sombra de verdade nas relações humanas. Chegamos a tal ponto em que ter idéias próprias e defende-las é algo mal visto. Ligar para uma pessoa é quase um crime que se comete contra ela, uma vez que existe o "whats" para se comunicar. A verdade é o que se vê nas fotos do facebook, nada acontece fora dele, ou nada que realmente importe para quem "posta". Viver uma vida real, sem disfarces, sem falsidades, sem pequenas mentiras para enfeitar o currículo é algo impensável.

Por questões como essas, me refugio em Maria e seu canto. Sua voz perfeita, importa menos que sua obsessão pela verdade,  Suas interpretações nunca são menos que viscerais, e por este motivo magníficas. São meu porto seguro, são a prova de que a beleza e a verdade ainda existem e não falo da beleza física ou como elemento meramente estético. Falo do belo como conceito mais amplo, o belo que nos impulsiona a ser melhor, não a uma admiração vazia ou um exercício inútil de buscar um conceito estético.

Em Maria Callas, encontro  a paz e isso me basta.

É isso.

Ouvindo: Maria Callas